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[Review] The Strain 1x03/04 - Gone Smooth/It's Not for Everyone

Uma realidade para poucos.


Uma realidade para poucos.

Ficção científica e horror são dois dos meus gêneros favoritos. Vocês não têm noção do quanto eu fico feliz quando encontro uma produção que consiga casar as duas coisas de forma orgânica e inteligente. Pra falar a verdade, eu já conhecia a Trilogia da Escuridão antes mesmo de The Strain ser anunciada, mas só li os livros quando confirmaram que a série ia sair do papel, pois foi logo na época em que os três exemplares já estavam à venda. Assim, nas linhas escritas por Guillermo Del Toro e Chuck Hogan, eu tive a certeza de estar diante do background perfeito para uma nova pérola dos gêneros citados anteriormente. Porém, como se já não bastasse a obra original, os episódios das duas últimas semanas de The Strain só aumentaram minhas expectativas pelo desenrolar de algo que eu sei que deixará muitos de queixo caído.

Gone Smooth e It's Not for Everyone, por exemplo, dividem a mesma estrutura dos episódios anteriores, só que agora os contornos da infecção desencadeada pelo incidente no vôo Regis Air tornam-se ainda mais agressivos e perturbadores (se é que é possível). O comandante Redfern, o rockeiro Gabriel Bolivar e o pai de família Ansel Barbour, são os três sobreviventes que acompanhamos aqui e é gratificante perceber que o roteiro da série demonstra a evolução da praga vampírica com uma unidade primorosa.

São efeitos enumerados gradativamente e que sempre culminam numa sequência de horror de dar arrepios: como a cena em que Ansel bebe o sangue da carne através de um tentáculo bucal, ou mesmo o momento desconcertante em que Bolivar perde os órgãos genitais e não aparenta o mínimo de descontrole.

Ainda na linha dos monstros, o alemão Eichorst é outro personagem que continua roubando a cena quando falamos do lado fantástico da série. A cold open que abre Gone Smooth, com o vampiro colocando literalmente uma máscara humana para lidar com os planos da corporação Stoneheart é sensacional. Ele também é a ponte para entendermos os motivos da traição de Jim, além de se firmar como a ameaça maior enquanto o Mestre não se estabelece por completo em Nova York.

Eph, Setrakian e o curioso exterminador Vasiliy Fet formam o trio de improváveis heróis que, mesmo trilhando caminhos separados, vão seguindo para se esbarrar uma hora ou outra. Sim, vale dizer que eu fiquei feliz pela agilidade com a qual o roteiro tratou a trama da guarda do filho de Eph e isso só prova que a série sabe bem manter o foco no que realmente interessa sem esquecer-se do viés humano. Afinal, se a índole de Eph não tivesse sido tão bem retratada até aqui, ninguém compraria o desespero estampado no rosto dele e da equipe diante da cabeça destruída do comandante Redfern, logo após o brutal embate no hospital.


O título sugestivo do episódio It's Not for Everyone fica mais do que propício quando a última cena tem um fim e paramos para pensar nas outras. Não acho que a lista de pessoas dispostas a participar da autópsia do comandante Redfern seria extensa, mas acho que o contrário aconteceria se fossemos elencar o pessoal que vomitaria depois da retirada do tentáculo bucal. A operação realizada por Eph e Nora já é, para mim, a melhor sequência desde a cena no necrotério e disse muitas coisas sobre a praga vampírica.

Então quer dizer que a perda dos órgãos genitais ocorre com a finalidade de simplificar o aparelho digestivo dos vampiros? Sinistro, hein? A série quer mesmo desmitificar o lado sexy que as criaturas ganharam nos últimos anos. Outra informação pontual que conseguimos na autópsia é a origem da amônia encontrada no vôo. Os vampiros de The Strain comem e defecam ao mesmo tempo!! Dá ou não dá para ficar de estômago embrulhado?

Nesse meio tempo, Ansel vai cada vez mais sucumbindo a sua condição e mesmo não acrescentando muita coisa a história, as cenas entre ele, sua mulher e um vizinho chato deram o tom de humor negro que vimos em outros momentos da série desde o piloto. O drama ficou por conta da confissão de Jim diante da crescente certeza de Eph sobre o perigo que já está se propagando por toda Nova York. Fiquei com pena do rapaz e concordo com Nora: ninguém pensa muito em consequências quando a vida de alguém que se ama está em jogo.

Finalmente o encontro entre Setrakian e Eph diante do inexplicável aconteceu. O “massacre” na casa dos Arnot pode até não ter sido bem conduzido, mas a frieza do velho judeu ao dizer o arrepiante “get the gasoline” me deixou bem empolgado para os próximos episódios. The Strain vem crescendo sorrateiramente, porém guarda a mesma brutalidade dos seus seres fantásticos em cada um dos seus passos. Eu não tenho do que reclamar até aqui.

P.S.: Não comentei sobre a trama da hacker contratada pelo magnata Eldritch Palmer, mas tá na cara que isso vai vir de encontro a Eph se ele pretender revelar o vídeo da autópsia.

P.S.2: O mesmo vale para Gus e sua família. A proximidade entre ele e Setrakian ainda vai unir os personagens uma hora ou outra. Só espero que seja logo, para o núcleo do mexicano não aparentar ser tão dispensável quanto foi nesse episódio.


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