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[Fica a Dica] Filme: Le Bal

O poder transformador da dança.


O poder transformador da dança.

Um idoso se move ao redor de um salão de baile cavernoso e mal iluminado em Paris. Ele prepara as coisas para mais uma noite. Cadeiras em tampos de mesa são colocados de volta no chão; garrafas são estabelecidas no bar. O bartender vem, faz alguns ajustes menores, liga as luzes berrantes e seleciona um número de disco na jukebox. Um grande globo espelhado sobre o centro da pista de dança começa a girar.

As mulheres começam a entrar no salão, uma por uma, sempre parando no topo da escada objetivando suas entradas triunfais. Os homens, igualmente solitários e de tipos bem distintos, chegam e se posicionam no bar encarando as mulheres e estudando suas prováveis parceiras de dança. É assim que começa Le Bal (1983) - traduzido para O Baile aqui no Brasil -, um filme espetacular e muito estilizado criado por Ettore Scolaque condensa cerca de 50 anos de história social e política européia em uma noite no salão de dança.

Le Bal nada mais é do que uma série de cenas traduzidas em música e dança, sem uma única palavra de diálogo falado. O filme se move a partir do presente comparativamente monótono do início da década de 1980, e volta no tempo para 1936 e os dias berrantes da Frente Popular, quando uma coalizão de partidos de esquerda da França conquistaram o poder político e prometeu uma nova era de progresso social. Acompanhamos a cada cena a evolução da história, passando pela Segunda Guerra Mundial, a ocupação alemã, a libertação, os pós-guerras, anos do Plano Marshall, a guerra da Argélia, de maio de 1968 e, finalmente, o presente novamente.

É muito bem construída a forma como as décadas se passam, sendo representadas por fotografias na parede do salão do baile. O protagonista ali não é nenhum dos personagens, mas sim o baile, a dança e a forma como, junto com a música, ajudam aquelas pessoas a superarem as adversidades que nos são apresentadas a cada momento.

Seu estilo único e a inspiração claramente teatral da obra faz do filme um dos meus favoritos, o que é surpreendente, visto que ele não possui nenhum diálogo. Vale destacar que é incrível o fato de a maioria dos artistas que protagonizaram o longa infelizmente terem permanecido anônimos, embora suas contribuições tenham sido enormes. Além disso, a produção e a caracterização histórica são impecáveis, de modo que esse se tornou um filme obrigatório para todos que curtem cinema, arte, história e, principalmente, um bom entretenimento.
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