[Review] American Horror Story: Coven 3x10 - The Magical Delights of Stevie Nicks
Do trigo ao joio, como num passe de mágica.
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Do trigo ao joio, como num passe
de mágica.
Para começar, a difícil tarefa que é falar sobre o episódio da semana
passada de American Horror Story, eu
tomei uma decisão: abster-me de qualquer comparação com Asylum. Faço isto para evitar uma injustiça que Coven não merece, ainda que por mais de
uma vez neste ano da série, eu tenha tecido algum comparativo do gênero. O que
cabe aqui, como mais uma justificativa, é que é quase indiscutível o fato de que
o seguimento da antologia é o mais fraco por não ter tido cuidado justo com o
selo que remete a sua gênese – um horror mitológico que deveria prezar pela
ausência de comodismos do gênero –, afinal o “hitting the fan” de Coven foi palco para viradas tão insossas e preguiçosas, que o roteiro foi capaz de
abrir mão dos desdobramentos mais emocionantes preditos pelo espetacular Head. Sim, é da aliança entre Fiona e
Marie Laveau que eu estou falando.
Se pelo menos o sombrio teaser autoexplicativo, com Laveau
revelando finalmente de onde veio a sua imortalidade, tivesse servido de base
para o resto do episódio, acho que o fim da experiência teria sido
completamente diferente. O Papa Legba de Lance
Reddick me fez praguejar contra os roteiristas, pois a presença dele unida à trama da vida eterna – esquecida há um bom tempo e voltando forte com um
propósito quase ofensivo – poderia ter chegado mais cedo para abrir o leque de
invencionices macabras que esperei de Coven
por toda a trama. A voodoo queen e a
Suprema juntas foi canastrice das boas, porém descaracterizou todo o aparente
desenvolvimento pensado para Fiona desde o atentado conjunto organizado por
Myrtle e Cordelia. O desdém com o qual ela tratou Delia foi totalmente sem
noção, pois, se pensarmos um pouquinho, a culpa por Hank ter se infiltrado na
Academia é mais de Fiona, que poderia muito bem ter lido a mente do genro, mas, claro, por uma comodidade sem justificativas, nunca o fez.
A gente se despediu de AHS com Fiona pregando que os laços do
clã deveriam ser fortalecidos por conta dos witch hunters,
para subitamente uma simples tontura trazer o espírito egoísta da Suprema de
volta. Foi condizente com a personalidade dela? Sim, foi. Porém mais uma vez eu
enxergo um cômodo escape do roteiro para acelerar as mortes e retornar de uma
forma nenhum pouco sutil, para a trama da vida eterna que iniciou a trajetória
de Fiona no primeiro episódio. Felizmente, a gente tem Alfonso Gomez-Rejon e o apuro técnico tão característico de sua
mão para encher os nossos olhos, afinal, se o texto não foi bem em Coven, o mesmo não pode ser dito do
visual. Angela Bassett brilhou com
aqueles ângulos enviesados que evocaram todo o poder de Marie Laveau; Jessica Lange teve sua cota ao chamar o
Papa Legba num ritual suspensivo e que só foi ofuscado pela descoberta
dispensável de que Fiona não tem alma; e, claro, Lily Rabe e sua Misty Day tiveram a Academia e um cortejo fúnebre
para comemorar o encontro e o presente dado por Stevie Nicks, respectivamente.
E por falar nisto, foi
divertidíssima a participação de Stevie
Nicks. Rhiannon e a serenata com "Has Anyone Ever Written Anything for You"
disseram tanto, que eu não tenho do que reclamar. Talvez a simpatia que nutro
por Misty tenha contribuído para tudo ali funcionar tão bem, pois confesso que
até a decisão precipitada (no maior estilo Fiona) tomada por Madison me
convenceu (só aquele corpo levantando ainda não colou). Quebrar a inocência de
Nan, também foi outra virada cabível, mas a morte de Joan só comprovou a falta
de planejamento quanto à história dos vizinhos. Plots promissores desperdiçados numa rapidez assustadora.
O adeus de Nan me chocou pela
crueza e ali o status de igualdade estabelecido entre Fiona e Marie Laveau foi
um ganho a se louvar diante de decisões tão bestas durante o episódio. Eu
sempre espero mais de AHS e queria
poder cobrar mais de Coven, mas não
farei isto. A partir de agora a terceira antologia entra na sua reta final, as
dicas para o quarto ano começaram a aparecer e, no fim, eu só espero que a
despedida de New Orleans faça jus a excelência que a gente tanto esperou. Se
não fizer, que pelo menos divirta. Nem é pedir muito.
P.S.: Myrtle, uma troll de marca maior.
P.S.2: Alguém mais achou bonita a ligação estabelecida entre os
bebês de Fiona e Laveau? Certa vez a Suprema deu vida a um natimorto, enquanto
a sina maldita da voodoo queen pretende sempre criar um a cada ano.
P.S.3: E esses marmanjos dispensáveis de Coven? O Bárbaro só figura, junto de Kyle, witch hunters e
companhia.
P.S.4: Já tenho minhas suspeitas sobre o tema do quarto ano. Esta
semana eu confirmo e revelo para vocês.