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Crítica | Um Espião e Meio


É muito raro encontrar comédias que possuam ambições narrativas e cinematográficas que vão além de provocar o riso fácil. Entretanto, muitas das comédias compensam sua falta de inventividade com o carisma e o talento de seus intérpretes. Um Espião e Meio é um exemplo clássico desse tipo de filme, que só não é um exemplar cômico constrangedor por causa da parceria afiada de Dwayne Johnson e Kevin Hart.

Durante os tempos de escola, Calvin “Foguete Dourado” Joyner era um aluno popular, chegando a ser eleito por seus colegas como O Aluno Mais Promissor de seu ano. Hoje em dia, apesar de ter casado com Maggie (Danielle Nicolet), sua namorada do colegial, Calvin é um contador frustrado com a carreira e com praticamente tudo ao seu redor. Contudo, sua vida vira ao avesso quando aceita o convite de um velho conhecido da escola para ser seu amigo no Facebook. O conhecido em questão é Bob Stone (Dwayne Johnson), um gigante musculoso que foi vítima de bullying por ter sido gordo no passado e que procura Calvin por causa de suas habilidades como contador. Ao ter contato com uma lista de contas criptografadas, Calvin é interrogado por agentes da CIA e acaba descobrindo que Stone é um espião da agência. Com isso, uma improvável parceria nasce entre os dois à medida que precisam enfrentar os perigos da espionagem internacional juntos.

Mais conhecido por ter dirigido o bom A Família do Bagulho, o diretor Rawson Marshall Thurber (que co-escreveu o roteiro deste filme com Ike Barinholtz e David Stassen) dirige Um Espião e Meio de maneira desleixada e sem rigor, conferindo alguma energia ao filme somente nas sequências de ação. As piadas acabam soando bem óbvias, com excessivos exageros à citações cinematográficas (desde Gatinhas e Gatões até Os Bons Companheiros), e a história avança de forma previsível. Em nenhum momento somos surpreendidos pelas situações apresentadas e com as reviravoltas que surgem no meio da trama.

Todavia, Um Espião e Meio só não sucumbe por causa de Dwayne Johnson e Kevin Hart. Os dois atores têm uma química em cena que compensa todo e qualquer descuido de realização. Johnson foge do típico herói de ação durão para desenvolver um personagem sensível à sua maneira (difícil não rir ao vê-lo vestindo uma camiseta com estampa de unicórnios), dotado de habilidades que intimidariam Jason Bourne, mas que murcha quando está diante de seu antigo bully da escola (numa ponta divertida de Jason Bateman). É evidente o quanto Johnson está descontraído e se divertindo no papel de Bob Stone. Por sua vez, Kevin Hart exibe os maneirismos pelos quais é conhecido (a voz aguda e a cadência de fala acelerada), porém aqui se encontra mais contido do que de costume devido à seriedade e frustração de seu personagem. Destaque também para as participações de Amy Ryan, que consegue criar uma personagem ambígua em pouco tempo de tela, e Aaron Paul, que arranca uma risada alta graças a um bordão conhecido por quem é fã de Breaking Bad.

Dependendo da força de seus dois protagonistas para funcionar, Um Espião e Meio é uma comédia de ação que seria ainda melhor se houvesse mais interesse por parte dos realizadores. Dwayne Johnson e Kevin Hart são intérpretes de muito talento, e é lamentável vê-los fazendo milagres com um material tão mediano. Eles merecem coisa melhor.

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