[Review] Boardwalk Empire S03E01/02/03 - Resolution/Spaghetti & Coffe/Bone for tuna
Demorou, mas saiu a Review tripla dos primeiros episódios de Boardwalk Empire . Fique ligado que estaremos postando as ou...
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Demorou, mas saiu a Review tripla dos primeiros episódios de Boardwalk Empire.
Fique ligado que estaremos postando as outras nos próximos dias.
S03E01 - Resolution
1923, ano novo, novas regras e o Rei de Atlantic City consolidando seu império ao demonstrar que de amigável só mesmo a lisonjeira forma de tratar seus súditos mais abastados. Enoch Thompson sempre foi essa figura ambígua, hora um dissimulado negociador, hora um homem apaixonado que viu na outrora inocente Margaret um refúgio da sua violenta e verdadeira vida, da qual negava a si mesmo fazer parte, por ser o homem por detrás da cortina, o Nucky, o “limpo” que nunca havia sujado as mãos diretamente. Mas foi na traição máxima, executada por Jimmy Darmody, que ele assumiu o seu verdadeiro eu. A morte de seu pupilo por suas próprias mãos na finale passada é, ainda que indiretamente, o estopim para todos os acontecimentos desta première. Se antes Nucky usava de sua lábia para conseguir manter o seu comércio ilegal de álcool, partindo para decisões mais brutais apenas em última instância, agora ele executa sem piedade quem ousa desafiar a sua lei. O mafioso “bonzinho” deu lugar a um homem que apenas em um ano e meio conseguiu subjugar seus parceiros mais confiantes e assustadores: basta olhar a expressão agora passiva do convencido Rothstein na cena da cozinha.
1923, ano novo, novas regras e o Rei de Atlantic City consolidando seu império ao demonstrar que de amigável só mesmo a lisonjeira forma de tratar seus súditos mais abastados. Enoch Thompson sempre foi essa figura ambígua, hora um dissimulado negociador, hora um homem apaixonado que viu na outrora inocente Margaret um refúgio da sua violenta e verdadeira vida, da qual negava a si mesmo fazer parte, por ser o homem por detrás da cortina, o Nucky, o “limpo” que nunca havia sujado as mãos diretamente. Mas foi na traição máxima, executada por Jimmy Darmody, que ele assumiu o seu verdadeiro eu. A morte de seu pupilo por suas próprias mãos na finale passada é, ainda que indiretamente, o estopim para todos os acontecimentos desta première. Se antes Nucky usava de sua lábia para conseguir manter o seu comércio ilegal de álcool, partindo para decisões mais brutais apenas em última instância, agora ele executa sem piedade quem ousa desafiar a sua lei. O mafioso “bonzinho” deu lugar a um homem que apenas em um ano e meio conseguiu subjugar seus parceiros mais confiantes e assustadores: basta olhar a expressão agora passiva do convencido Rothstein na cena da cozinha.
Sem
confiar em mais ninguém, afinal até Margaret lhe apunhalou, não há mais
limites para ganância de Nucky e como sempre o roteiro de Terence
Winter consegue não só dar a profundidade necessária para que o
personagem não caia no estereótipo do orgulho ferido como também confere
uma estranha simpatia ao mesmo. O desfile dos personagens marcantes
também continuou na série e fico feliz que todas as tramas secundárias
pareçam promissoras.
Digo
logo que é a trama de Richard Harrow a que mais me anima, dos
secundários ele foi o personagem mais bem construído e é incrível que
mesmo em dois anos de série a máscara/enxerto que ele usa ainda passa um
ar noir impressionante. A relação fraternal que Harrow criou com Jimmy,
foi o sentimento mais verdadeiro em toda série e mesmo o antigo soldado
tendo se apaixonado pela mulher do amigo, ele nunca o traiu, pois foi
Jimmy o único que viu humanidade no solitário assassino. Não sei se a
morte de Manny foi apenas vingança por Angela ou é o começo de uma
retaliação maior, mas a cena foi a que mais me surpreendeu no episódio,
aquele já costumeiro momento “me deixou de boca aberta” que Boardwalk
consegue fazer.
