[Crítica] Goosebumps - Monstros e Arrepios
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Lembro-me que quando eu tinha na
faixa de 12-15 anos, era exibida uma série chamada Goosebumps na Fox Kids (alguém
lembra??). A atração era uma antologia, que contava uma história nova a cada
episódio. Lembro-me vagamente, pois não assistia com frequência. Quando soube
que fariam um filme da franquia baseada nos livros de R.L. Stine, olhei a
notícia com bastante desconfiança ("como eles farão pra compilar as histórias?",
"vão escolher uma só ou até um número limite?"). Eis que Goosebumps - Monstros e
Arrepios chega aos cinemas com uma construção narrativa original e muito interessante.
O filme tem como protagonista
Zach (Dylan Minnette), um rapaz que se muda para uma nova cidade com sua mãe (Amy
Ryan), pois esta assumirá a direção da escola local. Não demora até que Zach
tenha um interesse em particular por Hannah (Odeya Bush), sua vizinha. Porém,
ocorre que a jovem tem um pai rígido e controlador a quem conhecemos por Sr.
Shivers (Jack Black). Zach logo suspeita de seus novos vizinhos, aos quais
decide bisbilhotar com a ajuda de seu amigo da escola Champ (Ryan Lee). Em uma
dessas incursões, os garotos descobrem uma estante repleta de manuscritos
trancados à chave. Assim, eles descobrem que Shivers é, na realidade, o autor
R.L. Stine (!) e um acidente faz com que todos os manuscritos sejam abertos e
libertem as criaturas oriundas da imaginação do escritor. Com isso, eles
precisam arrumar uma forma de deter os monstros antes que a cidade sucumba ao
caos generalizado e terão que lidar com Slappy (dublado por Black), um boneco
que aparentemente está gerenciando o caos que se instala.
O roteiro de Darren Lemke, Scott
Alexander e Larry Karaszewski merece elogios pela bem-vinda sacada de colocar o
próprio criador de Goosebumps como personagem e suas criações como a força
motriz da narrativa, que ainda lida com temas metalinguísticos como
criatividade e a imaginação do autor. Apesar de escorregar no clichê do "rapaz
se apaixona por sua vizinha cujo pai é controlador", a produção não é
prejudicada e a direção correta de Rob Letterman concentra boa parte da ação
nos monstros criados por Stine. Como se trata de um filme com elementos de
terror mesclados a elementos cômicos, os efeitos especiais empregados na
concepção das criaturas são utilizados de maneira lúdica, não realista e
levemente assustadora (quando não o é).
Embora os jovens Dylan Minnette e
Odeya Bush deixem um pouco a desejar como protagonistas, Ryan Lee funciona como
um eficiente alívio cômico na trama. Amy Ryan oferece uma boa e competente atuação
coadjuvante como a mãe de Zach, Jillian Bell e Amanda Lund roubam a cena todas
as vezes que aparecem como Lorraine, tia de Zach, e a Policial Brooks,
respectivamente. Contudo, o destaque absoluto do filme é Jack Black. O ator é
perfeito para o papel do excêntrico e recluso escritor que protege sua obra
como se protegesse sua vida. Black preenche o personagem como ninguém, tanto
que não dá para imaginar outro interprete no papel de R.L. Stine.
Surpreendente e divertido,
Goosebumps - Monstros e Arrepios é um excelente escapismo. Apesar de
convencional, o filme é diversão garantida, tanto para quem é fã dos livros e da
série homônima e também para quem não é.