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[Review] American Horror Story: Asylum S02E02 - Tricks and Treats


Flertando com o pior dos males e apostando em um terror ainda mais sensorial que o do seu ano de estreia, American Horror Story surpreende ao inserir mais um elemento fantástico, sem soar forçado ou até mesmo pretensioso, afinal apostar no tema de possessão demoníaca para expor o triste passado da Irmã Jude foi apenas a “maçã caramelada” que faltava nesse banquete de horrores sensacional. Quem não gostou da inserção do capiroto, numa história que já tem aliens, serial killers, mutantes e um panteão de personagens complexos que carregam de forma consistente toda essa loucura incomum?

Dar continuidade a trama que se passa nos dias atuais e unir de forma plausível esse lado da história com o que aconteceu em 1964, imprimiu um tom de continuidade mais palpável que o dos acontecimentos que mantinham a linha de tempo da Murder House. Mesmo achando o teaser que uniu a presença do Bloody Face nas duas épocas, um pouco fora de conexão com o que foi mostrado durante o episódio, a tensão das duas cenas já ditava o potencial macabro do que iria se desenrolar no Briarcliff e sinceramente não senti nenhuma pena do destino reservado para namorada da Lana.

O embate entre a jornalista e a irmã Jude, levou a uma sequência incômoda e chocante, afinal aquela sessão de eletrochoque foi um soco no estômago até mesmo para freira que não consegui disfarçar uma ponta de arrependimento ao ver o estado da interna. Novamente, é pela personagem de Jessica Lange que tentamos entender o que está se passando naquela instituição e é curioso que mais uma vez os produtores apostaram em Zachary Quinto para personificar um de seus principais antagonistas. Vai ser interessante ver a discussão mulher de fé, homem da ciência se desenhar entre os dois. O psiquiatra interpretado pelo ator é mais uma excelente aquisição para série.

A relação entre o Dr. Arden e a irmã Mary, nos entregou mais um pouco da psicopatia do médico nazista, através dele soubemos também do passado de Shelley, que foi julgada louca simplesmente por ser uma mulher com a sexualidade mais aflorada que a das outras. O questionamento sobre o que teria acontecido se ela fosse um homem, evidenciou bem o quão machista era a época na qual eles se encontram. Fiquei com nojo e meio desconcertado com as cenas na casa do doutor, mas se essa era a finalidade dos produtores. Parabéns, eles conseguiram criar mais uma figura assustadora.

Quando chegamos aos eventos que levaram a possessão do jovem fazendeiro, o episódio assumiu um clima tão obscuro e impressionante que eu só conseguia respirar pausadamente. Não sou muito fã de filmes de terror que abordem esse tema, mas é indiscutível o cuidado que tiveram ao construir toda a ambientação, desde o exorcista, até a tempestade clássica. Bom mesmo foram as revelações sobre Irmã Jude, que era uma cantora de cabaret na época da segunda guerra mundial e deve ter assumido o hábito para fugir da culpa pelo atropelamento da garotinha. Palmas Jessica Lange, pela atuação e por nos fazer crer que sua personagem é mais um fruto do sofrido universo em que se passa a história e não uma vilã por completo.

Para coroar o episódio, o plot envolvendo Kit, Lana e Grace mostrou que por mais normais que cada um deles seja, vai ser difícil manter uma relação de confiança, quando a loucura aos olhos de uma pessoa que tem certeza de que é sã, é algo que deve sim ser mantido trancafiado nas paredes do Briarcliff. Pelo menos depois da cena final, é quase certo que a jornalista passe a ver Kit de outra forma e talvez se unirem realmente suas forças, possam escapar daquele inferno que acaba de se tornar literal, não é mesmo Irmã Mary Eunice?

P.S.: Se todos acham a Pepper assustadora, imagina se tivéssemos mais cenas dela brincando ao som da macabra musiquinha que toca na sala de descanso.

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