loggado
Carregando...

[Crítica] Minions


Desde sua sequência de abertura extremamente didática para os espectadores desfamiliarizados com a franquia Meu Malvado Favorito (mas também para as crianças que exigem algum tipo de contextualização para um filme stand-alone), podemos prever toda a linha de desenvolvimento de Minions. Um spin-off obviamente desnecessário, e que em nenhum momento se dá o trabalho de oferecer qualquer justificativa para sua existência, a animação se sustenta em excesso de humor slapstick e uma premissa muito frágil, tendo pouquíssimos momentos de genuína inspiração.

Em Minions, os personagens-título, seres amarelos e milenares, têm uma missão: servir os maiores vilões. É 1968 quando, em depressão desde a morte de seu antigo mestre, eles tentam encontrar um novo chefe. Três voluntários vão até uma convenção de vilões e lá se encantam com Scarlet Overkill (Sandra Bullock), que ambiciona ser a primeira mulher a dominar o mundo.

Se Meu Malvado Favorito e sua sequência por si só são suficientemente criticáveis, pode-se considerar que Minions atinge um ponto ainda mais baixo para a franquia. Com falhas em quase todos os seus aspectos, desde o argumento até a execução propriamente dita, o filme não satisfaz nem como história de origem, nem como passatempo, uma vez que é difícil que encontre sucesso em qualquer espectador senão, talvez, as crianças mais jovens ou aqueles já fidelizados à história de Gru. Minions sofre principalmente pela absurda falta de um senso de maravilhamento, desenvolvendo-se frio e calculado somente para entreter preguiçosamente seu público-alvo.

O humor, principal pilar de sustentação do longa, logo se demonstra extremamente falho em estabelecer uma conexão. Baseada majoritariamente em gags bobas e sem inspiração, muitas destas recicladas de outros filmes do gênero, a veia cômica de Minions funciona na base do acerto e erro, propiciando alguns poucos momentos divertidíssimos, como a primeira aparição de uma feliz família de ladrões, e outros, majoritários, absolutamente ridículos, como o execrável número musical dos guardas ingleses. Marcam presença também algumas referências óbvias aos anos 1960 e aos Meu Malvado Favorito originais, clichês culturais ocasionalmente ofensivos, enfim, o suficiente para caracterizar esta como uma típica chanchada vulgar que raramente inspira um sorriso sequer.

De fato, assim como os filmes da trama original, este spin-off investe num humor tão exagerado e caricato que é impossível nutrir o mínimo de simpatia por seu carisma forçado e vacilante, ainda que adotássemos nosso olhar mais infantilizado possível; porém, em Minions, tudo é ainda mais over e mais irritante - até mesmo um inexpressivo pombo parece demais. A dublagem, ao menos nacional, parece concordar com a opressora necessidade de deixar tudo ainda mais caricato, e, como sempre, a proposta satírica tradicional de Meu Malvado Favorito é demasiadamente escrachada para funcionar efetivamente. É tudo trabalhado de maneira tão excessiva que o filme parece contentar-se em assumir uma posição de quase insuportabilidade.

Quase, eu disse; pois, ainda que suas inúmeras falhas deixem bem claro que o ingresso valerá apenas para um segmento muito singular do público, há pontos positivos que devem ser ressaltados. O design da animação sem dúvidas é outro ponto passível de críticas, investindo em traços e movimentos também caricaturais, mas os cenários, de tão belos, beiram à perfeição. A direção de Kyle Balda e Pierre Coffin também traz um interessante trabalho, que demonstra seu auge especialmente nas cenas de ação, todas muito bem desenvolvidas, das quais se destacam as perseguições em Londres e o clímax, que, relevando-se alguns vícios, chegam a genuinamente empolgar. É claro que estas, bem como as inúmeras falhas de Minions, poderiam ser aperfeiçoadas com um melhor desenvolvimento de outros aspectos técnicos, sobretudo a trilha sonora de Heitor Pereira, que, em harmonia ao resto do longa, é bastante medíocre e sem inspiração. 

Com humor previsível, extremamente infantilizado e caricato, é certo que Minions será rapidamente esquecido, especialmente por investir num timing tão ruim, no qual comparações com o infinitamente superior Divertida Mente serão inevitáveis. Fato é que o longa não pode criticado pela inconstância: pelo menos a maioria de seus aspectos são igualmente falhos, e, admitamos, tendo em vista outras animações lançadas recentemente, o resultado poderia ser ainda pior.

Minions 1682780764516213852

Postar um comentário Comentários Disqus

Página inicial item