[First Look] Under the Dome 1x01 - Pilot
“ Nunca se sabe neste maldito lugar. ”
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“Nunca se sabe neste maldito lugar.”
Sob o estigma de adaptar mais
uma das aclamadas obras de Stephen King,
Under the Dome não se sai bem como
adaptação literária, porém exibe uma base forte o suficiente para despertar a
curiosidade daqueles que sempre buscam por novidades na pacata Summer Season. Confesso ter me
decepcionado com o que vimos neste piloto (sim, eu li os livros e o considero
TOP nos favoritos do mestre King),
mas prometo a partir de agora tentar separar as duas mídias, pois não vou ser
justo fazendo comparações, e corro o risco ainda maior de perder um
entretenimento que felizmente se mostra promissor por todo seu escopo de
mistério, ação e suspense.
A pequena comunidade de Chester's
Mill, no Maine, é mais uma cidade modelo do interior dos EUA. Porém, num dia
aparentemente comum, os moradores do local têm suas vidas postas a prova quando
um misterioso campo de força isola todos do resto do mundo. Um dos trunfos desta
première foi o de não cadenciar o ritmo e imprimir o senso de urgência tão
característico do livro. Antes mesmo do incidente que dá nome a série
acontecer, somos apresentados a uma leva de personagens que já despontam em
simpatia e curiosidade. Um escuso forasteiro, a jornalista investigativa, o
chefe de polícia e seu braço direito, dois jovens amantes em uma visível crise
amorosa e o manda-chuva da cidade. Quando a brutal queda da redoma deixa um
rastro de choque ao redor do local, resta uma busca por compreensão que será
suplantada através de um agrave bem maior, o isolamento e o que ele pode trazer
a tona na natureza humana.
O homem, que friamente enterrava
um corpo logo no início do episódio, é Barbie (Mike Vogel) que jogando com a sua verdadeira identidade, se mostra
bem menos perigoso e prestativo do que aparentava. Junto da jornalista Julia (Rachelle Lefevre), Barbie soa como um
anti-herói de aluguel, pois a todo momento ele deixa claro que queria estar
longe dali. Se Under the Dome teve
uma qualidade maior, foi nessa apresentação dos devidos protagonistas. Outro
ponto positivo é que longe de Barbie e Julia, várias ações paralelas foram
vistas e a tensão não se perdeu em nenhum momento.
Um acidente de avião aumenta
ainda mais a coação da população, e aos poucos um breve estado de caos se
instaura. Aqui, duas figuras tomam parte no crescente palco de personagens, o
vereador Big Jim Rennie (Dean Norris)
e o Chefe Duke (Jeff Fahey),
diferente do livro, Big Jim é bem menos intrusivo e prepotente, mas fica claro
que as carradas de propano investigadas por Julia antes do incidente devem
fazer parte de um negócio não muito bem visto pela lei. Se o vereador surge
como salvador da pátria ao invadir a rádio local para avisar a sua cidade do
perigo nas fronteiras, a máscara de bom moço é jogada de lado quando ele já
passa a pensar na duração do atual status de Chester's Mill, ameaçando Duke e
mostrando que é ele quem deve deter o poder no controle do pequeno aquário.
Uma parcela jovem da população da
cidade também teve seu devido destaque. Junior (Alexander Koch) e Angie (Britt
Robertson) protagonizaram uma sombria relação, sendo o primeiro o que
talvez seja o perigo mais urgente até aqui, ao demonstrar uma obsessão
psicopata pela moça, resultando num dos cliffhangers
mais aflitivos. O irmão de Angie, Joe (Colin
Ford) é o típico nerd boa praça e deve ficar a cargo de ser o maestro na
criação do grupo responsável por descobrir o que afinal é a redoma. Os mais
jovens nas obras de Stephen King quando
não assumem um ar de mensageiros do mal, pendem para o lado da aventura a la Os
Gonnies, o que sempre diverte e empolga.
No quesito técnico, a direção do
dinamarquês Niels Arden Oplev (Os Homens Que Não Amavam As Mulheres)
foi bem apática e sem muita liberdade, o que com certeza contribuiu para fria
impressão deixada pelo piloto. As intrigantes mudanças nas regras da redoma
(toda comunicação e som foi cortado com o lado de fora) me incomodaram, mas vou
acreditar que o propósito das alterações será mais trabalhado no decorrer dos
episódios. Outro mimimi que não posso
deixar de fazer é a drástica mudança na relação da jovem policial Linda (Natalie Martinez) e seu marido Rusty. Quem
leu os livros sabe o quão dramática e emocionante vem a ser a história da
família Everett, mas já vi que não teremos nada disso.
Contando com um sombrio desfecho
(a morte de Duke pegou muitos de surpresa) e um amarrado curioso nas conexões
entre cada um em Chester's Mill (Júnior é o filho de Big Jim, e o sumido marido
de Julia nada mais é do que o corpo enterrado por Barbie), Under the Dome, ainda insere o plot
das convulsões com a misteriosa frase “Pink
Stars are falling in lines”, fechando o que promete ser a maior aposta da Summer Season. Pelo menos até agora,
ficamos só na promessa mesmo.
P.S.: Notem que o tal bebum que
Linda menciona no início do episódio, aparentemente previu o terremoto que
antecedeu a queda da redoma... curioso, muito curioso.
P.S. 2: O quadrinista Brian K. Vaughan (Y: The Last Man) tem créditos comigo, então vou acreditar nos
planos para o futuro da trama, mesmo com tantas mudanças.