[Review] The Good Wife 5x16 - The Last Call
A última ligação.
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A última ligação.
Hoje você tem que ir ao mercado,
ir à padaria, ir à universidade, e não se esquecer de comprar geleia de
framboesa da marca boa. Hoje você teria que fazer tudo isso, porém não tem
mais. Seu mundo, seu estável, chato, monótono e previsível mundo já não é mais
tão previsível assim. Pois em questão de segundos tudo que você acredita não
existe, se extinguiu, desapareceu para sempre. A terra já não está mais lá,
tudo que você faz é cair no mais profundo buraco, mergulhado no mais profundo
desespero. Tudo que você faz a partir de agora é instinto, visto que pensar é
doloroso demais, uma realidade em que aquela pessoa já não existe mais é agoniante,
você se recusa a acreditar, olha para os lados esperando ver alguém com uma câmera
escondida ou vê no celular se já não é 1º de abril. A morte de alguém próximo
realmente é doloroso, uma dor indescritível, e é essa a palavra, indescritível,
que eu uso agora para definir esse episódio.
The Last Call foi um dos melhores
episódios da série. Foi sensível, foi emocionante e acima de tudo bem escrito.
Porque cada pessoa tem a sua própria maneira de lidar com o luto, e os
roteiristas fizeram questão de mostrar como cada personagem lidava com ele. Foi
notório o empenho de cada ator em dar o melhor de si, um comprometimento em
oferecer um tributo a um dos melhores personagens da série. Quem acompanhou as
entrevistas dadas pelos atores na televisão, ou suas contas no twitter, sabe que
Josh Charles era da família, e que perdê-lo significou mais para eles do que
para nós. De certa forma, o roteiro desse episódio foi para honrar esse
pensamento, da dor que a morte promove, da incansável busca por respostas, nós
sempre tentamos achar um culpado, seja ele o universo, o assassino ou Deus;
Quando na verdade o que importa não é o culpado, e sim quem você perdeu, como
superar o luto e seguir em frente.
Um aspecto interessante desse
episódio foi que dividiu igualmente o foco entre todos os personagens,
intercalando aliás, com um momento de humor para tentar quebrar o clima pesado
que tinha perdurado no último episódio. Algumas cenas, particularmente as da
Diane recusando o cliente, o Cary botando o pau comer no acordo jurídico, a
Kalinda indo em direção ao assassino e o torturando psicologicamente foram o
que fizeram esse episódio tão esplendido, pois retratou exatamente como cada
personagem lida com o luto de perder um amigo querido. Quem também arrasou na
atuação foi, claro, Julianna Margulies, que garantiu seu Emmy com seu desempenho
impressionante. A sua personagem, Alicia, entrou em um espiral de angústia. Sua
fome por respostas e por porquês é emocionante, pois retrata a verdade, crua,
fria e nua. Novamente reitero minhas congratulações a todos os atores
envolvidos, não somente agora mas em toda a temporada. A forma como o roteiro
conseguiu dar uma guinada na direção das coisas é espantoso.
Um ponto que eu também acho interessante
trabalhar é a hipótese, sendo esta muito provável, de que nada do que ocorreu
nos últimos 16 episódios teriam acontecido do jeito que aconteceu se o ator não
tivesse rescindido o contrato com a emissora. Por mais que eu queira acreditar, é muito
pouco provável que os King’s teriam retirado o personagem, que a mudança de
firma fosse trabalhada tão rapidamente e que o roteiro estivesse tão ágil como
está agora. A morte do Will não somente afetará o futuro, como já tinha afetado
o passado antes mesmo de acontecer.
É desnecessário dizer que
novamente toda a dinâmica da série vai mudar. A partir de agora teremos,
novamente, uma nova The Good Wife, como a série irá seguir, eu realmente não
tenho como saber. Porém, como não foi decepcionado em nenhum momento até aqui,
tenho fé que os roteiristas irão conseguir finalizar a temporada com episódios
memoráveis, fechando mais um ciclo da melhor série da TV aberta americana.
Observações:
- Se eu fosse o Josh e a
Julianna, eu já iria mandar fazer um suporte na parede pra colocar os prêmios
que eu com certeza irei receber.