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[Review] American Horror Story: Coven 3x11 - Protect the Coven

Heróis de si mesmos. 


Heróis de si mesmos. 

Todos os tipos de arte abrem margens a inúmeras interpretações, e a idiossincrasia inerente à percepção que cada um tem diante de um determinado produto molda o sucesso ou o fracasso do mesmo. A trajetória de American Horror Story com Coven não vem sendo fácil. Nas últimas semanas, os ataques contra a série aumentaram exponencialmente (fruto da decepção alimentada pelo episódio de retorno) entre os fãs mais fiéis. Eu mesmo não curti o abrupto emaranhado de tramas ruins que se deslizaram no The Magical Delights of Stevie Nicks. Felizmente, basta uma assentada nos tiques nem um pouco saudáveis de Ryan Murphy para a história voltar a fazer um sentido que, pasmem, é mais robusto do que se poderia imaginar. Claro, o fator percepção mencionado anteriormente, continua sendo o trunfo mór para o “funcionar” de Coven e, se o didatismo debochado que a série assumiu neste terceiro ano não colou para você desde o início, não é agora em plena reta final que irá colar. Dito isto, eu já posso eleger Protect the Coven como o episódio mais divertido da antologia, que ao potencializar toda a estrutura frágil e descompromissada do universo criado, faz uma excelente analogia a própria desordem do clã que acompanhamos desde a première.

Foi mais fácil simpatizar com Delphine LaLaurie do que com qualquer outro personagem de Coven, por isto é assustador vermos ela torturar dois criados negros em duas épocas distintas e mesmo assim não conseguir odiá-la. Eu não entendi as reclamações quanto ao repentino surto da sádica. É sério que vocês achavam mesmo que LaLaurie tinha mudado? O excelente monólogo da personagem diante da vítima contemporânea explica direitinho que a maldade e a psicopatia são duas “qualidades” que estiveram com ela desde a infância. LaLaurie simpatiza com Queenie, se importa com Fiona, mas ela é o que é e não quer ser outra coisa. Percebam, também, que a impotência diante do seu status na Academia só a empurra mais e mais para o lado escuro que edificou toda a sua trajetória. Logo, todas as jogadas como a “deliciosa” sopa batizada e a parceria divertidíssima com Spalding não são furos ou retrocessos, mas apenas frutos da maldita relação que ela construiu com todas aquelas mulheres.

Neste mesmo ritmo, a parceria entre Fiona e Marie Laveau finalmente faz jus ao que se espera e não soa mais forçada. Há química ali e daquelas realmente explosivas. Toda a arapuca armada contra os witch hunters é divertida na execução e na interpretação. Eu sei que 90% dos fãs de AHS só têm olhos para Jessica Lange, mas há de se convir que Angela Bassett foi mais do que ela nesta temporada e para o futuro da série, e isto é excelente, afinal, Lange sai ano que vem. Laveau no que eu chamo de instagram time fotografando o sangrento feito da amiga, já é dos momentos mais legais de se ver em Coven. Eu não esperava aquela virada com um massacre digno para qualquer fã de gore e fiquei feliz de verdade com todo o banho de sangue.

Se a carência de cenas realmente pesadas vinha batendo forte, o sacrifício definitivo de Delia supriu qualquer abstinência. Por que não deixaram Sarah Paulson brilhar desde o começo? Delia furando os próprios olhos na nervosa sequência da estufa, me emocionou demais. E o ato heroico nas palavras de Myrtle só evoca mais uma vez a trama central que Coven quis contar desde o começo. Aqui também, eu acho que peguei uma dica definitiva para suplantar minhas suspeitas de que, sim, de alguma forma o quarto ano deve ter algo relacionado com mitologia grega. A menção aos heróis não veio ao acaso e Myrtle mesmo faz referência aos Olimpianos (mais precisamente ao esperma deles), quando se lembra do cheiro de uma figueira (louca é pouco). Como nada em AHS é passível de uma simples interpretação, vale salientar também que o aparente altruísmo de Delia, ao se sacrificar para ter de volta a segunda visão, não a coloca como uma defensora nata do clã, pois, ao se mutilar, a bruxa está antes de qualquer coisa, tentado salvar a si mesma da campanha de humilhação que a falta de poderes parece patrocinar a sua volta.

Chega então o “drama” da Nova Suprema. Não tinha me ligado que as novas habilidades das jovens bruxas da Academia tornam qualquer uma delas numa possível candidata ao posto. Por isto, Madison conseguiu o poder da ressureição, Queenie montou LaLaurie de novo perfeitamente (além de ter sobrevivido a bala de prata), a finada Nan adquiriu o poder de telecinese assim como Misty, que continua presa no caixão, mas deve voltar triunfante e querendo uma conversinha com sua algoz. Logo, por saber que este é o plot principal de Coven, é que eu aceito as críticas negativas. De todas as candidatas que eu citei só me importo mesmo com Misty, e acho que, a esta altura do campeonato, apenas algo muito surpreendente me fará comprar a substituição de Fiona como envolvente e digna de nota. Sendo assim, eu continuo sem criar muitas expectativas e aproveitando o restinho dos delírios lisérgicos montados por Ryan Murphy e companhia.

P.S.: Não me dei ao trabalho de mencionar Zoe e Kyle. Nada e eles é a mesmíssima coisa. Só ri um pouco da histeria pontual da Myrtle ao entregar a “joia mágica da cegueira” para pussycopata.

P.S.2: Benadryl, matando bruxas desde sempre né? Como eu ri da trollagem do Spalding.

P.S.3: A trama do quarto ano irá se passar em 1950 e Jessica Lange anda treinando o sotaque alemão. As possibilidades são inúmeras e animadoras, mas o que me conforta mesmo é saber que voltaremos a ter uma trama de época e não é segredo para ninguém que a melhor temporada de AHS seguiu a mesma linha (cof, cof,... Asylum).

P.S.4: Comunismo, Guerra Fria, Teorias da Conspiração, Alienígenas e algo com Mitologia Grega. Minhas apostas para o tema do quarto ano, resta juntar tudo num só nome.

P.S.5: Neste ano, o mantra para AHS funcionar é: “sem expectativas é mais gostoso”. Tentem usar, funciona.

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