[Review] Game of Thrones 5x04 - Sons of The Harpy
Mea culpa e teorias.
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Mea culpa e teorias.
Em Game of Thrones sempre foi assim: os roteiristas nos presenteiam com um bom espaço de tela para grandes personagens ao mesmo tempo em que tentam encaixar, num episódio movimentado, aqueles núcleos que nunca estiveram nas graças da audiência. Acontece que, até o momento, este quinto ano desdobrou tanto a trama, que não temos mais núcleos ruins, o que reflete diretamente na estrutura citada. Cria-se, então, amarras em todos os pontos da história, e mesmo a galera que já amargou o rastejar de plots chatíssimos, como Sansa e Jon Snow, estão hoje no topo do desenrolar dramático do viés político da série. Logo, a somação de eventos promissores - a jornada de Jaime, para ganhar o perdão de Cersei - e surpreendentes - o retorno da tal Fé Militante as ruas de Porto Real -, vão dando mais e mais pano para as reviravoltas que já se desenham na promissora segunda metade da temporada.
A chegada de Jaime e Bronn na costa dornesa teve diálogos afiados e lutas dignas da canastrice do companheiro de viagem do Leão. Na finale passada, achei que os roteiristas tirariam o peso que se estende pela relação de Tyrion e Jaime. O abraço entre eles na despedida do anão foi algo bem diferente do último e doloroso encontro na obra original. Porém, quando Jaime expressa todo o seu pesar, por conta da morte de Tywin, fica claro que, num futuro acerto de contas, o pior deve acontecer. No entanto, não só isto é digno de nota, como também o real motivo pelo qual Jaime aceitou a missão da amada. A culpa que ele sente pelo fim do filho e também do seu pai é algo que o assombra e deve sustentar sua empreitada por Dorne. Se eles conseguirão salvar a princesa Myrcella, é difícil dizer, mas podemos prever que as brutais Serpentes de Areia darão muita dor de cabeça para dupla.
Em Porto Real, não demora muito para Cersei cometer o maior dos equívocos por conta da característica prepotência Lannister. Armar os pardais da nova facção da Fé pode até ser útil na sua luta de poder contra Margaery, só que a rainha-mãe esquece que todo o seu reinado foi construído em cima de pecados carnais, mentiras e perversão. A sequência em que a Fé Militante destrói o bordel de Mindinho e prende Sor Loras foi espetacular. O Alto Pardal vivido por Jonathan Pryce também se junta à já robusta lista de coadjuvantes que conseguem imprimir tensão até quando demonstram uma falsa ingenuidade. O roteiro vai pincelando a tela principal que terminará num dos eventos mais icônicos das Crônicas, e não dá para dizer que eu não estou curioso com o fatídico acontecimento.
A Patrulha da Noite e seu novo comandante têm um caminho e tanto para compensar o desfalque no contingente de patrulheiros, causada pela batalha contra o exército de Mance Rayder. O interessante é que, mesmo trabalhando a contraparte que reflete sobre as consequências do sangrento combate, o roteiro do estreante Dave Hill encontra espaço para pôr em pauta uma das maiores teorias envolvendo a obra de George R.R. Martin: a paternidade de Jon Snow. A conversa entre Jon e Melisandre é cheia de significados e casa com o discurso anterior de Stannis, sobre a honra de Ned Stark. O tal poder que a sacerdotisa diz que ele tem é o mesmo poder que corria no sangue de Gendry - o bastardo de Robert que protagonizou o ritual das sanguessugas com a devota do Deus da Luz, lá na terceira temporada. O fato é que Jon tem sim sangue real, mas a origem deste sangue é o que alimenta a teoria mencionada.
O torneio de Harrenhal, referenciado por Mindinho na história que ele conta a Sansa é o ponto chave para descobrirmos quem são os pais de Jon. Pelo que foi dito, sabe-se que Rhaegar Targaryen - o filho mais velho do Rei Louco e irmão de Dany -, sequestrou Lyanna Stark em Harrenhal, e a partir dali é que teve início a Revolta de Robert (evento que destronou os Targaryen e pôs os Baratheon no Trono de Ferro). Sansa diz que o príncipe podia ser o maior dos cavaleiros, mas isto não o impediu de estuprar sua tia. É nestes pequenos detalhes que podemos ir juntando as peças. A jovem Lyanna morreu nos braços de Ned, após fazê-lo jurar silêncio sobre um segredo mortal; e foi logo após a guerra travada durante a Revolta de Robert que Ned volta para Winterfell com um bastardo nos braços. É só somarmos os fatos para, então, sairmos por aí dizendo - agora com ajuda da série - que além do meistre Aemon, temos outro Targaryen na Muralha.
Com tanta informação num episódio só, sobra uma luta nas ruas de Meereen, onde os Filhos da Harpia aparentemente fazem duas grandes vítimas. Confesso que eu já estava tão feliz com a coragem que o roteiro teve de trazer à tona fatos que ainda são suposições para quem lê os livros de Martin, que a sequência soou como bônus. Dany deve, finalmente, atender ao pedido de Hizdahr zo Loraq e reabrir as arenas de luta, porém, agora, sem os conselhos de Sor Barristan e a proteção de Verme Cinzento, ela estará se enredando ainda mais no covil das pirâmides escravagistas.
Nunca foi tão empolgante ver Game of Thrones. Que temporada meus amigos, que temporada.
P.S.1: A cena em que Stannis fala com Shireen sobre sua doença traz novamente os Homens de Pedra para um diálogo na série. Acho que veremos Valíria semana que vem, hein? E com Tyrion e Sor Jorah nos guiando por lá.
P.S.2: Alguém mais atentou para o fato de que Meryn Trant está indo para Braavos e que ele está na lista de Arya? Abri um sorriso na cena.
P.S.3: Quero ver mais das Serpentes de Areia para dizer se curti ou não a adaptação.