Não
iria aguentar Van Alden apenas de vendedor, o personagem ficou chato na
segunda temporada com a trama do julgamento de Nucky, mas quando vi que
provavelmente ele vai ficar ligado a Al Capone e o pessoal de Chicago, a
certeza de bons frutos surgiu. Ainda não vejo muito propósito em
Gillian, ela funcionava com o Comodoro e com Jimmy, mas o Bataclan de
Atlantic City criado por ela não mostrou muito a que veio. Das novas
aquisições é para o tal Gyp Rosetti que nossa atenção deve
voltar. O cara já se mostrou insano e em apenas poucos minutos de cena
já me deixou curioso. Boardwalk Empire não tem a popularidade de
Breaking Bad e da sua irmã mais velha The Sopranos, mas se mostra como
uma das produções mais cuidadosas da TV fechada americana. Fotografia,
atores e o bom e velho jazz que sempre conta mais do que aparenta, estão
de volta à fall season e como a tagline da temporada bem apontou, é
realmente impossível ser metade gângster.
“Homens comuns evitam problemas. Homens extraordinários os transformam em vantagem”.
Boardwalk
Empire parece estar seguindo o melhor caminho para construir uma
temporada com uma trama mais sólida e centrada que a do seu segundo ano.
É certo que dentre os maiores problemas das superproduções da HBO, o
costumeiro excesso de personagens é o que sempre salta aos olhos, pois
as tramas mais chatas dos mesmos tendem a se estender mais do que deviam
e acabam cansando ou tirando o brilho de outras, mas em seu segundo
episódio a série mostra que juntar a maior parte do elenco no mote
principal deste ano é a decisão mais acertada que fez em tempos.
Tinha dito na review passada que Rosetti havia mostrado boa parte da
sua insanidade, mas é como um antagonista à altura de Nucky que ele deve
ter destaque, as falas carregadas de ameaça e desdém que são
pronunciadas pelo italiano são assustadoras. Fiquei tenso em todas as
cenas que ele apareceu e a todo momento eu esperava uma explosão de
violência como a da sequência de abertura da temporada. Ficou claro que
ele não tinha gostado nem um pouco da mudança na distribuição do álcool
mostrada na reunião de ano novo, sendo agora exclusiva para o Rothstein,
e o plano de interromper o contrabando retirando o único posto de
abastecimento da equipe do Nucky, apesar de simples, mostrou o quão
persuasivo o italiano pode ser.
Mas minha maior surpresa foi a forma como trataram o retorno de Eli. Assim como Van Alden, o cara havia chegado ao fundo do poço, e é notável
que a distância da venenosa e corrupta presença de seu irmão, fez ele
mudar suas concepções, como nos é mostrado na relutância dele em aceitar
ser empregado por Mickey, pois ele sabe que consequentemente estará no
mesmo barco que comandava antes de trair Nucky e as chances de perder
sua família de vez ficará cada vez mais perto.
Eli nunca foi um personagem querido, mas toda a vontade de sair da
sombra do irmão mais velho, definiu a sua descida ao inferno, e fico
feliz que as tristes cenas que ele protagoniza ao lado de seu filho mais
velho, humaniza o personagem justificando não só o seu retorno como
concedendo a simpatia que lhe faltava. Ainda que eu ache Owen Slater
interessante, muito já se passou e não entendo qual é a do personagem, a
tensão sexual entre ele e Margaret é bem chata, e acaba contribuindo
para desconstrução da antiga musa de Nucky, que até agora é a única
perdida, em um plot maçante de infeção hospitalar em grávidas, que não
sei onde vai dar e não estou nem um pouco curioso para saber.
