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[Crítica] Evereste


Logo no início do filme, vemos letreiros explicando sobre as expedições para subir o Monte Evereste ao longo dos anos e quantas pessoas morreram tentando realizar esta proeza. Evereste se situa em um contexto extremamente peculiar, o que o torna bem interessante. É um filme grandioso, tal qual a paisagem-título. Todavia, o filme falha na tentativa de ser mais grandioso do que já é, soando por vezes pretensioso.

Evereste se passa no ano de 1996. Nesta época, subir o Monte virou negócio. Quem desejasse poderia fazê-lo se pagasse uma pequena fortuna para agências de turismo especializadas nesse tipo de aventura. Uma das expedições que acompanhamos aqui é supervisionada pela Adventure Consultants, que tem como guia o montanhista neozelandês Rob Hall (Jason Clarke). Casado com Jan (Keira Knightley), Hall deixa a esposa grávida em sua terra natal para mais uma excursão ao Monte Evereste. Entre seus clientes, estão os americanos Beck Weathers (Josh Brolin) e Doug Hansen (John Hawkes), a japonesa Yasuko Namba (Naoko Mori), além do jornalista e escritor Jon Krakauer (Michael Kelly). Acontece que a equipe de Hall não é a única no local. Eles se deparam com a expedição organizada pela agência Mountain Madness, cujo guia é o americano Scott Fischer (Jake Gyllenhaal).

Dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur, Evereste ganha força quando se concentra em proporcionar ao espectador a sensação de estar subindo aquela montanha. Sensação que é acentuada quando se está assistindo ao filme na maior tela possível. Subir o Evereste está longe de ser uma tarefa fácil: é um feito onde a natureza conspira o tempo todo contra os limites humanos. E o filme é hábil ao expor o desgaste físico daqueles que se aventuram nessas excursões de alto risco. Além das sequências de escalada propriamente dita, é muito interessante acompanhar os bastidores das expedições, o planejamento, as instruções, os momentos de descontração da equipe, que injeta na produção um calor humano que desperta empatia imediata por aquelas pessoas. No entanto, a contratação de William Nicholson e Simon Beaufoy para escrever o roteiro do filme revela-se equivocada, visto que são autores com estilos totalmente diferentes um do outro. Com isso, Evereste, no geral, revela-se um painel enfadonho e arrastado, com uma bagunça de tramas paralelas e excesso de personagens que atrapalham o desenvolvimento da narrativa.

Em meio a tudo isso, percebemos logo que Rob Hall, interpretado pelo australiano Jason Clarke, é o centro do filme. O ator que já é conhecido por filmes como Os Infratores, A Hora Mais Escura, Planeta dos Macacos: O Confronto, e O Exterminador do Futuro: Gênesis, apresenta aqui um desempenho seguro. Mais do que simplesmente um guia, Hall é um líder preocupado com a segurança e a satisfação de seus clientes, mesmo que tenha que arriscar a própria vida para que isto seja possível. Outro destaque é o norte-americano John Hawkes, que interpreta Doug Hansen, um homem determinado a alcançar o topo do Evereste custe o que custar. E é justamente sua persistência que acaba comprometendo a segurança de todo o grupo. Se (e faço questão de enfatizar o "se") alguém for indicado a premiações por este filme, provavelmente será Hawkes, por seu retrato tocante de um homem resiliente disposto a vencer mais uma prova para compensar algumas de suas frustrações na vida. Em compensação, ainda que sejam atores competentes que entreguem performances satisfatórias neste filme, a presença de intérpretes como Jake Gyllenhaal, Josh Brolin, Keira Knightley, Emily Watson, Robin Wright e Sam Worthington, ao invés de ajudar a contar a história, revela-se equivocada, sendo desperdiçados e impiedosamente descartados no processo.

Evereste é um filme que compensa mais pela experiência que deseja (re)criar do que pela história que pretendia contar. Na preocupação de pensar em um filme panorâmico e abrangente, os realizadores terminaram por fazer uma produção confusa, que parece não saber que tipo de filme deseja ser. O que é um problema e uma pena para um projeto que parecia bastante promissor.

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