[Review] The Leftovers 1x02 - Penguin One, Us Zero

Com mais algumas pistas sobre a loucura iminente dos deixados para trás, The Leftovers nos imerge no mistério que ronda a série, sem medo da complexidade que isto possa trazer.

Seguindo o script de nos apresentar aos poucos os seus personagens e o perfil de cada nicho, conhecemos 'melhor', por assim dizer, o grupo de Wayne. E se a coisa já parecia no mínimo sinistra no episódio anterior, neste pudemos ter a noção do quão doentio o 'Santo' é. Sim, ele promete curar com abraços mesmo, e isso sai bem caro; diversas autoridades políticas já se renderam, o que pode se tornar deveras perigoso. Além de brincar com o espiritual e com a existência, Wayne se mostra extremamente manipulador e medonho. Mas o mais interessante é que, ainda que o sirva ferrenhamente, Tommy parece não acreditar em tudo aquilo que vê em seu chefe. Ainda não consigo saber se sua insistência em continuar como braço direito de Wayne é pela importância e impacto que isto cause ou se, simplesmente, se trate de um romance platônico com uma das amantes do patrão. O que sei é que, pelo que já vimos, a vida de Tommy não está segura, e minha torcida mesmo - pelo menos agora - é por um reencontro com o pai.

Aliás, por falar em reencontros, acho que durante todos os minutos de série, até agora, meu foco foi no xerife Kevin, e no quanto eu gostaria que ele pudesse ter a família toda reunida novamente. A dor que ele sente em não poder estar perto da esposa e do filho é visível; Kevin é, de longe, o personagem a quem mais me apeguei e por quem mais torço. Até a filha, a única que permaneceu ao seu lado, está ali apenas fisicamente. Se bobear, Jill está mais longe do pai do que qualquer outro separado por uma distância física (a amizade sem graça com Aimee não ajuda).

Respostas sobre os Remanescentes Culpados? Não, não mesmo. É desesperador assistir à todas aquelas pessoas que sequer falam e tendem a afundar suas dores em cigarro, branco e silêncio. Até brigas protagonizadas por canetas e papéis se tornam incômodas de se ver. Perder um parente para os RC é como ter perdido alguém no 14 outubro, a diferença é que eles escolheram ir embora para longe dos seus. Tudo aquilo que Kevin não pode fazer para tentar trazer de volta ao mundo real sua esposa, Laurie, ele tentou com a candidata à Remanescente, Megan. E, ao que parece, deu certo. A julgar pela reação do noivo de Megan ao saber sobre sua ida aos RC, não parece que ele a aceitará de volta de braços abertos. Se Megan decidiu mesmo ir embora, torço por uma aproximação com Kevin, e no que tudo isso possa desencadear.

Enquanto isso, descobrimos algumas coisas interessantes, por assim dizer. Lembra de Nora, aquela que perdeu a família inteira e agora é o símbolo da tristeza que aquele Dia Incomum trouxe consigo? Para reforçar que ninguém - agora mais do que nunca - é o que parece ser, a mulher carrega consigo uma arma gigantesca, e não ficou claro se ela faz mesmo questão de esconder isso dos outros. Não acho que Nora seja alguém que vá a qualquer momento causar uma chacina na cidade empunhando loucamente uma arma, mas fiquei curiosa em saber mais sobre a personagem, e como sua vida se resume aos eventos pós-14 de outubro (derrubar uma xícara propositalmente para ver o olhar de pena de um garçom foi, no mínimo, estranho).

Para encerrar, quão simbólica foi a sequência que envolveu o 'sumiço' dos pãezinhos na máquina? A inquietação de Kevin por encontrá-los significa justamente o que cada deixado para trás sente todos os dias ao acordar. Como resolver isso? Como explicar o desaparecimento de alguém que estava ao seu lado e, de repente, não estava mais? Até que estas respostas sejam dadas (SE forem), a sanidade destas pessoas corre um sério perigo. E é exatamente sobre esta sanidade que The Leftovers nos convida a experimentar.

P.S.1: Não gosto do moço que mata cachorros, e não dou a mínima pra ele.

P.S.2: Habemus abertura! Tão obscura quanto a série, diga-se de passagem.