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First Look | Legion 1x01 - Chapter 1


"Diga para mim, isto é real?!

Se o excesso de séries que adaptam personagens de HQs para a TV e também para os serviços de streaming levou a um esgotamento de novidades no gênero, nada mais louvável do que um resgate da ousadia que colocou a nona arte como busca de material fonte para boa parte desses shows. Encontrando na figura de Noah Hawley (Fargo) o parceiro certo para trazer ao mundo a primeira série contemporânea do universo dos X-Men, o canal FX não só garantiu um robusto tom esquizofrênico para o excelente piloto de Legion, como trouxe o espírito anárquico e sombrio dos quadrinhos protagonizados pelos Filhos do Átomo e imortalizados pelo lendário Chris Claremont. Logo, não é nenhuma surpresa que o episódio fuja imediatamente de todo o padrão estabelecido pelas infinitas séries do eixo DC/CW e pelas empreitadas menores do Universo Cinematográfico Marvel.

Contando a história do mutante David Haller (um inspirado Dan Stevens) e de sua ascensão como peça-chave de uma intricada conspiração governamental que põe em cheque tudo o que ele acredita ser real, Legion já dá um chega para lá em qualquer convenção ao pular toda a ladainha de "história de origem" e nos colocar no meio dos desconexos eventos que destrincham a estranha vida de David. Diagnosticado com esquizofrenia após tentar suicídio, o jovem é internado num hospício e passa a tentar controlar as pessoas e as vozes que ele insiste em ver e ouvir. Sob o efeito de um pesado tratamento, David vive os seus dias ao lado da interna Lenny (Aubrey Plaza) até que a chegada de Sydney (Rachel Keller), outra interna que prefere nunca ser tocada por um motivo que parece ter muito em comum com a "esquizofrenia" do protagonista, acaba deixando sua vida ainda mais urgente.


O trunfo do piloto é a incomum estrutura narrativa que usa e abusa da loucura de David para apresentar o universo da série da forma menos convencional possível. As alucinações se misturam com as reais habilidades mutantes dos personagens e o ponto de interrogação imenso que se forma nas nossas cabeças desde a primeira cena, felizmente vai se desfazendo a cada nova pista que o roteiro dá. Sim, a gente sabe que optar por uma estrutura não-linear não é nenhuma novidade na ficção, mas a escolha aqui confere um charme a mais, deixando Legion hipnotizante. Para completar o pacote, como se não bastasse o desbunde visual da primeira metade do episódio muitas possibilidades se abrem no seu terceiro e frenético ato, tornando-se quase impossível não se arrepiar com o plano sequência emulado durante a fuga do bunker militar.

Quem conferiu Fargo sabe que o showrunner Noah Hawley nunca opta por saídas fáceis, e se o cliffhanger que anuncia uma curiosa reunião de mutantes for a deixa para essa nova fase dos personagens, eu não poderia estar mais animado por aqui. Legion não será uma série de audiência estrondosa e nem mesmo deve funcionar para o grande público, porém, assim como outros shows do FX, tenho quase certeza que vai criar uma "legião" de fãs ávidos por histórias que podem ser contadas sem subestimar a inteligência do expectador. Uma nova era tem início para as adaptações de quadrinhos, e como um consumidor assíduo do gênero testemunhar esse pontapé inicial é mais do que gratificante. Eu não perderia esse evento por nada! Afinal, Legion é o primeiro must-see de 2017 na TV. Intensa e verdadeiramente original.

P.S.1: Nas HQs, David Haller é filho do professor Xavier, mas ainda tenho minhas dúvidas de que esse parentesco será mantido.

P.S.2: Que trilha sonora espetacular!!
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