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[Review] The Walking Dead 5x07 - Crossed

"Nunca confie em estranhos."


"Nunca confie em estranhos."

Se nós esperássemos que as pessoas estranhas a nós - essas que vemos todos os dias enquanto andamos na rua, no ônibus, no local de trabalho ou de passeio - fossem pessoas ruins, com grandes chances de nos fazerem mal, dificilmente sairíamos de casa. É bem verdade que nem todas as pessoas da sociedade são boas, assim como é bem verdade que a violência faz parte do cotidiano. Porém, como diria o slogan de certo refrigerante, os bons são maioria e a civilidade ainda prevalece. Existem regras de convivência, leis e diversos outros fatores (e até a bondade natural das pessoas, acredite!) que nos levam a ser cordiais, ou pelo menos respeitosos, com o próximo desconhecido. Ainda mais quando esse hipotético ser desconhecido passa por alguma necessidade em que, se vivemos situação semelhante, gostaríamos de ajuda também. Se essa pessoa tem o mesmo nome de alguém realmente próximo de nós, nos identificamos até certo ponto ao reconhecer essa mera semelhança. Fazemos isso porque somos humanos, mas também porque vivemos em determinado tipo de sociedade que permite isso.

Essa introdução foi para justificar que: não, a atitude de Sasha diante do policial "Bob" não foi tão estúpida assim. Passei várias reviews comentando sobre personagens que já se adaptaram ao mundo que os walkers simbolizam. Carol e Rick como exemplos máximos. Porém, o que sabemos de Sasha? Muito pouco. E o que sabemos é insuficiente para deduzir se ela está apta para lidar com as pessoas de acordo com as novas regras de "convívio social" em The Walking Dead. Neste episódio descobrimos que ela ainda vive no "mundo antigo", tanto em lidar com perdas, como em lidar com estranhos. É um processo que Rick já vem passando desde a perda de Lori, mas nem todos passaram pela mesma coisa. E a dura verdade é que agindo assim, Sasha torna o grupo vulnerável, ela se torna um ponto fraco. Ou seja, ser humano na definição que conhecemos, não é mais possível, como já havia comentado em outras reviews. A não ser que, pela visão que a série propõe, você esteja em um grupo. Ame o próximo, mas o próximo que é literalmente o próximo! Do contrário, acontecerá coisas como o ocorrido com Sasha.

Como paralelo que confirma isso, temos o grupo de Glenn, que se ajuda e coopera, que protege uns aos outros, porém porque se conhecem, não é mais uma ajuda universal a qualquer um. Aquele comportamento tranquilo de pescar só é possível se as pessoas tiverem noção de que estão em um grupo. Caso fossem desconhecidos, teríamos momentos de tensão como foi na sequência de captura dos policiais. A dinâmica do hospital também é um ponto a destacar ao mostrar como os oprimidos se ajudam contra os opressores. Entretanto, Beth não pode em nenhum momento confiar em Dawn,  a policial fará o que for necessário para se manter no poder. Dessa forma, é claro perceber que The Walking Dead é muito melhor quando explora conflitos entre grupos, o que vinha acontecendo de maneira bem feita no início da temporada e foi perdendo o foco a partir do episódio cinco. Não chega a ser ruim, mas sabemos que pode ser melhor.

Pois todos já sabem que o pior está nas pessoas e não nos walkers. O que esperar de Gabriel, que parece ocultar algo sinistro? Carl, Michonne e Judith correm mais perigo com ele do que com os zumbis do asfalto que quase morderam Daryl. Ou pelo menos essa é a impressão. Voltando a Rick, ele é alguém que sabe bem disso, teria explodido a cabeça do tal policial se o arqueiro não tivesse impedido. Deu no que deu e a operação está comprometida. Novamente pela dificuldade individual de cada um de se adaptar ao mundo dos walkers. O que fica em questão é se todos se tornarem como Rick, o que será da humanidade? Até que ponto vale ser totalmente frio? São uma série de questões, mas o que fica evidente é que sua chance de sobreviver é maior ao não oferecer a mão para qualquer um no caminho. Em um mundo instável, criar laços afetivos estáveis fica muito mais difícil. O instinto de sobrevivência dos personagens parece se adaptar aos poucos e "não confiar em ninguém" não é mais conselho, parece quase uma lei. Talvez a única desse cenário apocalíptico, junto com o mantra "você nunca está seguro" dito por Rick para seu filho alguns episódios atrás.

Comentado tudo isso, resta pensar que a mid season finale pode trabalhar em cima dessas ideias que a série lança - com eficiência ou não - a cada episódio. Derrubar o pessoal do hospital será difícil e exigirá uma força coletiva muito grande. Porém, os grupos têm falhas como vimos. Mas são essas falhas que geram a tensão e isso nós gostamos de ver. Então espero que The Walking Dead feche o ano com um episódio tão bom quanto o primeiro. O que será de Beth, Carol, Dawn & cia? E o grupo de Glenn? Esse é o mais crítico da série e precisa de alguma movimentação urgente. E Gabriel? Também vale lembrar que personagens apareceram em cena pós-créditos e ainda não retornaram. As possibilidades são imensas e o roteiro lança bases legais, só é preciso desenvolvê-las bem e não perder o fio justamente em um momento que a série pode surpreender positivamente, como fez poucas vezes nos últimos anos. Se tivermos coerência com o que nos foi mostrado nesses sete episódios, devemos ter uma boa pausa de fim de ano e um hiato daqueles de gerar ansiedade eterna. Assim esperamos.

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