[Crítica] Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade (VII Janela Internacional de Cinema do Recife)
VII Janela Internacional de Cinema do Recife. Foto: Divulgação
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VII Janela Internacional de Cinema do Recife. Foto: Divulgação |
Dois anos depois de seu
primeiro filme, Daniel Aragão volta
ao Janela para estrear Prometo Um dia
Deixar Essa Cidade, filme dedicado ao seu tio. Antes da exibição do filme,
o diretor e escritor agradeceu aos patrocinadores, à equipe e dedicou a sessão,
que foi recorde de público do festival, à sua mãe. O filme conta a história de
Joli (Bianca Joy
Porte) e sua relação com a cidade do Recife e fala também sobre as
drogas e a política.
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O diretor Daniel Aragão apresenta a equipe do filme. Foto: Divulgação |
Joli começa o filme internada
numa clínica de reabilitação para drogas, porém é liberada para voltar para
casa onde seu pai Antônio está concorrendo ao cargo de prefeito da cidade. Ela,
claro, não é bem vista aos olhos de nenhum convidado da festa. Mas, a pedido de
seu pai, ela tenta lidar com o preconceito de ex-usuária de drogas e socializar
com as pessoas que agora o rodeiam.
Nossa protagonista se sai bem
na nova fase de sua vida, arruma emprego, sai da casa do pai para morar sozinha
e está numa ótima fase de relacionamento com seu namorado, Hugo (Sergio Marone). Ainda penso que seja
inveja da vida da jovem o motivo primordial para que Antônio (Zécarlos Machado) tenha tomado certas
decisões a cerca da filha que, no final, acaba jogando o jogo do pai a pedido
do namorado, tudo com esperanças que após sua candidatura ela será finalmente
livre.
A alienação parental de
Antônio vai a pontos tão extremos durante o filme inteiro que o personagem nos
deixa com sentimento de raiva e ficamos torcendo para que Joli seja tomada pelo
mesmo sentimento e se vingue para, enfim, buscar essa liberdade que não é
apenas das drogas ou da cidade do Recife cheia de drogas em si, como também
psicológica e mental.
O filme traz cenas fortes e,
em meio às loucuras da protagonista, vamos entrando numa lógica única
expressada pelo diretor através da visão da personagem. No desenrolar do
roteiro, fui me surpreendendo com o quanto Joli está destruída por dentro e
como ela vai se degradando mais ainda na mão do pai e noivo.
Gostei muito do roteiro do
filme e achei que Aragão soube
bastante como dirigi-lo, que pede muito das atuações. Os atores souberam passar
bem o caráter de cada um dos personagens, que está bastante claro desde o
início, cabendo aos espectadores imaginar como tudo irá se finalizar. A
fotografia também ficou linda, não só pela ajuda da iluminação como também pelo
posicionamento de câmera, que realmente ajuda a imersão das cenas. Assistam, pois
o filme não é simplesmente bom... É ótimo!