[Crítica] Samba
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Imigração, seja nos dias
atuais, seja séculos atrás, sempre é tema recorrente em grandes metrópoles ao
redor do mundo. A busca implacável por novas oportunidades e uma qualidade de vida
melhor é o sonho de muita gente que deixa para trás suas origens na esperança
de, quem sabe, encontrar a galinha dos ovos de ouro num futuro completamente
hostil e desconhecido.

É baseando-se na narrativa da
sobrevivência acima de qualquer outra prioridade que Samba conduz seus minutos
em tela como uma genuína e agradável crônica da vida moderna. Apesar das
dificuldades de seus protagonistas, é através de seus anseios e sonhos mais improváveis
que somos introduzidos às vidas de Samba, Alice e de outros tantos personagens
que funcionam tão bem quanto estes; se o dia seguinte é incerto e completamente
sombrio para o "casal" principal, é nas figuras de Wilson (Tahar Rahin, de O Passado)
e Manu (Izïa Higelin) que encontramos uma leveza certeira para o roteiro de
Samba, que traz de maneira correta e pontual o equilíbrio entre drama e comédia
como poucos. Aliás, ainda que possa encaixar-se no gênero da comédia, o longa
não se contenta em dar a seus personagens histórias rasas e frias.

Tecnicamente, Samba é um
verdadeiro show de imagens. Apostando massivamente em planos abertos, a direção de Olivier
Nakache e Eric Toledano (ambos de Intocáveis) faz questão de deixar o espectador imerso naquele mundo
em que vivem os protagonistas, nos fazendo adentrar segundo a segundo em seu
universo, sem reservas. Mas talvez, uma das grandes belezas do filme faz-se
sentir por sua fotografia, em tons vivos e extremamente agradáveis todo o
tempo. Ainda que a tristeza seja companhia constante, as cores impostas pela
paleta de Stéphane Fontaine (Ferrugem e Osso) nos recorda o tempo todo que, apesar das intempéries,
é da alegria que falamos.
Um dos filmes mais aclamados em seu país de
origem no ano de 2014, Samba é mais um dos belos exemplares do que o cinema
francês é capaz de fazer com temas aparentemente simples, transformando-os numa
explosão de sensibilidade e técnica. Com um elenco que respira e exala simpatia, é impossível não apaixonar-se, fazendo de Samba um dos filmes mais
sinceros que você verá este ano.