Tanto Margareth quanto o temível Chalky White estiveram desconectados
da trama central, mas diferente da primeira, o drama familiar de Chalky
parece ser bem mais interessante que grávidas e flertes no hospital, e
saber mais do passado dele, mesmo que seja no reflexo da história de seu
genro, foi uma boa sacada. A moça bochechuda ou nova Margaret do Nucky,
não tem a simpatia e nem a beleza de sua predecessora, portanto é mais
irritante e feia do que interessante, logo eu passo. Pode ser cedo para
especular, mas se optar por um ano mais conciso e focado na ascensão de
Nucky como o verdadeiro mafioso que é, e na função de seus parceiros
nessa jornada, Boardwalk Empire irá fazer uma temporada louvável.
Houve um
momento neste episódio em que eu pensei: “Por favor, não descartem um
antagonista tão promissor para dar prioridade à trama enfadonha de
Margaret”, pois a todo o momento eu estava com a impressão de que já
íamos nos despedir de Gyp Rosetti, que aparentou cair no papo de Nucky
por boa parte de Bone for tuna, mas a série vem e nos entrega uma
reviravolta não tão imprevisível devido a um simples “boa sorte”.
De saber que Nucky ia driblar o cerco de Gyp em Tabor Heights com sua
costumeira persuasão eu até sabia, mas não estava preparado para o fato
de que seu novo “colaborador” é tão ardiloso quanto o senhor do álcool
de Atlantic City. Gyp já tinha se mostrado insano e violento, mas após a
conversa com Gillian ele provou que não é só acuando o sistema de
Nucky, que ele irá conseguir prioridade no produto. As insinuações sobre
o destino de Jimmy refletiram diretamente no desejo de vingança de
Gillian, a perigosa mãe do saudoso pupilo de Nucky é a parceira ideal
para alguém que pretende derrubar os planos do império da cidade.
O tom presunçoso de Owen ao ler a mensagem de Nucky para Gyp foi a
faísca que faltava para reacender a paranoia do italiano. A cena final
no posto de gasolina veio para comprovar o quanto o personagem foi a
melhor aquisição da temporada até o momento. Gosto quando os roteiristas
decidem explorar os reais sentimentos de Nucky, afinal o personagem
sempre se esconde sobre diversas máscaras mediante o que lhe interessa.
Ele ainda sente a morte de Jimmy, as visões da criança baleada, a
insônia constante, o desespero de não poder confiar em ninguém, mostram o
quanto o mafioso se culpa e ao mesmo tempo percebe que está só. Sentado
no escuro do apartamento de Billie, a solidão é único sentimento
verdadeiro que ele tem, pois tudo o que ele podia chamar de família já
se perdeu há muito tempo.
Nem Margaret, nem Van Alden ou até mesmo Luciano mostraram tramas
interessantes. Já falei de Margaret e tudo ali definitivamente não
funciona. Van Alden é um perdido desde a temporada passada e reforço
mais uma vez que se souberem incluir ele no núcleo da máfia em Chicago,
coisa boa pode vir, afinal Michael Shannon é sim um ótimo ator. Essa
história da heroína dos garotos de Rothstein, novamente apareceu do
nada, pois temporada passada ela sumiu com a mesma rapidez que chegou,
logo não tenho muito que esperar dela.
É incrível como sempre acertam em tudo o que envolva Richard Harrow. A morte de Manny foi vingança apenas pela de Angela, o encontro do antigo
combatente com Nucky foi sutil e ao mesmo tempo sensacional. As 63
pessoas que ele matou é um fardo que ele carrega diariamente, o que
mostra o quão o personagem é a única sombra de humanidade na série. Eu
gostaria muito que ele trabalhasse para o senhor Thompson, e mesmo sem
fazer ideia do que aquele encontro vá significar futuramente, as
expectativas para que essa relação cresça são altas.
Mais arrastado que o episódio anterior, Bone for tuna felizmente serve
para desenhar melhor a personalidade do novo personagem da série, mas
comete o erro de boa parte dos episódios da temporada passada, a
inclusão de tramas momentâneas que não fazem sentido quando comparadas a
história principal, pelo menos o que interessa ainda tem bom tempo de
tela.