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[Review] Game of Thrones 5x01 - The Wars to Come

Lados errados.


Lados errados.

Se ao nos despedirmos de Game of Thrones, há quase dez meses, a certeza que ficava era a de que os Sete Reinos nunca mais seriam os mesmos, a morna - porém substanciosa - premiere da quinta temporada vem dizer o contrário. Posicionados em pontos estratégicos de Westeros e nas terras para lá do Mar de Verão, os peões que restam no jogo dos tronos começam a perceber que não há espaço para neutralidade e que a ambição se despe na maior das fraquezas dos líderes Lannister, Tyrell e Baratheon. O problema é que todos eles estão dispostos a continuar na maliciosa disputa pelo Trono de Ferro, sem olhar para trás, ou melhor, sem notar que os insetos - como uma Aranha - e os pequenos - como um Mindinho - já estão mais à frente na corrida.

Logo de cara, é interessante notar que, com o flashback de Cersei, os roteiristas nos permitem ver que o seu orgulho Lannister já lhe levava para lugares sombrios desde a infância. É certo que na obra original as profecias ditas pela bruxa têm uma importância considerável na derrocada da rainha, porém, acredito que a série não vá seguir por este caminho. Cersei já começa a se sentir acuada ao ver Tommen e Margaery cada vez mais próximos, mas o que chama atenção mesmo é o retorno de Lancel (o algoz do Rei Robert, como o previously bem lembrou) com a nova militância da Fé. Game of Thrones vem discutindo por fora o fanatismo religioso na figura de Melisandre e o seu Deus da Luz, porém, agora parece que os Sete também terão um contraponto extremista.

Ainda sobre fé e costumes, a ingenuidade de Daenerys continua pondo o seu reinado em Meereen à prova. A Mãe de Dragões (agora adolescentes e chateados por conta do castigo) não respeita crenças e símbolos, levando a uma disputa dentro dos portões da cidade, que já começa com um aviso de sangue. Os tais Filhos da Harpia vão dar pano pra manga e, por fora, Dany ainda vai ter de lidar com a brutalidade de uma antiga tradição na Baía dos Escravos. Nisso, os conselhos de Daario Naharis acabam sendo bem mais valiosos e relevantes do que os de Sor Barristan.

Tyrion e Varys aportam em Pentos para discutir a política de Westeros e o futuro que se agiganta a favor da única Targaryen com direito ao trono de ferro. Sendo sincero, não curti o duende 'deprê', como também não curti essa fase dele nos livros. Só de saber que vão cortar boa parte do 'mimimi' para encurtar seu caminho até Dany, já agradeço à dupla Benioff e D.B Weiss. Há sim uma subtrama dos livros envolvendo Tyrion que eu gostaria de ver, mas ela não necessariamente necessita do anão para existir futuramente. Quem curiosamente também se beneficia de um segundo encurtamento na história são Sansa e Mindinho. Se os dois estiverem indo para onde acredito que estejam, o destino da moça acaba de ficar mais perigoso do que qualquer um de nós um dia cogitou.


O pecado de Game of Thrones continua sendo aquela gordurinha boba que se faz presente em cenas como o romance entre Missandei e Verme Cinzento. Todo mundo sabe que isso vai levar nada a lugar algum, e só me surpreende porque soa como algo para cumprir uma cota de fofura no meio de tanta violência. Em contrapartida, é sempre prazeroso ver Brienne crescer e notar um subtexto comovente na solidão pesarosa da cavaleira que, ao lado dos inocentes comentários de Podrick, nos fazem rir sem culpa, mesmo que pelos motivos errados.

A mudança no status quo do núcleo da Patrulha da Noite também figura como um dos pontos interessantes desta primeira hora e acredito que, pela primeira vez em muito tempo, parei para prestar atenção num diálogo envolvendo Jon Snow. A conversa dele com Mance é daqueles momentos da série que sempre me deixam orgulhoso. Na defesa pelos seus ideais, o Rei-Para-Lá-da-Muralha nunca baixou a cabeça quando tentaram lhe privar da liberdade, e Jon entende e abraça isto, por mais que ali, sob o julgo do exército de Stannis, ele nada possa fazer. A clemente flechada é um último pedido de desculpas, e o olhar de gratidão que deixa a derradeira expressão de Mance, já no meio das chamas de Melisandre, fica nas nossas mentes.

Game of Thrones nunca foi fácil e ela continuará assim. Está mais claro do que nunca que os lados das batalhas que estão por vir foram batidos pelos eventos da última temporada. Se estão certos ou errados, nem R'hllor, nem os Sete poderão nos dizer... É o sangue das novas alianças que trarão esta resposta. 

P.S.: Teve cota de nudez até para chocar a "família tradicional" hein? HBO, o terror das salas de estar nacionais. 

P.S.2: Vem cá, Melisandre, não era a Sacerdotisa Vermelha? Quem aí explica o escurecimento dos cabelos e do vestido? Ficou zuado. 

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