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[Review] The Vampire Diaries 5x19/20 - Man On Fire/What Lies Beneath

O que aconteceu com The Vampire Diaries ?


O que aconteceu com The Vampire Diaries?

Atenção: O texto a seguir está um pouco... longo.

É claro que se sabe muito bem qual o problema da série. Ou melhor, os problemas. Então é por esse motivo que a review dessa semana, que infelizmente chegou atrasada (desculpa, gente), será, em especial, sobre todo o quinto ano da série, no qual falaremos sobre esses incômodos. Todo ano, quando a série encaminha-se para sua etapa final, costumo fazer esse levantamento, para analisar a temporada como um todo. E o momento não poderia ser mais oportuno, afinal, os dois últimos episódios resumem bem como foi o primeiro ano de Caroline Dries como showrunner.

Essa avaliação de todo o panorama da série só é completa com a análise de todos os ângulos e pontos de vista. Para isso, aqui constam não somente minhas opiniões sobre o assunto, mas também frutos de uma extensa conversa entre meus amigos Brunna Santos e Yan Kevyn – a maior parte do texto não seria possível sem a contribuição deles, portanto, obrigado. Essa articulação das ideias nos faz compreender a fundo o problema, então todos vocês leitores estão convidados a deixar suas opiniões nos comentários.

Então vamos à famigerada lista de promessas de fim de ano (ou temporada, como quiserem). Para começar, como Man on Fire evidenciou perfeitamente, a quinta temporada não soube gerir os personagens. Daí vem uma pergunta, estilo a do ovo ou galinha, a qual ainda tenho minhas dúvidas para responder. Quem estragou primeiro: os personagens ou as tramas nos quais eles estão inseridos? Quando acredito ter certeza de que a segunda opção é a correta, penso em quantas vezes a personalidade dos protagonistas foram corrompidas para ajustá-los ao evidentemente eterno triângulo amoroso. Em outros casos, como o de personagens secundários, o dilema nem mesmo se aplica, já que não recebem atenção suficiente. Eles não estão realmente diferentes ou muito menos tem tramas próprias. Mas vamos analisar caso a caso.

Tyler é aquela bolinha de ping pong entre TVD e The Originals. Ele dá uma passeada por lá, depois volta, ainda mais perdido e deslocado do que antes. As únicas memórias que tenho dele é de quando ele foi possuído por alguém – Klaus e Julian, um dos Viajantes – e de seu namoro com Caroline. Bom, a última opção não funciona mais, pelo menos ao meu entender, visto que eles mal aparecem juntos, embora ainda tenho a impressão de que a série forçará um recomeço para o casal. Então para que serve o Tyler? Sinceramente, como não gosto do personagem, não consigo responder. Nadia, por exemplo, poderia ter morrido por qualquer outra coisa que não fosse a mordida de híbrido. É por isso que, a partir dos eventos de What Lies Beneath, podemos nos preparar para uma despedida (mais que bem-vinda!). Embora essa seja uma boa notícia (para mim, pelo menos), ainda fica a sensação de que é o mínimo que a série poderia fazer.

Não que TVD tenha a obrigação de sair por aí exterminando todo mundo que não presta para nada, o que seria quase todo mundo, convenhamos. Mas porque a série não operava dessa forma. A morte de Isabel e de John, lá nos bons tempos, foi chocante e surpreendente porque eram personagens que estavam contribuindo com os plots da série e tinham potencial para permanecer por mais tempo. Agora, infelizmente, o artifício aparece como uma medida desesperada dos roteiristas. Um último recurso. Como se já tivessem tentado incansavelmente encontrar razões para manter o personagem na série, mas não conseguissem. Caso a morte de Tyler realmente aconteça, este é o maior exemplo do roteiro exausto e decadente da série. Por isso, ninguém vai se surpreender e possivelmente nem lamentar.

Aliás, virou hábito. Quando o personagem já deu o que tinha que dar, ele parte para a segunda fase de sua vida: os 15 minutos de fama. Aquele momento em que a gente pensa “agora vai”, que aparenta ser a saída do personagem de seu período de hibernação. É aí que sabemos que ele vai morrer. Portanto, recapitulando: ócio, fama e morte. São as três fases. O Tyler está nesse processo, Enzo passou por isso no episódio anterior, Wes também, no meio da temporada, e Aaron... Bem, quase isso. Embora ele tenha seguido todos os três passos, tenho para mim que Aaron é um erro dos roteiristas. Um personagem terciário que deveria ter tido o mesmo destaque que aquele cara que o Damon arrancou a cabeça, quando tinha acabado de acordar do efeito do soro Augustine. Ele foi especialmente mantido para desencadear uma sucessão de eventos que causariam o fim (?) de Delena, o qual falaremos mais adiante. Também podemos incluir aqui o paquera de Caroline, que durou o quê? Três episódios?

