loggado
Carregando...

[Review] Doctor Who - The Time of the Doctor

" Raggedy man... goodnight. "


"Raggedy man... goodnight."

E o relógio bateu doze horas. O final da saga de Matt Smith chegou com a queda do décimo-primeiro. Foi duro para os fãs (eu mesmo incluso) aguardar meses e meses após o anúncio da saída de Smith para poder finalmente testemunhá-la. Mas ninguém poderia prever ou estar preparado para isto. Ninguém poderia imaginar que o Eleventh Doctor se despediria de forma tão alegre. Tão leve. Tão Eleventh.

Eu não posso dizer que não chorei. Na verdade, provavelmente há animaizinhos indefesos se afogando neste momento. Mas, enquanto chorava, também ria. Com a saída do Tenth Doctor eu não ri. E nem poderia, afinal, ele se despediu de forma simplesmente triste, assim como toda sua estadia tinha sido uma das mais trágicas, humanas e entristecedoras de Doctor Who. Tenth roubou minhas lágrimas por sofrer tanto, por passar por tantas injustiças e por jamais ter a vida que queria ao lado de quem amava. Mas Eleventh arrancou meus risos por sair com também um sorriso. Com toda sua aura juvenil e sua alegria honesta e irrepreensível. O Eleventh Doctor. O mais velho de todos, com memórias que o assombraram por mil anos, e o mais jovem também. O mais feliz. O mais vivo. Aquele que odiava finais. Aquele que sofria com a maior das dores escondidas atrás de um sorriso bobo e infantil.

E isso é, em parte, o grande motivo pelo qual assisti The Time Of The Doctor com o coração tão apertado. É impossível não se emocionar com a decadência do Eleventh, com a súbita obrigação que ele tem de enfrentar e abraçar todos os seus medos com a mesma alegria de sempre. Em sua última batalha, Eleventh se vê de frente não só com Daleks, Cybermen, Weeping Angels e o Silêncio. Ele se vê de frente com a completa antítese do que ele foi durante estes quatro - ou duzentos - anos. Ele enfrenta tudo, absolutamente tudo, que tentou não ser - e ainda assim, o faz com um sorriso no rosto. Recebe a morte, e o consequente esquecimento, com um sorriso desesperançoso, resignado. Mas um sorriso mesmo assim. O mesmo sorriso triste de sempre. O mesmo sorriso que se transforma quando vê uma chama de esperança. O mesmo sorriso que salvou milhões de mundos.

Matt Smith encarna o Doutor com genialidade neste especial. Suas várias nuances completam cada momento dos últimos minutos do Eleventh com ainda mais maestria do que o comum. Smith é o Doutor, e mais uma vez prova isso, conseguindo destruir com apenas um olhar ou gesto que demonstram sua fragilidade. Sua simpatia é tão grande e o roteiro tão emocional que as pequenas falhas do episódio são facilmente ignoráveis: a correria para explicar todos os mistérios das temporadas de Smith parece deslocada a princípio, mas logo encontra seu tom, mesmo que acabe deixando um pequeno furo (puramente estético e sem importância, mas que os fãs mais assíduos irão com certeza perceber). E, claro, Clara, como a maravilhosa e empática companion que é, só adiciona emoção, como uma verdadeira amiga e companheira para o Doutor.

Em seus últimos momentos, o Eleventh Doctor abraça a velhice e a morte. Em seus últimos respirares, ele para de fugir. E percebe que a morte é apenas o começo. E "mesmo que tudo desapareça, que tudo o que você é se vá em um momento, como a respiração em um espelho"... Mesmo que o tempo mude, você sempre será o Doutor. E nunca esquecerá. Nós também nunca vamos esquecer do Doutor que você foi, Matt Smith. Nunca vamos esquecer de seus maravilhosos momentos, de sua alegria irradiante. Nós não esqueceremos nenhuma linha disso. Nem um dia. Nós juramos. Nunca vamos esquecer de quem foi o Doutor Maltrapilho. O mais jovem e mais velho de todos. O mais feliz. Boa noite, homem maltrapilho, e adeus.

PS: Os últimos momentos são devastadores. Com uma belíssima participação especial e o ato simbólico da retirada da bow tie, The Time of the Doctor quebra nosso coração pela enésima vez. Mas jamais se esquece do quão alegre e jovial foi, e sempre será, o Eleventh Doctor.
Reviews 7023934165044286937

Postar um comentário Comentários Disqus

Página inicial item