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[Review] Game of Thrones 4x01 - Two Swords

Todas as dívidas serão pagas.


Todas as dívidas serão pagas.

Sempre que uma nova temporada de Game of Thrones se inicia é praticamente impossível mensurar o burburinho em torno dela, afinal, por mais que os haters de plantão tentem diminuir o valor da superprodução da HBO, não há como negar que estamos sim diante do maior fenômeno televisivo no ar. O sombrio fim do terceiro ano com eventos que provavelmente ecoarão por muito tempo em toda a história da série continua em pauta pelos Sete Reinos, e a chegada emblemática de alguns personagens tão propensos a feitos mortais quanto os Lannister já adiantam que o clima em Porto Real – sabiamente referenciada como a capital das mentiras – desenterrará intrigas mais antigas do que aquelas que resultaram no fatídico Casamento Vermelho. Logo, nem é surpresa para ninguém que o forte da série tome conta dessa primeira hora: diálogos ágeis e inspirados, somados a uma direção de arte tão austera e embasbacante que o velho lema “It’s Not TV, It’s HBO” é a única coisa que vem a mente diante de tanto cuidado.

Com uma não tão comum cold open ao som de The Rains Of Castamere, somos levados à forja das duas espadas que dão título ao episódio. É impossível segurar os arrepios ao ver um dos emblemas de Ned Stark sendo destruído para dar origem a duas lâminas Lannister, e o orgulho no olhar de Tywin diante do feito é ainda mais assombroso. Dito isto, é quase um consenso que não há nada mais empolgante do que ter todos os Lannister juntos em um mesmo lugar, e só para reforçar a animação que gira em torno das possibilidades que isto abre, basta usarmos uma das três cenas protagonizadas pela família dourada, falo do encontro de Jaime com o pai. Já vimos Tywin colocar Cersei e Tyrion nos seus respectivos lugares sem nem precisar levantar a voz, mas assistir o papa Lannister fazer o mesmo com Jaime foi tão impactante quanto.

Como um fã de As Crônicas de Gelo e Fogo também, confesso a vocês que Jaime é para mim o personagem mais complexo da obra e a série não vem fazendo diferente quando olhamos para essa construção. Não existem saídas fáceis para os dramas dele e esse ar de imprevisibilidade em torno das suas escolhas dá um nó na nossa própria percepção de certo ou errado. Jaime é apaixonado pela irmã gêmea e todos os títulos de escárnio como “regicida”, “quebrador de promessas”, etc., são frutos da devoção que ele sempre teve por Cersei. Daí, na primeira vez em que os dois amantes se separam surge outra mulher que é o oposto de tudo aquilo que Cersei representa, esta é Brienne. Eu fico muito feliz de ver personagens tão carismáticos ganhando camadas sem precisar de firulas e mesmo com pouco tempo de tela, dá para perceber que na história de Jaime serão Brienne e Cersei as duas espadas entre as quais ele terá de escolher. A primeira representando uma lâmina com fios de honra e justiça, já a segunda ainda movida pelos fios da ambição.

Quando se fala de diplomacia em Game of Thrones, Tyrion e sua lábia são os primeiros nomes que despontam na série. Só que desta vez coube ao sempre espirituoso e sacana Bronn a tarefa de abrir os olhos do filho mais novo de Tywin. Diverti-me bastante com as trocas de farpas entre os dois e mais ainda do cinismo com que Bronn trata todo e qualquer mal entendido. A chegada dos Martell de Lançassolar tendo Tyrion como principal representante da corte de Joffrey na recepção abriu as portas para primeira aparição do príncipe Oberyn, encarnado magistralmente pelo ator Pedro Pascal. Assim, adianto que se um personagem já chega driblando o duende não se pode esperar nada menos impactante do que nos foi mostrado. Oberyn é esguio, persuasivo e parece ter toda uma agenda preparada para por em prática durante a sua estadia na capital. A sutileza com a qual ele utiliza um dos principais lemas dos Lannister ao seu favor já dita o tom das suas pretensões em Porto Real, e elas são no mínimo animadoras.

Se estamos numa época gloriosa para os Lannister, o mesmo não se pode dizer dos Stark. Sansa continua representando o luto pelo esfacelamento da sua família – numa toada chata para alguns, porém bastante justa se pararmos para pensar em tudo pelo que a jovem já passou – e parece ter encontrado alguns aliados improváveis, ainda que nada mereça confiança a primeira vista em Porto Real. Já Jon Snow assume na Muralha uma posição que, pelo menos a meu ver, começa a fazer jus ao número de fãs que ele tem. Resta saber se o pequeno contingente de patrulheiros será capaz de enfrentar a horda de selvagens que agora ganha um peculiar grupo de canibais para somar aos já temíveis integrantes do povo de Ygritte.

Felizmente – ou não – Arya continua sendo a única Stark disposta a trilhar o caminho menos conveniente para fazer justiça a sua família. A dupla que a garota protagoniza ao lado do Cão de Caça é mais um dos atrativos que faz de Game of Thrones um verdadeiro espetáculo e por mais que seja triste ver uma menina assassinar friamente um dos algozes de sua extensa lista de vingança, existem tantos pormenores envolvidos no feito que a violenta sequência surge mais necessária do que qualquer outro evento durante o episódio.

Bem longe de Westeros, na Baía dos Escravos, Daenerys continua sua jornada (interminável) em busca de um exército, tonando-se mais uma vez na trama mais avulsa de toda a saga. Os três dragões da jovem Targaryen ainda é o maior atrativo da caminhada sem fim e, para ser sincero, a julgar pelo tamanho das feras, eu já estaria buscando uma forma de domá-las, mesmo com Sor Jorah dizendo ser impossível. Sim, eu li os livros e até sei onde tudo vai chegar, mas assim como outras excelentes adaptações já feitas pela série, espero que os roteiristas deem uma agilizada na história da Mãe dos Dragões, que parece não ter saído do lugar desde o famoso “Dracarys!” da temporada passada.

Relativamente calma e apostando mais na força dos seus personagens do que em qualquer outra coisa, Game of Thrones retorna para um ano que promete escancarar a parcela mais sombria da história pensada por George R.R. Martin. Se todos os homens merecem mesmo morrer, eu não sei. Mas que uma grande parte deles não chega ao fim desse quarto ano, é quase certo. Estejam preparados... e avisados.

P.S.: Sobre as adaptações que eu mencionei, saibam que todos os Lannister juntos em Porto Real foi algo que aconteceu nos livros tardiamente, porém na série adiantaram isto de uma forma brilhante.

P.S. 2: Uma pequena cena com a Rainha dos Espinhos já me deixa bastante feliz, diga-se de passagem.

P.S. 3: Vamos lá, mudaram o Daario Naharis e não, eu não aprovei o ator. Que fizessem a mudança com alguém que pelo menos lembrasse o outro cara. Bola fora hein produção?

P.S. 4: Tá, eu relevo a mudança quando olho a beleza que são os três filhos alados de Daenerys. De encher os olhos aquela sequência com o Drogon todo marrento. 

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