No grupo da incompetência (junto com todos os roteiristas da série) está também Bonnie, Jeremy e Matt, que conseguiram a proeza de serem mais inúteis que os irmãos bruxos.  Para a minha surpresa, Matt não ficou com o prêmio pastel do ano, porque Jeremy se superou. E muito. Ele, inclusive, foi dispensado em alguns episódios, de tão “importante” que era. E olha que ele nem pode viajar para New Orleans por umas semanas. Para não ser injusto, ele serviu como refém de Damon e Enzo. Fora isso, presenciamos várias cenas legais entre ele e Bonnie, incluindo algumas divertidas cenas de ciume, porém irrelevantes à história.


Bonnie é um caso à parte. Acho tão engraçado que no quarto episódio dessa temporada estávamos lamentando a morte dela. E agora presenciamos ela (sim!) morrendo de novo! O fato de ela ser incapaz de cumprir a cota de bruxas, dando, assim, espaço aos irmãos, é o motivo principal da falta de utilidade da personagem. De fato, ela tornou-se apenas uma porta para o outro lado. Nada além disso. Para alguém que já foi chave essencial para a resolução de tramas importantes em TVD, a atual posição dela na série conseguiu equiparar-se a Jeremy e Matt, o que é um tanto espantoso.

Por fim, temos Matt. Este recebeu um bom destaque no material promocional, inclusive justificando essa atenção durante a primeira parte da série, mas não durou por muito tempo. Desde que se juntou a Tyler e Jeremy para monitorar os irmãos bruxos e ajudá-los, coisa que só precisaria de uma pessoa no máximo, ele começou a perder o brilho. O fundo do poço foi sua burrice no interrogatório do último episódio, em que ele, de cara, entrega a Julian a informação de que ele estava no corpo do melhor amigo dele. Daí estava claro que ele não ia matá-lo, certo? Por sorte, o Viajante não aguentou a sessão de tortura. Mas fica claro que o trio está pouco eficiente, ainda mais quando se nota a divisão de papéis entre eles: um mistura verbena e wolfsbane; o outro tortura. Mais uma vez, precisa de mais de uma pessoa? Claramente, tem muita gente para pouca função. 

É óbvio que digo isso pelo lado objetivo. Pela análise dos fatos. Existem personagens queridos por nós que estão em situação lamentável, sem fazer coisa alguma. É triste, mas tem que ser comentado. Caroline, por exemplo, por mais que sempre seja responsável por vários momentos de humor na série, anda subaproveitada. Quer dizer, ela aparece em uma cena com Enzo, para repetir aquela parceria à la Klaroline, ajuda um ou outro personagem, mas acaba falhando em funções maiores, como a de matar o doppelganger.  Não deixo de gostar muito da personagem por esse motivo, apenas me queixo desses problemas de roteiro. Ela, pelo menos, recebeu mais atenção que a média. Talvez até para enfatizar sua amizade com Stefan, e também estimular a fome dos shippers.

E como falar de TVD e não citar os casais, não é mesmo? Gente, juro que eu não queria comentar isso toda semana. Mas como sempre digo, uma porção considerável da série é sobre casais, então sou obrigado a escrever sobre essa parte. Não porque o assunto é agradável ou porque me entusiasmo de maneira positiva quando o assunto é romance. É porque bate uma revolta tão grande, que preciso desabafar. Review também é “válvula de escape”. Sessão de terapia mesmo. Porque não aguento mais.

Como vocês devem saber (ou não), não sou muito interessado em ship. “Então por que você se declara Delena?”, poderiam dizer. Primeiramente, eu tenho que agradecer aos shippers pela nomenclatura. Quando se escreve sobre o assunto, é muito mais fácil se referir ao casal com uma só palavra do que algo como “Damon & Elena”. Sério, amo isso. Em segundo lugar, sou Delena porque simplesmente gosto mais do Damon, pois acho ele menos “certinho”, mais prático e menos romântico. Consequentemente, por gostar mais do personagem é que apoio o casal. Contudo, se ele ficasse com outra mulher, está ótimo para mim. Seria até melhor. Como eu expliquei na semana passada, eles estão estragando o personagem por conta desse romance. E em momentos de vacas magras, onde o roteiro não está funcionando e os personagens é que nos seguram semanalmente, fazer-nos desgostar de um deles é um luxo que a série não pode manter. Ou seja, em relação a pergunta que estabelecemos no começo do texto sobre o que estragou, se no núcleo coadjuvante da série o defeito está no roteiro, no núcleo principal o problema são os personagens. Só acrescentaram mimimi.

