[Review] Game of Thrones 4x06 - The Laws of Gods and Men
Dívidas novas , crimes antigos .
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Dívidas novas, crimes antigos.
Há uma aura épica em torno da
narrativa de Game of Thrones que
muitas vezes foge a qualquer elogio que pudéssemos pensar em fazer, e talvez
seja essa intoxicante força o motivo de tamanha comoção semana após semana
durante e depois da exibição de um novo episódio. Assim, eu posso dizer que The Laws of Gods and Men é o primeiro
momento perfeito desta poderosa quarta temporada, tanto nos quesitos técnicos - montagem, direção, ambientação e atuações -, quanto no apelo dramático, no
entender da série como uma obra que veio sim para redefinir o gênero da
fantasia. Mais uma vez apostando no componente humano esboçado na minuciosa construção
dos seus personagens, ao invés de jogar com as expectativas do público que se
satisfaz com espetáculos visuais vazios, Game
of Thrones posiciona seus trunfos adaptados a dedos da obra original e
consegue com uma eloquente explosão de palavras - num pequeno discurso
memorável -, tornar-se no mais eficiente e sagaz show da TV americana.
Optar pelo enfoque nos diálogos
que mudam ou acrescentam novos detalhes ao panorama da sua ambiciosa trama, não
significa dizer que a série irá nos privar do impacto que, por exemplo, a
primeira visão de Braavos e sua baía consegue causar. Da mesma forma, as
herméticas instalações do Banco de Ferro conferem uma imponência tão
impressionante, que não é surpresa alguma vermos Stannis acuado pela primeira
vez, ao ter o seu empréstimo negado pelos fiadores da temida instituição. A
sequência é uma ótima prévia para os vários acordos, pedidos e encontros em
salões que acontecem durante todo o episódio, dando também um bem-vindo espaço
para Davos finalmente fazer jus ao título de Mão.
No Forte do Pavor, a lembrança de
que Theon ainda tem uma família chega com a tentativa de resgate organizada
pela sua irmã, Yara. Mesmo fora de tom, eu gostei do desenrolar da cena, pois as
consequências da brutal tortura psicológica pela qual Theon passou não
poderiam ter sido mostradas de uma forma mais penosa (para quem ainda sente
pena do cara, claro). Já o destaque dado a Ramsay serviu para nos lembrar de
que ele ainda tem uma missão dada por Roose Bolton - a tomada da fortaleza de
Fosso Cailin - e a tal tarefa designada a Fedor, que deve ajudá-lo a conquistar
este feito.
Daenerys começa seu reinado em
Meereen com mais de duzentas petições em um dia. Abrir o núcleo da Baía dos
Escravos com Drogon caçando pelos campos, antes de ser o causador das
reclamações de um dos muitos peticionários, já dita um pouco do tom pretendido
com essa nova fase imperial da Mãe dos Dragões. Porém, é com a visita do nobre Hizdahr
zo Loraq, que Dany enfrenta pela primeira vez as consequências do sábio alerta
dado por Barristan Selmy antes das crucificações dos Grandes Mestres de
Meereen. Emilia Clarke continua me
surpreendendo na construção de Daenerys e momentos como o leve sobressalto na
postura da personagem diante do pedido de Hizdahr, é fruto de um competente domínio
de cena que deve dar mais força e apelo a jovem Targaryen daqui por diante.
Quando a reunião do Pequeno
Conselho do Rei Tommem tem início com uma despojada reclamação de horário feita
por Oberyn, a gente já sabe que a capital de Westeros vai roubar a cena
novamente. Eu não sei do que eu gostei mais na sequência toda, se das piadas do
Víbora Vermelha com o único ponto fraco dos Imaculados, ou do desdém com que
Tywin tratava Mace Tyrell. Pedro Pascal deve
receber uma merecida indicação nas vindouras premiações desse ano, e o ator não
faz por menos. Cenas como a conversa entre Oberyn e Varys diante do Trono de
Ferro são daqueles momentos que fazem Game
of Thrones bater muita série hypada
sem precisar se esforçar muito.
Mas o nome desta semana mesmo é Peter Dinklage. O esperado julgamento de
Tyrion acontece e a pancada é realmente intensa. Com depoimentos manipulados
cuidadosamente por Cersei, as diversas testemunhas não tem uma palavra que
demova o anão da culpa pelo assassinato de Joffrey, porém Tyrion aguenta cada
acusação de forma impassível. Só quando Shae surpreende o próprio acusado com
uma confissão humilhante é que a bomba emocional é acionada. Todo o ódio que
Tyrion destila em cada uma daquelas pessoas é comovente e ao mesmo tempo
catártico. A expressão de Dinklage ao
rugir o seu mais antigo crime - ser um anão - é de arrepiar e dá um nó na garganta.
Ao abrir mão da lei dos homens e optar por um julgamento por combate, Tyrion
desafia o seu pai uma última vez e Game
of Thrones nos faz sofrer desesperadamente pelo próximo domingo que, neste
exato momento, nunca pareceu tão distante. Fantástico meus caros, fantástico.
P.S.: Varys, o jogador mais esperto de Westeros junto de Mindinho.
P.S.2: Não só Tyrion me comoveu nesse episódio, como também toda a
campanha lançada por Jaime para salvar o irmão. Nikolaj Coster-Waldau é outro atorzão que faz uma dobradinha
fantástica com Peter Dinklage.