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[Review] Mad Men 7x11/12 - Time & Life/Lost Horizon

Sem destino.


Sem destino.

7x11 - Time & Life

Time & Life apresentou o melhor roteiro de Mad Men desde seu retorno, escrevo este texto antes de assistir a Lost Horizon, é bom deixar claro. O fato de ser o primeiro episódio não focado em Don Draper pode ter algo a ver com isso, mas acredito que não, pois foi simplesmente a hora de dar atenção a outros personagens tão complexos quanto Draper: Peter e Peggy. Vimos um Peter mais dócil se comparado a outros episódios, e Peggy fazendo um de seus diálogos mais fortes em toda a série, e não teria como ser diferente, quando se resgata algo que vem lá da primeira temporada. 

A base de toda a agitação do episódio foi a absorção da Sterling Cooper pela McCann. Ora, já estamos acostumados aos altos e baixos dessa agência, e em como Roger e Don lutaram para fazer sua empresa continuar existindo no feroz ramo da publicidade. Dessa vez não foi diferente, com Don e sua ideia de migrar para a Califórnia. Este lugar é mítico para Don, e faz todo sentido se mudar para lá na visão do publicitário. Ao decorrer do episódio assistimos a ideia crescer, a ponto de ser apresentada ao chefão da McCann. 

A surpresa, ou não, foi que Jim já planejava "promovê-los" às principais contas de sua agência. De fato, eles chegaram no topo, porém Don se ilude - algo que Joan não faz - se pensa que é o começo de uma era. Assim como a série, este é o fim da Sterling Cooper, e os funcionários não são estúpidos de achar que todo mundo será mantido nessa mudança. Desde Peggy, Peter e Stan, até Dawn e as outras secretárias já se preparavam ou ao menos esperavam as mudanças anunciadas pelos rumores. 

Seja como for, os rumores permitiram outras reflexões, e assim foi possível acompanhar Peter e Trudy novamente juntos em cena. Numa cena que deu a impressão de amaldiçoar os Campbell por seu passado sombrio. Peter é cheio de defeitos, mas não merece carregar nas costas essa tradição, porém novamente não é uma questão de mérito, e acaba sendo cômica a briga entre ele e o diretor da escola. Outro desafeto real de Peter, Ken, fez questão de não seguir na empreitada para o oeste, contudo fez questão de deixar claro que já se divertiu o bastante com eles; provavelmente, para Ken, Peter e Roger são duas pessoas para se esquecer. 

Por fim, Peggy e as crianças. Não dá para saber se Peggy teria sido uma boa mãe, só podemos saber que sua vida seria completamente diferente. É ingênuo achar que ela seria uma pessoa mais feliz, não é possível julgá-la pelas suas atitudes. Peggy lança um forte discurso que expõe todo o sexismo de uma década, ao dizer que deveria poder seguir com sua vida assim como um homem pode fazer. E não saber onde o filho se encontra não é não se importar com a criança, mas a única forma de seguir em frente. Esta cena me fez lembrar porque Peggy é uma das minhas personagens favoritas e porque Mad Men é a melhor série que eu já vi quando o assunto é roteiro. Se você pega o Don da primeira temporada e compara com o da sétima, são poucas as mudanças visíveis. Agora com Peggy o assunto é totalmente diferente. 

Time & Life ainda deixa um tempo para mostrar um Don perdido atrás de Diana. Com poucos episódios para o fim da série, não arrisco dizer qual o destino dele, mas é possível prever que a questão é: continuar sendo quem sempre foi desde que adotou o nome de Don Draper, ou voltar às origens quando ainda era Dick Whitman.

Considerações:

É interessante fazer um paralelo entre duas imagens: a primeira é da quinta temporada, quando a SC abria seu novo escritório, e a segunda é a deste episódio, que declara o fim da agência. Agora com Ted no lugar do falecido Cooper.





7x12 - Lost Horizon

Lost Horizon parecia o inicio de uma nova temporada, com a mudança de cenário, agora para a grande agência McCann. No entanto, a verdade é que nunca ficou mais claro como estamos perto do fim de Mad Men. Isso fica explicito em mais uma daquelas viagens de Don Draper para fora da sua rotina, e ele faz isso em meio a uma reunião em seu "novo" emprego. Seu novo chefe ainda não o conhece como Roger, que já se acostumou com as saídas repentinas de Don, mas será que ele retorna dessa vez?

Antes de Don, começo falando de Joan. Eu não esperava que ela fosse passar por mais novidades nessa temporada, mas é incrível como Joan não consegue ter sossego. A moral construída em anos na SC é completamente desprezada na McCann, uma agência muito mais machista do que a Sterling Cooper. Nem Roger pode ajudá-la desta vez, e, na verdade, Joan nunca precisou da ajuda dele, mas sabia que podia contar com sua ajuda caso precisasse. Isso ficou para trás, e a série não deixa escapar uma dura mensagem nesta reta final, retratando uma época em que o sexismo era absurdo, e persiste até os dias de hoje. 

Em paralelo, temos uma Peggy Olson que, apesar de inicialmente esquecida pela nova agência, chega com tudo, após um peculiar episódio em que a vimos contracenar com Roger. Os detalhes, como o quadro que ganhou de presente e seu significado, deixaram esse encontro ainda melhor. Peggy deve crescer até chegar à posição que um dia foi de Don. Isso é um dos eventos mais esperados há muito tempo na série. Porém, ainda sinto falta de um momento entre os dois - como em The Suitcase - para fechar a história dessa dupla marcante na TV. De qualquer forma, o sucesso ou fracasso de Peggy é uma questão aberta, que só deve ser resolvida no aguardado series finale.

A maior das questões, entretanto, continua sendo "Qual o destino de Donald Draper?". Vou finalmente arriscar e dizer que Don vai largar tudo e morar na praia, o que não é algo inesperado e nem surpreendente, mas é algo que ele já fez antes em diversos momentos da série. Sair de Nova York ou morrer na cidade, consumido pela própria rotina viciante que ele tem há anos. Não, não acredito que o final da série seja uma cena que adapte literalmente a abertura da série, mostrando Don num salto para a morte em um alto edifício de Manhattan, mesmo com a cena da janela, que me fez pensar nisso no mesmo instante. 

A abertura, ao meu ver, é o mundo de Don: a publicidade, as bebidas, as mulheres, a distância da família, a frágil relação com a filha, o fracasso do casamento com Betty - que acredito ser algo mais marcante na vida de Draper, que o fracasso com Megan -, e tudo isso desmorona desde a primeira temporada. Mas no fim dela Don chega ao chão, e quem sabe com os pés no chão consiga dar novos passos na vida. Ir atrás de Diana, mentindo e passando por situações constrangedoras, é um claro indício de que ele não sabe o que fazer, e se apega a uma desconhecida pois não se apegou a mais nada, a não ser memórias de momentos ruins que passou ao longo da vida.

Don procura algo verdadeiro no meio de um universo de mentiras, que não está apenas na publicidade, mas em toda e qualquer esfera de sua vida. Cooper aparece em seus devaneios, talvez como uma parte de sua consciência tentando mostrar algum caminho. Para onde ele vai e o que vai fazer é o que resta a ser mostrado nos episódios finais, além do destino de outros personagens. Fato é que Mad Men está perto do fim, e vai deixar um grande vazio na TV, pois não tem série que se compare a esta. 

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