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Falando Sobre... | American Horror Story: Hotel - Acertos e equívocos


O lugar onde tudo termina. 

Em todos os meus textos ao longo dos cinco anos de American Horror Story, nunca deixei de destacar o poder imagético da série mesmo nos seus piores momentos. Sendo assim, com a estreia da misteriosa e cada vez mais aguardada sexta temporada, resolvi trazer a luz para a única entrada do show que me deixou desanimado o suficiente para não conseguir acompanhá-lo com reviews semanais. Hotel foi sem sombra de dúvidas a antologia mais difícil depois de Coven, e o que me deixa triste até hoje é perceber o potencial de diversas tramas que patinaram devido à ambição e o descontrole costumeiro de Ryan Murphy. Mesmo com todos os pedaços que poderiam ter transformado Hotel no momento mais inesquecível desde Asylum, Murphy optou por encher a trama com subplots dispensáveis e que só enfraqueceram backstories promissoras.

Mas antes de ressaltar os maiores problemas da temporada, podemos passear um pouco pelas histórias e personagens que não deixaram Hotel se transformar num desastre completo. A gente sabe que o elenco de American Horror Story segura qualquer absurdo que venha da sala dos roteiristas da série, mas foi a novata Lady Gaga e o veterano Denis O'Hare, os únicos responsáveis por momentos genuinamente inspirados durante os arrastados episódios que se perdiam a cada informação dada sobre a batida trama do Assassino dos 10 Mandamentos. A Condessa e a bartender trans Liz Taylor foram um sopro de novidade num panteão de personagens que já partilharam das mais bizarras conexões, e este não é exatamente o feito mais fácil de se conseguir.

Toda a trama de Liz foi sustentada por twists dramáticos que nos deixavam sem chão graças à sensível interpretação de O'Hare. Se numa sequência a gente se pegava rindo da relação de Liz com a melhor amiga Iris - Kathy Bates foi outro dos trunfos de Hotel -, minutos depois poderíamos ser devastados por suas confissões solitárias para Tristan (Finn Wittrock se destacando novamente). É aqui também que entra a vampira milenar de Lady Gaga. A origem do vampirismo construída pelo roteiro foi de longe uma das mais inspiradas na mitologia desses seres fantásticos. Ryan Murphy adora metalinguagem e tivemos outra prova de que não existem limites para sua sede de quebrar com estruturas. Resgatar uma lenda urbana envolvendo F.W. Murnau - o diretor de Nosferatu - para dar corpo à backstory da Condessa me fez abrir um largo sorriso.

Infelizmente, tudo o que se seguiu com os personagens de Evan Peters, Sarah Paulson, Angela Bassett, Chloë Sevigny, Matt Bomer e Wes Bentley foi morno e empalideceu o que poderia ter sido tirado magistralmente das tramas paralelas. O detetive Lowe (Bentley) foi a âncora de Sally (Paulson) e do psicopata Mr. March (Peters), conseguindo inclusive deixar os clássicos episódios de Halloween com um gosto amargo. O mistério construído ao redor da identidade do assassino foi tão bobo que eu só ficava cada vez mais triste com as possibilidades que iam sendo perdidas. Já Bassett sofreu com uma versão patética da saudosa Marie Laveau e teve em sua Ramona Royale o maior exemplo de que Murphy precisa se conter nos castings amigos. Ramona não teve propósito algum a não ser protagonizar com Donovan (Bomer) os momentos mais risíveis de uma vingança sonolenta.

Mesmo sendo uma das antologias mais épicas em termos de escopo na trajetória da série, Hotel não soube lidar com os desvios pensados para sua construção, e até mesmo as provocativas ligações com os anos anteriores soaram amareladas. No entanto, a temática de renascimento através da morte conseguiu fechar o ciclo iniciado nos macabros corredores Art Déco do Cortez com um tom de otimismo deturpado ao maior estilo Ryan Murphy de ser.

Esse ano eu passo o bastão das reviews de American Horror Story para a Luísa Ribeiro com a certeza de que a série vai continuar recebendo uma cobertura apaixonada aqui no LoGGado. Só posso acrescentar que vou guardar todos os bons momentos que a série me proporcionou na hora de pensar sobre as melhores conexões e referências que Murphy e sua turma conseguiram trazer para o universo antológico mais apaixonante e rico da TV americana. O horror como forma de arte sempre terá o melhor dos representantes aqui.
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