loggado
Carregando...

[Crítica] 007 Contra SPECTRE


James Bond está de volta! Três anos depois de 007 - Operação Skyfall, chega aos cinemas 007 Contra SPECTRE. Dirigido por Sam Mendes, o mesmo cineasta por trás do filme anterior, este novo capítulo da franquia consolida o resgate dos elementos clássicos que ressurgiram aos poucos em Skyfall e que fazem James Bond ser James Bond. No entanto, 007 Contra SPECTRE está longe de ser um filme perfeito, ou, ao menos, um filme superior ao seu antecessor.

Abrindo com um plano sequência espetacular em meio à comemoração do Dia dos Mortos na Cidade do México, James Bond (Daniel Craig) parte, sem ordens oficiais, no encalço de Marco Sciarra (Alessandro Cremona), uma renomada figura no submundo do crime. Mais para frente, descobrimos se tratar de uma mensagem criptografada que Bond recebeu de sua antiga oficial superior. As investigações de Bond o levam desde a viúva de seu último alvo, Lucia Sciarra (Monica Bellucci), até um de seus antigos inimigos, Sr. White (Jesper Christensen). À medida que desvenda a trama, Bond se vê diante de uma organização que está misteriosamente atrelada aos eventos dos filmes anteriores: SPECTRE (sigla para Executivo Especial de Contra Inteligência, Terrorismo, Vingança e Extorsão), liderada por uma figura intimamente conectada ao passado de Bond. Enquanto M (Ralph Fiennes) tenta manter o MI6 livre das intenções políticas de Max Denbigh (Andrew Scott), o espião tenta deter a organização, ajudado por Madeleine Swann (Léa Seydoux), filha de White.

007 Contra SPECTRE é um clássico filme de James Bond. Além de retomar a clássica abertura do espião atirando contra a tela, o capanga fisicamente superior a Bond (Mr. Hinx, interpretado por Dave Bautista), e a própria SPECTRE. Entretanto, o filme se concentra em estar situado nos dias atuais, como podemos ver na cena em que Q (Ben Whishaw) entrega um relógio a James Bond e, quando este pergunta se o relógio faz alguma coisa, Q simplesmente responde: “Ele informa as horas”. Não obstante, o filme trata também de questões contemporâneas como vigilância de cidadãos por satélite e pela internet, e o uso de drones no lugar dos agentes 00 para exterminar inimigos políticos. Ao mesmo tempo, o roteiro (escrito a oito mãos por Neal Purvis, Robert Wade, John Logan e Jez Butterworth) falha ao desenvolver as questões pessoais do protagonista criado por Ian Fleming. O filme cita personagens dos filmes anteriores como Vesper Lynd, Le Chiffre e Silva, e o vilão deste novo filme (interpretado por Christoph Waltz) faz parte do passado de Bond. Porém, os roteiristas não desenvolvem a fundo as marcas psicológicas que estes coadjuvantes deixaram na vida do personagem principal, o que, se feito, tornaria 007 Contra SPECTRE um filme interessantíssimo e uma jornada pessoal comparada à 007 - A Serviço Secreto de Sua Majestade.

Novamente dirigido por Sam Mendes, 007 Contra SPECTRE é eficaz ao construir algumas cenas dramáticas. Quando, por exemplo, a personagem Madeleine Swann chora ao olhar algumas fotos do passado, relembrando seu pai, o que comprova a afirmativa que esta fez a 007 de que choraria pelo seu pai no tempo oportuno. Por outro lado, as cenas de ação, apesar de bem realizadas, não desempenham a função narrativa que outrora possuíam em Cassino Royale ou em Operação Skyfall. Aqui, estas cenas parecem ser meramente decorativas, pois, se não tiver ação, não é um filme de 007.

Em sua quarta participação no papel do protagonista, Daniel Craig demonstra sinais de cansaço em sua performance, apesar de demonstrar a competência de sempre. Ralph Fiennes evoca a autoridade que o papel exige, mostrando ser uma excelente substituição a Judi Dench. Léa Seydoux faz o que pode com uma personagem mal construída pelo roteiro, que por pouco não é um objeto decorativo como muitas Bond Girls foram no passado. Christoph Waltz personifica o tipo clássico de vilão de um filme de James Bond e sua presença preenche o papel como ninguém, sendo praticamente impossível pensar em outro ator para interpretar o vilão. Andrew Scott faz o típico burocrata na pele de Max Denbigh, se saindo bem ao explorar o cinismo que transparece em seu personagem. Ben Whishaw, Naomie Harris e Dave Bautista aproveitam com boa desenvoltura o pouco tempo que seus personagens têm em tela. O único problema aqui é com Monica Bellucci. Fico me perguntando se era realmente necessário uma atriz de sua envergadura assumir um papel tão pequeno e limitado, que poderia facilmente ser retirado do roteiro sem prejudicar o filme.

Ademais, 007 Contra SPECTRE é um bom filme. Apesar de empalidecer em comparação a Cassino Royale e Skyfall, só o fato de ser melhor do que Quantum of Solace já conta muito. Infelizmente, o filme também enfraquece por ser demasiado longo e por falhas graves na construção narrativa. Se este foi o último filme de Daniel Craig como James Bond, ele merecia um adeus ainda melhor.

Crítica 7890757043003304977

Postar um comentário Comentários Disqus

Página inicial item