[Fica a Dica] HQ: Daytripper

Uma história sobre vida, morte e o encontro entre elas.

Os irmãos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon - primeiros brasileiros a ganharem o Prêmio Eisner de quadrinhos - nos trazem em Daytripper uma mistura de realidade e fantasia através de questões existenciais que já passaram pela cabeça de todos nós. Sem apelar para o pessimismo, a morte é abordada em uma série de episódios que constituem a vida de um homem.

Conheça Brás de Oliveira Domingos, filho de um escritor em busca do próprio sucesso na mesma profissão e um membro da elite brasileira. Somos apresentados à vida desse homem, de seu nascimento à velhice, sem amarras a uma ordem cronológica e sem nunca ter a certeza do que é real e do que é fantástico. Qualquer semelhança com o Brás Cubas de Machado de Assis não é mera coincidência.

Cada capítulo representa um momento da vida de Brás no qual ele pode estar feliz e casado, sozinho e perdido, criança e inocente, jovem e desbravador, velho e realizado, mas, de qualquer forma, morto.

A abordagem feita pelos cartunistas sobre a morte nunca é macabra, pelo contrário, acaba transmitindo ao leitor uma certa tranquilidade em relação a esse encontro inevitável. Tendo certeza do fim - nosso e de Brás -, o foco muda para o que acontece antes, ou seja, para a jornada. No final das contas sabemos que é isso o que realmente importa; o que fazemos e conquistamos durante a vida, pois tendo feito alguma coisa ou coisa alguma a senhora de preto virá.

Fica um pouco complicado continuar falando da história sem revelar spoilers. Sendo assim, o importante a ser dito é que todas as mortes de Brás nos mostram como a vida é curta e deve ser aproveitada até o último segundo. Daytripper é considerada uma das melhores graphic novels já escritas por brasileiros e é, de fato, um trabalho de mestre, desde os desenhos ao texto. É uma história não só sobre a aceitação da morte, mas também uma exaltação à própria vida.