[Fica a Dica] Filme: Persona - Quando Duas Mulheres Pecam
http://siteloggado.blogspot.com/2014/04/fica-dica-filme-persona-quando-duas.html
Existem certos filmes que eu tenho um pouco de receio de comentar. Para alguns, é por causa do nome que carregam, na qualidade de clássico do cinema que influencia gerações e gerações de cineastas e cinéfilos. Para outros, é por causa do número imenso de possíveis interpretações que podem contradizer ou inadequar a minha própria. E ainda há aqueles que são tão cerebrais que o menor dos detalhes pode ser um spoiler. E quando um filme consegue nos desconcertar tanto que acaba entrando em todas essas três categorias? Este filme só poderia ser Persona - Quando Duas Mulheres Pecam (1966), um dos grandes clássicos do mestre Ingmar Bergman.
Persona retrata a história da jovem enfermeira Alma, brilhantemente interpretada por Bibi Andersson, que torna-se responsável por cuidar de Elizabeth Vogler (papel de Liv Ullmann, que mais tarde se tornaria uma das maiores e mais aclamadas musas de Bergman), uma atriz que está com a saúde muito boa, mas recusa-se a falar. Passando muito tempo juntas, Alma acaba por revelar seus segredos e por mergulhar na personalidade de Elizabeth. E esse é o máximo que ouso revelar da trama.
Persona é por muitos considerado como um drama psicológico e um terror modernista. É difícil caracterizar este filme genial e impactante; a alcunha de um dos melhores filmes do século XX (quiçá um dos melhores filmes já feitos) por si só deveria ser o suficiente, mas Persona vai muito além disso. Com uma direção estilística e poderosa e com frases, cenas e momentos poderosos, num dos melhores roteiros já escritos por Bergman (o que, convenhamos, é lá alguma coisa), é certo que esta obra-prima de um dos maiores mestres do cinema vai mexer o espectador com suas reflexões sobre vida, sociedade, personalidade e horror.
Nas palavras do próprio Bergman, "com Persona - e mais tarde com Gritos e Sussurros - eu fui o mais longe que poderia", e, nas palavras dos fãs, "tudo o que se disser sobre Persona poderá ser contradito, pois o oposto também será verdade". Este foi meu primeiro filme do diretor e, com um soco no estômago, me apresentou ao mundo reflexivo, existencialista e intelectual de emoções mistas e filosofia que Bergman criou com sua filmografia, bem como seu amor gigantesco pela arte de fazer cinema. Em pouco mais que 80 minutos, esta obra minimalista consegue cativar e assustar, tornando-se obrigatória para todos os amantes de cinema. É impossível não sair da sessão um pouquinho transformado que seja, e aterrorizado também.