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Crítica | Logan


Hugh Jackman se popularizou graças ao papel de Wolverine. Mais do que isso, ele se tornou a cara do herói da Marvel nos cinemas. Como dizem, temos vários Batman, vários Superman, vários Homem-Aranha, mas só um Wolverine. Após 17 anos interpretando o papel, chegou o momento da despedida de Jackman em Logan, depois de participações em nove longas-metragem, sendo três filmes solo (sem contar o uso da imagem em Deadpool). Falando em Deadpool, é notável o fato de que o sucesso do filme de Ryan Reynolds permitiu a Logan ser um longa muito mais violento. Quem espera uma adaptação fiel aos quadrinhos vai se desapontar porque o filme tem uma estética realista, porém essa é sua melhor qualidade.

Esqueça todos os X-Men, esqueça o final feliz de Dias de Um Futuro Esquecido,  Logan se passa em universo alternativo em que os mutantes pararam de nascer e são raridade. Hugh Jackman interpreta um velho Logan, que sofre com a instabilidade de seu poder mutante, outrora forte e rápido. As garras continuam afiadas, porém emperram numa alegoria à velhice, porém não só a ela. O mundo de Logan é triste e solitário, assim como seu protagonista. Mais velho do que ele, somente Charles Xavier, na melhor interpretação de Patrick Stewart no papel. Ambos sobrevivem na surdina com o trabalho de motorista que Logan exerce. A aventura começa quando Logan tem que salvar Laura, uma mutante criada a partir de seu DNA, da empresa que a criou e agora quer exterminá-la.

A narrativa de homem velho e solitário que precisa levar uma garota jovem ao outro lado do país lembra muito o jogo de sucesso The Last of Us. E felizmente essa dinâmica funciona muito bem, pois além dos dois temos o velho Xavier acompanhando a dupla. Como disse, a adaptação se distancia dos quadrinhos e isso fica mais explícito pelo fato do próprio Wolverine ler as HQs durante o filme e afirmar que na vida real não é nada disso. Logan não esquece que é um filme de ação, apesar da forte carga dramática, e nos mostra um Wolverine animal ainda não visto nas adaptações da FOX. Braços, cabeças e pernas voam pelo ar, tanto por culpa de Logan, quanto de Laura.

Apesar da estética violenta e realista, Logan é pouco original quando aos seus vilões. Temos de novo antagonistas com perfil militar, como Pierce (Boyd Holbrook), unidimensionais, cumprindo uma missão sem questionamentos. Já vimos isso tanto em Wolverine: Imortal quanto em X-Men Origens: Wolverine. O filme se distancia das duas obras anteriores pelo bom desenvolvimento do protagonista com as pessoas que cruzam seu caminho, como Laura e Charles.

Hugh Jackman entrega uma atuação digna de um último filme. O ator não decepciona em incorporar as partes mais brutais de Wolverine, nem foge de sua personalidade teimosa e de difícil conversa. Nesta despedida podemos ver o melhor de Wolverine e toda a carga dramática que esse personagem carrega consigo. Fica difícil não se emocionar com tudo o que Logan transmite, uma mistura de solidão e tristeza. Não poderia ser diferente.

Logan não é o filme perfeito. O diretor James Mangold supera o trabalho visto no último filme solo do herói, conduzindo a história de forma muito mais madura e com outra estética. Os próprios mutantes que aparecem na história, por mais fantásticos que sejam, como Caliban (Stephen Merchant), tem uma personalidade crível, uma referência à pessoas excluídas e oprimidas, que tem que se esconder para sobreviver. É uma pena que isso não aconteça quanto aos antagonistas, que são parte importante do filme. Foi o que faltou para Logan ser tão profundo quanto pretende ser.

Feito com carinho e cuidado, Logan deve agradar ao público, incluindo os fãs da franquia. É, de longe, a obra mais madura sobre os X-Men no cinema e o filme mais emocionante. Hugh Jackman se despede com estilo e com a certeza de que vai deixar saudades. Ao meu ver, é muito difícil colocar outro ator para o papel. O filme ainda abre possibilidades para o futuro da franquia, visto que a FOX deve continuar com os direitos sobre os mutantes por um bom tempo. Deadpool abriu a possibilidades de filmes de heróis adultos, e Logan segue a linha. Acredito que esse caminho é uma boa alternativa aos filmes pipoca da Disney/Marvel e as adaptações instáveis da Warner/DC. Fãs tanto dos quadrinhos quanto do cinema agradecem.

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