[Crítica] Êxodo: Deuses e Reis
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Êxodo: Deuses e Reis é a nova inserção do diretor Ridley Scott (Gladiador, Robin Hood) nos cinemas. Buscando mostrar a sua interpretação da história bíblica de Moisés, o diretor nem tenta desconstruir ou inventar coisas novas sobre o que já é conhecido pelas religiões. Na trama, somos apresentados a Moisés (Christian Bale), um hebreu resgatado, criado como filho pelo faraó Seti (John Turturro) e pelo meio-irmão Ramsés (Joel Edgerton).
O longa não investe em mostrar a origem de como Moisés foi encontrado pela filha do faraó, optando por começar já mostrando os dois adultos, onde vemos um certo respeito entre os dois, ao mesmo tempo em que se percebe a preferência do faraó pelo filho adotivo causando ciúme em Ramsés. Assim como em Noé (que estreou em Abril), temos uma visão diferente de Moisés. Se na conhecida história bíblica ele foi pacífico e obediente à voz de Deus, aqui Moisés é mostrado como um general que quer tirar o povo hebreu do Egito na base da força.
O roteiro é bem raso e se preocupa em sua maioria mostrar o relacionamento entre Moisés e Ramsés, pouco aproveitando a maioria dos personagens secundários, desprezando e deixando sem relevância bons atores como Sigourney Weaver, Ben Kingsley e Aaron Paul. Além disso, a forma com que é mostrado o sofrimento dos egípcios diante da ação divina acaba fazendo com que o espectador não veja Ramsés como vilão, e acaba-se criando afeição por ele, como na cena em que o vemos diante do cadáver de seu filho recém-nascido.
Outro ponto que me incomodou muito foi a retratação de Deus que está longe de ser uma figura paternal, bondosa e que se importa com a aflição que seu povo está sofrendo. Representado na figura de uma criança, ele é frio, cruel e mimado, necessitando apenas que seus caprichos sejam atendidos. Os efeitos visuais e o design de produção são comuns e parecem já ter sido vistos em outros filmes. O 3D é completamente desnecessário e a cena da abertura do mar é menos impactante do que se espera.
Em tempos em que Hollywood tem investido muito em produções com teor bíblico, Êxodo: Deuses e Reis decepciona um bocado, e se você procura ver uma representação da história de Moisés é melhor ficar com a belíssima animação da Dreamworks, O Príncipe do Egito.