[Review] Sherlock 3x03 - His Last Vow (Season Finale)
“ Human error .”
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“Human error.”
Sherlock tem um tempo de meia-vida tão curto para o padrão de qualidade que a série agrega enquanto está no ar, que bate até uma torcida por um número maior de episódios, após uma obra de arte tão bem escrita e dirigida como His Last Vow. Claro que eu sei e entendo que é justo este formato que imprime a excelência do programa, e é por isto mesmo que logo eu me contento com o que temos, o que já é um verdadeiro presente.
As finales de Sherlock sempre trazem aquele clima tenso e sufocante que não são característica da série, porém mexem com o status quo da mesma. Aqui, a aparição do repugnante Charles Augustus Magnussen (vivido brilhantemente pelo ator dinamarquês Lars Mikkelsen) trás várias obsessões de Sherlock à tona, abrindo também um espaço para entendermos mais sobre Mary que, diga-se de passagem, conseguiu ser a melhor coadjuvante da série desde a sua estreia. O roteiro de Moffat também justifica de forma totalmente plausível o comportamento descuidado do detetive (motivos de críticas nos outros dois episódios) até aqui, humanizando ainda mais o detetive e consequentemente, todo o ambiente a sua volta.
Um mês se passou desde o
casamento de Watson e Mary, porém foi o suficiente para muita coisa mudar. A
escolha de brincar com o vício do personagem original, ao colocar Sherlock
infiltrado numa cracolândia de
Londres foi excelente, e explicou o sumiço do detetive desde o casamento do
melhor amigo. Mais surpreendente ainda, foi descobrirmos que Sherlock engatou
mesmo um romance com Janine a partir do bico de “consultor amoroso” na festa. As
gags criadas com as reações de Watson
(Martin Freeman é genuinamente
engraçado) foram impagáveis, mas este clima mais leve só durou até descobrirmos
que toda a condição de Sherlock era mesmo parte de um perigoso caso, como ele
disse desde o começo.
Produzir um vilão cuja principal
arma é o conhecimento – CAM ser dono de vários jornais foi uma crítica nenhum
pouco velada por parte do Moffat –
sendo seu nickname nada mais do que "the Napoleon of blackmail", foi
simplesmente genial. Todas as aparições dele nos trouxeram a mesma sensação de
nojo visível na expressão das suas vítimas e quando Mycroft alerta Sherlock do
perigo que ele está correndo ao se meter com CAM, têm mais do que uma simples medida
preventiva embutida no pedido. Sim, é quando encontramos Mary prestes a
assassinar o vilão, sendo capaz de atirar no próprio Sherlock para seguir com o
seu plano, que a repercussão de tudo fica bem mais clara para gente. O mind palace time que se segue ao evento do
tiro – praticamente uma experiência de quase morte no estilo Sherlock –, me
tirou o fôlego e me emocionou de verdade. O motivo? Toda a relação de Watson e
Mary colocada numa balança.
Palmas novamente para Martin Freeman e Amanda Abbington. O casal deu um show de interpretação e é
praticamente impossível segurar as lágrimas quando eles se reconciliam depois
que Sherlock esclarece todo o passado de Mary como uma ex-agente da CIA. Outro
trunfo do roteiro está na incrível cena da Baker Street onde o próprio Watson
tem sua vida revelada para ele mesmo, pelas duas pessoas que mais ama. O tal human error que Sherlock evoca para
justificar seu sucesso e sua frieza numa investigação se aplica tanto ao
detetive quanto a Mary, e é Watson o maior link
que eles têm com seu lado humano. O “erro” que eles sempre serão incapazes de
negar.
O fim de CAM foi relativamente
simples, mas casou direitinho com a trama, pois todo o mistério envolvendo os
cofres do Appledore usou o conceito do mind
palace, o que dá mais uma prova do cuidado que Moffat e Gatiss têm com a
história que querem contar. Eu me surpreendi com o cliffhanger da vez, mas para ser sincero, o achei bem deslocado de
toda a trama, o que não quer dizer que eu veja problema ou não queira o retorno
de Moriarty para mais um embate épico contra Sherlock. A resposta para o “did you miss me?” do vilão é sim! É
estranho dizer isto, mas para quê mentir, não é mesmo? E vocês, prontos para
outra espiral de loucura em janeiro do ano que vem?
P.S.: O natal da família Holmes foi sensacional. Quero mais espaço
para mama Holmes na próxima temporada.
P.S. 2: A reação da Janine ao descobrir que foi enganada até pareceu
contida. Claro, eu queria ver mais apelidos carinhosos e ainda torço por um
Sherlock apaixonado de verdade futuramente.
P.S. 3: “Sherlock
is actually a girl's name”. Sherlock, o melhor troll de todos.