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Review | Game of Thrones 6x01 - The Red Woman


O jogo e as mulheres.

A expressão era uma só quando pediam para definirem a nova temporada de Game of Thrones em entrevistas: girl power! E ao bem da verdade, nem ficamos esperando muito tempo para descobrir qual o real sentido da definição nos novos capítulos da trama. Dando um poderoso e sóbrio estofo dramático aos inúmeros cliffhangers da finale passada, este retorno não só reforça o espírito de independência que o show deve assumir a partir de agora, como acaba tornando tudo de original que vier pela frente em algo mais provocativo e desafiador. Afinal, não há mais material base para dupla de showrunners adaptar, a não ser uma chata trama envolvendo a família Greyjoy, que infelizmente deve voltar logo, logo.

Sendo assim, é com uma tensão emudecedora que a gente abraça a tentativa de fuga de Sansa e Theon, sem nem ao menos termos tempo para respirar. Não existem atropelos aqui, só consequências e redenção. Acho que por esses motivos eu acabei ficando com os olhos marejados ao ver a expressão de Brienne durante o juramento à sua nova senhora. Se Benioff e D.B. Weiss planejam um acerto de contas para o que restou dos Stark tendo essas duas mulheres como representantes máximas, teremos mais uma prova de que toda a trama de Game of Thrones foi desenhada pensando em encerramentos que se distanciem cada vez mais de maniqueísmos manjados.

E por fuga de uma dramaturgia maniqueísta, eu consigo colocar a figura dos Lannister aqui. Chega a ser assombrosa – para não dizer incômoda – a forma como Cersei e Jaime conseguiram o nosso apreço ao longo dos anos. Eu nunca pensei que daria para sentirmos pelo luto dos dois, porém a expressão de pesar que a leoa imprime ao perceber o destino de Myrcella traz um misto estranho de emoções. A gente sabe de todos os crimes hediondos do casal. A gente sabe que mais da metade das desgraças em Westeros são consequências diretas de tramoias dos Lannister, mas não dá para negar que entre Jaime e Cersei existe sentimento. Eu não torço pelos Lannister e eu sei que eles vão e devem pagar suas dívidas como bem lembra um dos lemas da sua casa, só que há um viés dramatúrgico inexplicável que me afasta do prazer em odiá-los. Era assim quando eu lia As Crônicas de Gelo e Fogo e é assim quando eu vejo a série.

Infelizmente para deixar um gosto amargo na primeira metade desse The Red Woman, temos o “aguardadíssimo” retorno de Dorme Dorne. Eu continuo não sabendo o que acontece ali que faz tudo parecer tão deslocado e sem qualquer brilho. Bocejei com toda a revolta das Serpentes de Areia e eu não poderia me importar menos com a morte de Doran Martell e seu herdeiro. Nessa pegada desajeitada, a caminhada de Tyrion e Varys por uma Meereen jogada às traças só serviu para presenciarmos um diálogo bobo sobre tudo o que a gente já está cansado de saber. Ou seja, nada de novo e nada que me faça correr atrás por referências.


O mundo pode até ter voltado os olhos para a continuação do atordoante gancho com Jon Snow na Muralha, só que quem fez os nossos queixos caírem mesmo foi a sacerdotisa vermelha. Que o rei corvo está morto todos nós agora temos certeza, só que a fé que Sor Davos tem em Melisandre e a nova e embasbacante demonstração dos seus poderes podem nos fazer repensar sobre o destino final do comandante da Patrulha da Noite. Tem algo sombrio se desenhando na fronteira norte de Westeros e finalmente veremos os tais horrores de Melisandre tomarem formas por lá.

Daenerys e Arya também ganham um pequeno espaço nesse retorno e na mesma toada de emponderamento feminino visto por todos os núcleos. Certo que é da Mãe dos Dragões uma das sequências mais fortes ao se mostrar impassível diante do khalasar de Khal Moro – sim, as piadas vão ser livres aqui –, mas enxergar a forma como Arya continua forte na sua jornada só fortalece a ideia de que teremos um sexto ano onde todas essas personagens mostrarão o que de melhor e maior construíram até aqui. Game of Thrones muitas vezes foi acusada de partir para um tom misógino desmedido, e se a série conseguir empalidecer as críticas do gênero (não que eu ache que ela precise), vou aplaudir de pé.

Num verdadeiro Tour de Force pelo que temos de mais grandioso na obra de David Benioff e D.B. Weiss, somos levados a acreditar em todo o potencial da série mais imponente da TV mundial. Você sempre faz falta e é sempre bem-vinda, Game of Thrones. De verdade.

P.S.: Margaery ainda está penando nas mãos da Septã Unella. Até quando, minha gente?!

P.S.2: Os amores de Daenerys numa jornada pelo Mar de Grama. Não espero muita coisa dos dois, mas vai que a gente é surpreendido, não é mesmo?

P.S.3: Ramsay vai continuar sangue nos olhos. Tenho até medo.

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