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[Review] Sherlock 3x01 - The Empty Hearse

“ Just a magic trick. ”


Just a magic trick.

Poucas são as séries atuais que podem ser tidas como unanimidade entre a comunidade seriadora e, para falar a verdade, poucas são as que demonstram um compromisso para com o telespectador, que faça jus à tal alcunha. Quando Sherlock se despediu há dois anos, ela já se encontrava no hall das produções irretocáveis, afinal o trabalho de Steven Moffat e Mark Gatiss com a obra de Sir Arthur Conan Doyle realocou a figura do detetive mais peculiar e icônico de Londres no imaginário popular. A voz retumbante do agora astro Benedict Cumberbatch e o gaguejar expressivo do divertido Martin Freeman, foram capazes de conferir aos novos Sherlock e Watson, respectivamente, uma vivacidade contemporânea, capaz de agradar até os fãs mais xiitas do detetive. E se The Reichenbach Fall deixou um justificável frenesi de incredulidade com o cliffhanger impressionante da última despedida promovida pela série, The Empty Hearse conseguiu ser ainda mais genial ao brincar com todas as possibilidades criadas por um familiar grupo de adoradores, que bem poderiam ter um (ou todos nós) como integrantes afiliados.

Dois anos após o “suicídio” de Sherlock, encontramos seus amigos e conhecidos mais próximos no modo “I´ve moved on” e já numa bem vinda cena de abertura, Anderson narra para Lestrade, mais uma teoria sobre como Sherlock deve ter escapado da morte. Confesso que por mais fantástica que tenha sido, a ideia do corpo do Moriarty com uma máscara do Sherlock e toda a operação escandalosa para fazer Watson cair no plano, seria a minha escolha como explicação. O porquê de tudo, no entanto, foi facilmente explicitado. A rede criminosa criada por Moriarty, não teria fim apenas com a morte dele e a única forma que o detetive tinha de acabar com o sistema sem ser notado seria morrendo como o próprio vilão havia planejado. A sequência na Sérvia com Mycroft convocando o irmão mais uma vez foi mais uma deixa para o tom que o episódio assumiria em toda sua duração.

Só quando Watson aparece pela primeira vez é que por alguns minutos um ar mais sério e dramático toma conta da tela, isto até a Sra. Hudson se mostrar surpresa ao descobrir que o médico está noivo de uma mulher. As brincadeiras com a sexualidade dos dois amigos é outro toque de gênio que o roteiro de Gatiss sempre estabelece de forma orgânica. O esperado reencontro dos dois é sem sombra de dúvidas uma das primeiras sequências dignas de nota em 2014. Todo o deslocar de Sherlock para criar o elemento surpresa no restaurante me fez rir demais – o sotaque francês estava hilário – e o que me deixou mais feliz é que, pela primeira vez, não trouxeram uma Mary que se opusesse de cara ao detetive. Sendo assim, já posso dizer que simpatizei e muito com a namorada de Watson, em partes por ela me lembrar bastante a atriz que faz a Brienne de Game of Thrones. A reação do médico foi a esperada, porém a montagem que cortava cada explosão de Watson contra o humor negro e prepotente de Sherlock diante do pesar do amigo é que dinamizou e tornou as tentativas de explicação num jogo espetacular.

Se fosse para reclamar de algo neste retorno eu reservaria alguns parênteses para o caso que promoveu a volta de Sherlock. Não foi o mais inspirado, ou o mais animador, e guardou muitas semelhanças com o clímax do primeiro filme com o Robert Downey Jr. – o nome do Guy Fawkes é tão manjado que foi só a garotinha mencionar ele na fogueira para eu deduzir tudo –, porém se assumirmos o tal ataque terrorista como um belo McGuffin capaz de fazer o detetive voltar as boas com Watson, elogiar e agradecer por toda a ajuda que Molly ofereceu ou mesmo ganhar aquele abraço emocionado do Lestrade, eu nem reclamo.

No fim de tudo a experiência sensorial promovida pela série continua tão marcante quanto antes e o tal “Caixão Vazio” que Anderson tanto alimentou com as teorias mais mirabolantes vai continuar no nosso imaginário, afinal como Sherlock bem lembra a Watson, quem conhece o seu estilo, sabe como ele fez para escapar do salto na sacada do prédio. Gatiss não escolheu a solução mais fácil e vai nos deixar pensando como o próprio Sir Arthur Conan Doyle costumava fazer e, assim, Sherlock faz história mais uma vez.

P.S.: Segunda teoria sobre como Sherlock escapou da morte saída diretamente das fanfics, sim ou claro?! O melhor mesmo foi ver a Sharon Rooney sempre imaginativa como a Rae de My Mad Fat Diary.

P.S. 2: Sem bigode, né Watson? 

P.S. 3: Melhor quot: “Oh please, killing me. That's sooo two years ago."

P.S. 4: No momento, sem teorias para o misterioso vilão.

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