[Crítica] A Teoria de Tudo
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Quando um filme é indicado ao Oscar, é inevitável que se crie determinada expectativa quanto a película em questão. Tendo isso em mente, ao ver uma das obras indicadas é provável que nem sempre as expectativas sejam atendidas, o que leva ao debate sobre "afinal, ser indicado ao Oscar é sinônimo de filme bom?". Felizmente, neste caso, é sim, mas sem exageros. A Teoria de Tudo não é um filme inovador, nem diferente ou impactante, e nem pretende ser isso. O longa pretende contar, de maneira simples, a história de um homem que, mesmo cercado de dificuldades, conseguiu fazer sua vida valer a pena.
Claro que sempre existe certo perigo em filmes biográficos, que romantizam ou poetizam demais sobre a vida que está sendo apresentada, porém por mais que isso possa acontecer em A Teoria de Tudo, é perfeitamente aceitável acreditar que os fatos discorreram exatamente, ou muito próximos a como de fato foi. O filme é uma história baseada em fatos reais que cumpre o papel de parecer real. E é inegável que muito disso se deve às atuações da dupla de protagonistas, que entregam interpretações seguras e convincentes, nos fazendo mergulhar para dentro da intimidade do casal Stephen e Jane Hawking.
Eu nem reconheci Eddie Redmayne (Os Miseráveis), que não deixa a desejar em uma das atuações mais difíceis do último ano. Sua performance impressiona, apresentando sem exageros as dificuldades causadas pela doença do neurônio motor, e não por acaso atraiu tantas indicações e prêmios. Felicity Jones também demonstra maturidade ao interpretar Jane Hawking (autora do livro que inspirou o filme) nas diversas fases de sua vida.
Não acompanhamos apenas as dificuldades enfrentadas por Hawking durante as duas horas do longa. Encontramos aqui algo bem mais amplo, como um grande debate entre ciência, filosofia e religião, tendo como foco o trabalho do cientista e de suas teorias reconhecidas e aclamada pela comunidade científica. Além disso, temos o homem por detrás das aparências e da voz robótica. Um marido e pai, como qualquer outro, com uma forma de encarar a vida impressionante, e sempre com bom humor.
A Teoria de Tudo é um bom drama, que me conquistou por não ser pretensioso, por não aparentar querer ser um filme apenas voltado para prêmios e, com certeza, pelas atuações da dupla protagonista. A direção de James March e edição não deixam a desejar, apesar de contarmos com certa instabilidade no ritmo narrativo em diversos momentos durante as duras horas de duração, mas recebendo os melhores méritos principalmente nos momentos finais do longa, que ainda apresenta uma interessante trilha sonora, também indicada ao Oscar.
Com filmes como Boyhood, O Grande Hotel Budapeste, Birdman e Whiplash, fica difícil as chances de Teoria de Tudo levar um prêmio na noite do dia 22 de fevereiro. As maiores chances estão com Eddie Redmayne. De qualquer forma acredito que as nomeações já garantem ao filme a atenção que merece, e, por enquanto, ainda não encontrei o patinho feito entre os indicados a melhor filme este ano.