Quando recapitulo toda a história do trio, com sire bond, desligamento e tudo mais, e me lembro de várias cenas pseudo-românticas, fico com vergonha. Não é essa TVD que eu recomendei para todo mundo. Lembrou até Gossip Girl (não me julguem, só vi três temporadas). Tudo porque Julie Plec e companhia continuam "cozinhando" o triângulo amoroso, e só eles acreditam que deve continuar assim. Uma prova da obsessão por ships de Plec, encontra-se abaixo:


Embora o tweet seja em tom de brincadeira, não deixa de ter um fundo de verdade. Ela valoriza demais os ships na série, tanto que foi capaz de inventar Defan e Denzo. E o pior é que Dries e ela acreditam que estão fazendo um trabalho impecável, como se ainda acreditassem que o público quer ver mais triângulo amoroso e mais romance. Tenho certeza de que assim como não importo se Elena ficar com o Stefan, quem é Stelena não vai se importar se for o contrário, da mesma forma que os amigos citados nesse texto, que não gostam do Damon, também não se incomodariam. O que todo mundo quer é o fim disso tudo.

Não costumo comparar séries, e sei que a maioria dos leitores detesta isso, mas utilizarei duas apenas como exemplo. The Good Wife, atualmente também em sua quinta temporada, encerrou de vez por todas o triângulo amoroso, que nem chegou a ser o plot central da série. Reign, parceira de emissora de TVD, por outro lado, resolveu em 13 episódios em sua primeira temporada. Nenhuma delas sentiu desfalque nos números de audiência. Já TVD vê seus números caírem para um preocupante 0.7 na demo. Portanto, roteiristas, vale a pena arriscar!

São cenas como a do final do episódio 20, em que Damon beija Elena, que dão raiva. Na primeira vez em que eles apareciam como um casal que não combinam mais (em termos de ideais), mas não conseguem ficar longe um do outro, eu comprei a ideia, e até achei divertido. Porém, não dá para fazer isso todo episódio.

Mas nada dá mais raiva que os plots furados da série. O primeiro arco, o de Silas, foi maravilhoso. Muitos de nós acreditávamos que a série estaria encaminhando para sua melhor fase. Nina Dobrev teve a chance de mostrar mais uma vez o seu talento, assim como Paul Wesley estava visivelmente animado com seu papel de vilão. No período, não havia furos de mitologia tão absurdos. Tudo era justificável. Mas o arco durou pouco, muito pouco. O mesmo ocorreu com o de Augustine e, provavelmente, ocorrerá com o arco dos Viajantes (acrescente aqui qualquer piada sem graça sobre ejaculação precoce).

Tudo parece muito volátil, muito pouco elaborado. Augustine nem comento mais. Porque da história toda só sobrou o Enzo; todo o resto foi descartado, como se nunca tivesse existido. A dos Viajantes chegou a um nível... estranho. No começo, pensei que o sangue dos doppelgangers seria o equivalente à cura, trama da quarta temporada. Depois, ao revelarem as consequências, pareceu apenas outra forma de matar vampiros mais rapidamente, mesmo que o feitiço esteja objetivando atingir bruxos. Os Viajantes continuando sendo alvos fáceis, o que me faz pensar que essa trama também seja resolvida ainda mais rápido que as anteriores, ainda mais porque o final de temporada se aproxima. Tudo vai depender de como os roteiristas vão desenvolver esse plot, se esse poder nas mãos dos Viajantes resultará em momentos marcantes para TVD.

A temporada, no entanto, não está completamente ruim. Tudo o que se refere ao outro lado está bem interessante, e a destruição do mesmo será um passo importante para a série, uma vez que todo mundo morrerá de verdade e nunca mais aparecerá na série. Até agora, por conta do outro lado, nenhuma morte era definitiva, então nunca nos sentíamos apreensivos em momentos de perigo.

O maior desfalque da série foi e continua sendo Katherine, da qual sempre vamos sentir falta. Na quarta temporada, quando tudo anda a passos de tartaruga, era bons momentos como os de Katherine e dos Originais que salvavam a série. TVD perdeu os dois. Ou melhor, livrou-se deles. Quem sofre somos nós.

P.S.: Na review anterior afirmei que Caroline Dries era Stelena assumida. Porém, meus amigos me avisaram que é um equívoco. Sinceramente, essa mulher é doida.

P.S. 2: Você chegou até aqui, leu tudo? Meus parabéns! Prometo que semana que vem o texto será pequeno.

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