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[Crítica] Sniper Americano


Com seis indicações ao Oscar 2015, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Roteiro Adaptado, Sniper Americano (American Sniper) conta com um diferencial entre os nomeados. O filme estava até pouco tempo liderando as bilheterias nos EUA desde seu lançamento, no natal passado - perdeu o posto recentemente para o novo filme do Bob Esponja. Isso é um fato interessante, pois grandes bilheterias geralmente não tem espaço no Oscar, a não ser em suas categorias técnicas, dentre as quais Sniper Americano também marca presença em Edição, Edição de Som e Mixagem de Som. 

O que pode explicar o sucesso do filme é tratar de um tema extremamente em destaque há mais de uma década, que é a guerra ao terror. Sniper Americano conta a história real de Chris Kyle, um SEAL do exército americano, considerado o atirador mais letal da história dos EUA. Para interpretá-lo foi escalado o ator Bradley Cooper, um dos mais populares de Hollywood, e concorrente ao Oscar pela terceira vez seguida;  na direção está ninguém menos que Clint Eastwood, que dispensa introduções. Ou seja, elementos para ser popular o filme tem de sobra, e parece ter agradado a Academia também com a forte pegada para o lado patriótico e heroico de Chris. Mas Sniper Americano realmente faz de Chris um herói? Esta é a grande reflexão da história, ao trazer como tema os efeitos da guerra na mente de quem convive diariamente com a vida por um fio, com o ato de matar sendo rotina, assim como o ato de morrer. 

Sim, para quem acompanha o Oscar há um certo tempo, deve lembrar que Guerra ao Terror trazia a mesma temática. Com sua narrativa lenta, aliando tensão e realismo sobre que é uma guerra no oriente médio e como isso afeta quem está nela, o filme venceu Oscar na principal categoria em 2010. Sniper Americano passa longe de ser um filme lento, sendo intenso e frenético do começo ao fim - méritos para a Edição e Mixagem de Som que te farão se sentir no meio do fogo cruzado - oscilando entre o período de Kyle na guerra e o período que passa em casa com a família. Os diálogos com a esposa Taya, interpretada por Sienna Miller,  são a base de onde o roteiro lança as questões de como o trabalho de Kyle afeta diretamente sua vida. E o filme é competente em mostrar as dificuldades de ser um sniper de elite, e as decisões que precisam ser tomadas por Kyle, que praticamente decide sozinho quem vive ou quem morre sob sua mira.

O problema de Sniper Americano é apelar para sequências dramáticas desnecessárias em um cenário já por si só dramático. Os efeitos da guerra em Kyle também são demonstrados de forma muito implícita, sendo que mesmo que traga o debate, não se aprofunda muito, cabe ao espectador, após o desfecho do filme tirar suas próprias conclusões sobre Chris Kyle. Preciso aqui destacar a atuação de Bradley Cooper que realmente entrega uma performance forte, e que exigiu muito preparo físico por parte dele. Cooper me impressionou mais do que Steve Carell em Foxcatcher, porém ao meu ver o Oscar ainda deve ficar entre Eddie Redmayne (o favorito) e Michael Keaton (minha torcida). Se Sniper Americano tem chances, elas estão nas categorias técnicas. 

Enfim, mesmo com um tema que atrai muito a atenção, o filme tem seus méritos por estar na lista de Melhor Filme. Claro que outros como Garota Exemplar mereciam mais esta vaga, entretanto mesmo com seus exageros Sniper Americano não deixa de ser interessante, e penso que é importante um filme de grande bilheteria estar entre os indicados à principal categoria, afinal, muito mais que críticos, é o público geral que move a máquina do Cinema norte-americano e eles merecem ter um representante na premiação mais importante do ano por lá. 

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