[Crítica] Caçadores de Emoção: Além do Limite
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No filme Caçadores de Emoção, de
1991, um policial se infiltra em um grupo praticante de esportes radicais
suspeito de executar uma série de ousados assaltos, encontrando-se divido entre
o cumprimento do dever e a influência do mentor do grupo. No filme Velozes e
Furiosos, de 2001, um policial se infiltra em um grupo praticante de corridas
de carro clandestinas suspeito de executar uma série de ousados assaltos,
encontrando-se dividido entre o cumprimento do dever e a influência do mentor
do grupo. Dado o fato de que o último é um remake não-assumido do longa
originalmente dirigido por Kathryn Bigelow, a pergunta que permanece é: qual é
a necessidade de um filme como Caçadores de Emoção: Além do Limite existir?
Sete anos depois de perder um
amigo em uma perigosa trilha, o agente do FBI Johnny Utah (Luke Bracey) é
designado para investigar a ligação entre o assalto a uma joalheria praticado
por motociclistas e o roubo de uma exorbitante quantia em dinheiro realizado
por paraquedistas no México. Não demora até que o policial se dê conta de que a
quadrilha está tentando realizar uma famosa lista de oito desafios que precisam
ser cumpridos em honra à natureza. Com isso, Utah é enviado à França para
trabalhar disfarçado sob a supervisão do agente Pappas (Ray Winstone). Uma vez
infiltrado no agitado mundo dos esportes radicais em terras francesas, o
policial acaba se conectando a um grupo liderado por Bodhi (Edgar Ramirez), um
homem com uma filosofia de vida própria que não hesita em abraçar uma
oportunidade de se conectar com a natureza. A medida em que se envolve com
Bodhi, Utah acaba se perdendo em meio à adrenalina resultante dos desafios
executados pelo grupo.
Em seu segundo filme, o cineasta
Ericson Core demonstra que sabe filmar bem as cenas de ação e as tomadas de
esportes radicais, comprovando os anos de experiência como diretor de
fotografia (ele também faz a fotografia deste filme). Por outro lado, outras
cenas chegam a ser risíveis de tão artificiais como a da avalanche, que
apresenta um dos piores usos de CGI de todos os tempos, e o clímax do filme no Oceano
Pacífico, que não consegue ser nem emocionante e nem impactante. O roteiro de
Kurt Wimmer acaba se provando problemático. Dessa forma, o roteiro ainda
entrega personagens mal desenvolvidos, cenas mal construídas e diálogos
embaraçosos. Consequentemente, o trabalho de Core na direção de seus atores acaba prejudicado e os intérpretes entregam performances que deixam a desejar.
Interpretando o personagem que
foi de Keanu Reeves no longa original, o ator Luke Bracey esbanja
inexpressividade e falta de carisma, o que é grave dado o fato de que é o protagonista
do filme. Enquanto isso, Edgar Ramirez se esforça com o material que lhe é dado
para fazer justiça ao personagem outrora interpretado por Patrick Swayze. No
papel do interesse romântico de Utah, a atriz Teresa Palmer é agraciada com um
presente de grego na forma de um papel porcamente desenvolvido que a coloca
como um mero objeto decorativo. E demonstrando total falta de vontade em
agregar algum valor a esta refilmagem, Ray Winstone e Delroy Lindo atuam no
modo piloto automático como o parceiro e o chefe de Utah.
Longe de evocar a força do longa
original, Caçadores de Emoção: Além do Limite veio para mostrar que algumas
ideias jamais deveriam sair do papel. Como se não bastasse ser uma refilmagem
conceitualmente desnecessária, o produto final acaba resultando em uma
experiência insossa e vazia tal qual, respectivamente, o protagonista e a
filosofia de vida de seu antagonista.