Fica a Dica | Filme: Ele Está de Volta
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“Você nunca se perguntou por que as pessoas me seguem? Porque, no
fundo, elas são como eu. Têm os mesmos princípios.” Adolf Hitler
A frase acima carrega não só uma
verdade absoluta sobre as escolhas que fazemos no campo político, mas também
sintetiza a mensagem que o filme Ele Está de Volta quer passar para uma plateia
aparentemente fisgada por discursos de ódio. Comédia alemã disponível na
Netflix, o filme trabalha através de uma simples premissa: o que aconteceria se
Adolf Hitler não tivesse morrido e reaparecesse, do nada, setenta anos depois?
Após permanecer adormecido em seu
bunker por muito tempo, Hitler (Oliver Masucci) ressurge e desperta a
curiosidade dos transeuntes que ficam, a princípio, espantados com seu uniforme
nazista. Logo, o espanto é substituído pelo deboche e as pessoas riem e tiram
selfies com o suposto Führer. Abordado por Fabian (Fabian Busch), sem perceber
que se trata do verdadeiro ditador nazista, Hitler é levado para uma grande
emissora de televisão local, onde é recebido como um comediante stand up e vira
uma sensação midiática. Os dirigentes da emissora e o próprio Fabian começam a notar que o “ator” não sai de seu personagem, levando-os a se
questionarem se o homem diante deles é de fato Hitler ou não.
Dirigido pelo cineasta David
Wnendt, o filme ora adota uma abordagem convencional, ora se entrega a uma
estética documental que remete de cara a comédia Borat, estrelada por Sacha
Baron Cohen. Julgando pela capa, Ele Está de Volta parece uma ode ao ex-líder
da Alemanha nazista. No entanto, qualquer suspeita de apologia ao período ou ao
líder é logo apagada na medida em que a produção se revela uma contundente
crítica ao fascismo velado que se ergue em momentos de crise política e
econômica.
Há uma passagem no filme em que Hitler conversa com diversos populares acerca dos problemas atuais da Alemanha (curiosamente ou não, muitos deles tocam na questão da imigração) e começa a refletir a respeito da experiência: “O povo estava calado, mas com raiva. Frustrado com as condições de vida, assim como em 1930. Mas na época não existia um termo ideal para isso: analfabetismo político. (...) Bastou jogar algumas palavras-chave para as pessoas, que logo elas caíram na minha rede”. Nesse momento vemos o quão fácil é se aproveitar das pessoas através da revolta e do ódio muitas vezes reprimido. Se no discurso estiverem inclusos termos como “pátria”, “moral”, “bons costumes”, “Deus”, será impossível não atrair adeptos num piscar de olhos.
Há uma passagem no filme em que Hitler conversa com diversos populares acerca dos problemas atuais da Alemanha (curiosamente ou não, muitos deles tocam na questão da imigração) e começa a refletir a respeito da experiência: “O povo estava calado, mas com raiva. Frustrado com as condições de vida, assim como em 1930. Mas na época não existia um termo ideal para isso: analfabetismo político. (...) Bastou jogar algumas palavras-chave para as pessoas, que logo elas caíram na minha rede”. Nesse momento vemos o quão fácil é se aproveitar das pessoas através da revolta e do ódio muitas vezes reprimido. Se no discurso estiverem inclusos termos como “pátria”, “moral”, “bons costumes”, “Deus”, será impossível não atrair adeptos num piscar de olhos.
Não só Hitler fez isso no início
do século XX, como vemos políticos que repetem essa retórica até hoje.
Políticos que, entre outras coisas, incitam na população europeia o ódio aos
imigrantes e que se aproveitam da democracia para homenagear torturadores no
parlamento, por exemplo. E como podemos constatar, com o advento das redes
sociais e os avanços tecnológicos dos últimos anos, nunca foi tão fácil
utilizar o ódio como instrumento de manobra política. Não à toa, o filme inclui
cenas nas quais Hitler se mostra maravilhado com o quanto a tecnologia avançou
nos anos em que esteve inerte.
Outras questões abordadas são a ganância da grande mídia, que abre espaço para “humoristas” que zombam de minorias com vista a ganhar cada vez mais audiência (mídia esta representada pela Sra. Bellini, interpretada pela atriz Katja Riemann) e a parcialidade de certas instituições públicas no cumprimento de suas respectivas atribuições, em especial às de segurança (reparem na cena em que a Sra. Bellini é interrogada por um oficial de justiça que adora o segmento de “humor” do suposto sósia de Hitler e ele ironiza a denúncia anônima de discurso de ódio que foi investigar: “Certamente a denúncia foi feita por algum esquerdista doido.”).
Outras questões abordadas são a ganância da grande mídia, que abre espaço para “humoristas” que zombam de minorias com vista a ganhar cada vez mais audiência (mídia esta representada pela Sra. Bellini, interpretada pela atriz Katja Riemann) e a parcialidade de certas instituições públicas no cumprimento de suas respectivas atribuições, em especial às de segurança (reparem na cena em que a Sra. Bellini é interrogada por um oficial de justiça que adora o segmento de “humor” do suposto sósia de Hitler e ele ironiza a denúncia anônima de discurso de ódio que foi investigar: “Certamente a denúncia foi feita por algum esquerdista doido.”).
Ele Está de Volta é um filme que
vem não só para entreter o público, mas que também serve como um alerta para
que estejamos atentos aos tipos de discursos e agendas que apoiamos. Pois
muitas vezes podemos estar equivocados, independente de que lado do espectro
político nós estamos. É só conferir o filme na Netflix. Espero que tenham
gostado e até a próxima dica!