[Review] American Horror Story: Coven 3x13 - The Seven Wonders (Season Finale)
Supremacia de equívocos.
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Supremacia de equívocos.
É, meus
caros. Chega ao fim a mais conturbada temporada de American Horror Story (problemática, porém não ruim, como muitos
decidiram taxar), que apesar dos pesares, não deixou de ser um entretenimento
de qualidade nos últimos meses. Qualidade esta que é fruto da entrega sempre pontual
do elenco feminino, que encheu nossos olhos, nos emocionou e defendeu brilhantemente
o, por várias vezes, errático roteiro da antologia. Coven entrou na linha do “ame
ou odeie”, mas até amá-la ficou difícil desde o retorno em janeiro. Claro
que eu não esperava uma catártica finale
como a de Asylum, portanto fui para The Seven Wonders de coração aberto. E o
curioso é que o desfecho de Coven
foi um retrato fiel de toda a estrutura deste terceiro ano: começou
deslumbrando, derrapou feio no segundo tempo e tacou um último take imagético, mas apenas com o feito
do “ah tá, era só isto, OK então”.
Mais uma vez eu reforço que o
sucesso de AHS é fruto da liberdade
criativa dada pelo CEO do FX para Ryan Murphy e sua trupe. Se o filme mudo explicando as Sete
Maravilhas no episódio passado encantou pela inventividade, Stevie Nicks cantando o seu clássico Seven Wonders como uma abertura para os
testes que trariam a ascensão da nova Suprema, surtiu o mesmo efeito. A frieza
da Academia dando lugar à luz de um novo amanhecer enquanto as garotas mostravam
suas verdadeiras poses são dos momentos poéticos que me fazem querer defender Coven para sempre, mas, infelizmente, a finale não segue bem a sequência de
abertura.
Sempre é bom pedir uma salva de
palmas para Frances Conroy, não é
mesmo? Eu já falei aqui inúmeras vezes sobre o quanto sua Myrtle Snow foi
importante para Coven, mas é a sua
condução do teste das Sete Maravilhas (e a posterior cena emocional, quase ao
fim do episódio), que a carimba definitivamente como um dos emblemas deste ano,
me diverti demais com os sonoros e arrastados discursos de Myrtle durante as
tarefas, e também com o ar entediado diante das mais comuns. Ao mesmo tempo, eu
sofri com o macabro fim de Misty, mas para ser sincero, foi a única decisão
corajosa e realmente profunda de toda a finale.
A mais inocente das bruxas, condenada a um inferno necromântico de causar
arrepios reforçando o fato de que no fim, o dom de Misty mesmo sendo tão bonito
na execução, continuava representando o maldito.
Depois do excelente ritmo
impresso no primeiro ato de The Seven
Wonders, os equívocos começaram. Foi meio babaca a forma como Zoe “morre”
no teste de transmutação, mas nem vou reclamar desta parte, pois a execução da
cena estava excelente. É no fim de Madison e na chegada de Cordelia ao posto de
Suprema que eu descarrego meu desgosto com o fim de Coven. Sério, sério mesmo que Madison se deixou ser estrangulada
por Kyle? Cadê a telecinese (seu dom mais poderoso)? Cadê a transmutação
(teletransporte ali seria ideal)? Patético e preguiçoso o fim da jovem witch bitch. Nem acho mais legal terem copiado
homenageado Frankenstein, pois no fim
tudo pareceu ser feito nas coxas para trazer Evan Peters de volta ao elenco.
Não me entendam mal, Delia como
Suprema foi simplesmente encantador – Sarah
Paulson é linda, mas fizeram algo a mais na aparência da atriz que
impressionou de verdade –, porém, quanto a realização eu já não posso dizer o
mesmo. Vem cá, alguém mais se lembra do pequeno problema de fertilidade que
Delia tinha lá no começo de Coven? Se
não, estejam lembrados. Então, acontece que uma das regras para ser a nova Suprema,
é ter a “saúde radiante”, logo, Delia
já estaria automaticamente descartada, mas não foi isto que aconteceu. Pode sim
parecer uma cobrança boba, mas é um furo meio grotesco na mitologia da série e
eu fiquei com essa ideia martelando durante todos os minutos finais.
Depois disto tive de aproveitar
o desfecho de Coven meio acabrunhado
e com uns sorrisos amarelos. Claro, fiquei tocado com a despedida de Myrtle –
agora sim, uma boa retomada da mitologia – e hipnotizado com a Suprema Cordelia
se revelando ao mundo, mas infelizmente o verdadeiro último suspiro de Fiona,
que deveria ser melhor ou tão bom quanto às duas cenas citadas, veio como outro
banho incômodo de água fria. Aconteceram tantas idas e vindas na relação de mãe e
filha, que aquela conversa final mais pareceu um repeteco do que vimos umas
três ou quatro vezes antes. Fiona no seu inferno, então, outro momento
dispensável. O que salva mesmo é o semblante supremo de uma triunfante Cordelia
refletindo meu estado de espírito, não de felicidade pelo conjunto da obra, mas
sim de conforto pelo fim da mesma. Triste, porém impossível de não se admitir.
P.S.: Percebam que a ênfase que eu dei no destaque ao elenco
feminino é justificada por todos os insípidos protagonistas masculinos de Coven.
P.S.2: “BALENCIAGA!”.
Myrtle e sua última palavra na fogueira: divertida, de arrepiar e com toda
certeza uma dica para o próximo ano.
P.S.3: Sim, década de 50, auge do comunismo e o glamour do mundo da
moda (Myrtle fez inúmeros discursos evocando estilistas nos últimos episódios).
Dá para tirar um excelente enredo daí.
P.S.4: Obrigado pela audiência e até o próximo ano de American Horror Story. Que ela volte a
fazer jus a sua marca.