[Crítica] A Grande Aposta

A crise no mercado imobiliário americano em 2008 é um fato bem conhecido e marcante na história recente, pois afetou toda a economia global em maior ou menor escala. E é justamente com um tema tão complicado aos olhos da maioria da população que chega aos cinemas A Grande Aposta. O longa é adaptado do livro A Jogada do Século, de Michael Lewis, e conta histórias de investidores e especuladores financeiros que previram o estouro da bolha e apostaram contra o próprio mercado americano, já que os títulos de dívida imobiliária sempre foram um dos investimentos mais seguros a se fazer.

O diretor Adam McKay (O Âncora) se utiliza do excelente roteiro que tem em mãos e consegue costurar e brincar na medida certa com a trama baseada em fatos reais. O longa abusa do humor negro e da edição rápida para envolver o espectador nessa história complexa e cheia de termos do mercado imobiliário, o que pode ser um grande problema para a maioria das pessoas que não está familiarizada com os mesmos. Para resolver esse entrave, McKay usa personalidades como Selena Gomez, Anthony Bourdain e Margot Robbie (em uma cena inspirada e impagável) para explicar e facilitar a compreensão, tudo realizado de forma bem irônica e cômica, mas sem parecer bobo.

Outro personagem que constantemente quebra a quarta parede e conversa com o espectador é o almofadinha ambicioso Jared Vennett, muito bem defendido por Ryan Gosling. O elenco é outro ponto positivo do longa. Christian Bale está incrível na pele de Michael Burry, um gênio dos números, amante de heavy metal, dono de um bizarro olho de vidro e o primeiro a prever o que estava por vir. Steve Carell surge como um alívio cômico involuntário ao interpretar Mark Baum, um homem que acabou de passar por uma tragédia pessoal e não sabe lidar muito com isso, o que deixa seu temperamento um tanto explosivo.

Brad Pitt surge diferente ao personificar Ben Rickert, um consultor cheio de manias e fora do jogo há um bom tempo, que volta a ação quando decide ajudar dois jovens corretores (Finn Wittrock e John Magaro) nessa arriscada manobra. Se existe um ponto negativo em A Grande Aposta é justamente a dificuldade com o público que não está acostumado com esses jargões, o que pode prejudicar a compreensão do longa.