Crítica | Independence Day: O Ressurgimento
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Não é de hoje que Roland Emmerich
parece ter fascínio por destruir o mundo. Consolidando essa tendência como
marca de seu trabalho, o diretor procurou apresentar diversas formas de
destruição global em filmes como Independence Day, Godzilla, O Dia Depois de
Amanhã e 2012. Dando continuidade ao seu desejo de aniquilar e a um de seus
maiores sucessos, chega aos cinemas Independence Day: O Ressurgimento, que une
uma nova geração de personagens às figuras que já conhecemos, porém com
resultados razoáveis.
Vinte anos após a vitória dos
humanos sobre os invasores alienígenas, a Terra se aproveitou da tecnologia de
seus algozes para se aparelhar e modernizar. O material bélico ficou mais
avançado, os transportes estão mais rápidos, o cenário ao qual somos
apresentados neste filme difere bastante do original. Muitos desses avanços são
resultantes da liderança do presidente Thomas Whitmore (Bill Pullman), que
evidentemente carrega sequelas psicológicas do contato com os extraterrestres e
vem manifestando suas paranoias em forma de desenhos que representam uma
obscura visão. Whitmore é atentamente cuidado pela filha Patricia (Maika
Monroe), uma militar que hoje trabalha ao lado da atual presidente Lanford
(Sela Ward) para que possa estar perto do pai.
Patricia é noiva do tenente Jake
Morrison (Liam Hemsworth), um piloto que foi rebaixado devido à sua conduta
agressiva em serviço. Jake mantém um laço de cumplicidade e fidelidade com seu
colega Charlie (Travis Tope), ao mesmo tempo em que possui um relacionamento
conturbado com Dylan Hiller (Jessie Usher), amigo de infância de Patricia cujo
heroísmo e senso de dever foi herdado do falecido pai (personagem de Will Smith
no primeiro filme). Ao cruzar caminho com David Levinson (Jeff Goldblum) e sua
assistente, Catherine Marceaux (Charlotte Gainsbourg), Jake e Charlie precisam
auxiliá-los a verificar uma possível ameaça alienígena que se aproxima do
planeta. Logo, eles descobrem que o perigo é maior do que o que foi enfrentado
antes e que talvez não seja possível combater o inimigo.
Com um roteiro escrito a dez mãos
(Emmerich; Dean Devlin, que também escreveu o antecessor; James A. Woods;
Nicolas Wright e James Vanderbilt), Independence Day: O Ressurgimento merece
elogios por não querer iniciar de uma vez a ação e a explosão de coisas na cara
do público, dedicando boa parte do início para a introdução dos personagens. E Roland
Emmerich conduz com segurança as cenas de combate e as sequências de destruição,
que, graças aos avanços tecnológicos dos últimos vinte anos, conseguem ser tão
empolgantes e melhores que as do primeiro filme. Outro ponto digno de nota é o
divertido subplot romântico envolvendo o Dr. Okun, interpretado por Brent Spiner,
que desperta de cara a empatia do público e faz com que nos importemos com os
possíveis destinos dos personagens.
Por outro lado, a subtrama
romântica entre Charlie e Rain Lao (Angelababy) não acrescenta em nada para
mover a trama e não cativa em nenhum aspecto. Além disso, uma vez que a ameaça
se apresenta e se estabelece, o filme parece apressado em partir para os embates
entre humanos e alienígenas, não se importando muito com o desenvolvimento de
seus personagens ou em como o conflito afeta suas vidas (algo que era muito
forte e presente no filme original). E a maior falha de Independence Day: O
Ressurgimento está justamente na falta de ambição em trazer inovações
narrativas que o diferenciem do primeiro filme. Em termos de estrutura, parece
que estamos assistindo ao mesmo filme de 1996, só que com cenário diferente e
alguns novos personagens.
O longa traz jovens protagonistas
como Liam Hemsworth, Maika Monroe, Jessie Usher e Travis Tope, no entanto a
verdadeira força dramática está nos atores do filme original: Jeff
Goldblum, Bill Pullman, Brent Spiner e Judd Hirsch, que retorna no papel do pai
de David, Julius Levinson. Goldblum retoma a intrepidez de David como se jamais
tivesse saído do personagem, mas a força deste seu personagem revela-se um
problema por ofuscar Charlotte Gainsbourg, que é praticamente relegada ao papel
de interesse romântico dele. Pullman explora bem o lado traumatizado de seu
personagem, bem como as suas paranoias decorrentes de visões perturbadoras.
Spiner utiliza de forma competente o subplot que lhe é dado e acaba sendo
responsável por alguns dos momentos mais divertidos e cativantes de todo o
filme. Hirsch é eficiente ao proporcionar momentos de respiro na ação do filme
e tem a oportunidade de exibir algum heroísmo durante a narrativa.
Ademais, ainda que não seja um
excelente filme e não apresente nenhuma inovação em relação ao seu antecessor,
Independence Day: O Ressurgimento é um longa que consegue entregar o que se
dispõe a entregar ao público: entretenimento. O final abre espaço para
uma possível continuação, resta saber se o resultado das bilheterias será o
suficiente para convencer a Fox de tal empreitada.