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[Review] American Horror Story: Coven 3x09 - Head

“ Put your heads up. ”


Put your heads up.

O mais impressionante no episódio de Coven dessa semana é que, mesmo ele abraçando definitivamente o teor absurdo e fantástico da temporada, Head pode ser eleito como a hora mais intimista da antologia até aqui. Aos que se importam apenas com o creepyshow, ele diverte e impressiona como nunca, mas para aqueles que sempre buscam nas entrelinhas do subtexto forte e engajado de Ryan Murphy, a emoção desponta fácil, já que a máxima “use a cabeça, não o coração” (ou vice-versa) é brilhantemente inserida à narrativa, com as pinceladas dos desdobramentos imagéticos e metafóricos, que já são característicos da produção. Eu estou falando em trazer a cabeça de LaLaurie - numa entrega soberba de Kathy Bates -, como um ornamento tagarela para o quarto de Queenie, e leia-se tagarela, mas, saibam, a comicidade da situação serviu apenas para dar força à sequência que encerra o instante final da megera como “uma mulher do seu tempo”, algo que os acordes e a letra da canção "Oh Freedom!" mudaram definitivamente.

Sobre tomar os sentimentos como norte ao invés da razão, é que descobrimos toda a história por detrás de Hank e sua profissão como witch hunter. No mesmo conceito de clã e tribo, Hank faz parte de uma sociedade conhecida como Corporação, que vive sob a fachada de uma empresa multinacional, a Delphi Trust. Como Coven também vem contando uma história de pais e filhos, o destino do caçador não poderia ser diferente e é engraçado notar que os sentimentos verdadeiros que Hank sente por Delia são frutos da identificação, já que assim como a bruxa passou anos tentando fazer jus à posição da mãe, ele esteve da mesma forma ligado ao seu pai, o chefão da Corporação. Toda a costura da trama foi excelente, fechando e abrindo alguns desdobramentos, como os responsáveis pelo ataque a Delia (sim, foram os witch hunters) e a futura trégua entre Marie Laveau e Fiona, respectivamente.

O extremismo das descendentes de Salem voltou a bater na porta da Academia com a vingança de Myrtle contra os seus antigos companheiros do Conselho. Eu não me canso de elogiar a bruxa mais histérica de Coven, e aqui não seria diferente. Fazer Delia voltar a enxergar dando de “presente” os olhos de Quentin e Pemby é um exagero permitido, pois não deve existir alguém que não ame Frances Conroy contando piadas sobre colher de geleia como potencial arma letal ou mesmo ver um desmembramento básico, todo conduzido na base da alegria pela bruxa. O que dá pra pescar, mesmo diante da aparente aleatoriedade, é que o retorno permitido por Misty muda as pessoas mais do que conseguimos notar. Myrtle foi o maior exemplo até aqui.

A estreita relação que se formou entre Luke e Nan também vai direto à temática do episódio, que ainda trás a figura de Joan como catalisadora de tudo relacionado a fé, razão e emoção. Pode parecer que a teoria sobre a nova Suprema tenha sido revogada com o aparente fim de Luke, mas tenho certeza que veremos mais dos Ramsey que justifique sua importância na série. Um pouco do passado de Joan também ganhou espaço de tela e quero ver mais daquilo ali, pois nada em American Horror Story vem ao acaso.

Ao voltarmos para LaLaurie e Queenie, podemos apreciar e aplaudir de pé a genialidade do roteiro de Tim Minear. Kathy Bates é dona de uma empatia assombrosa e, o que deveria ter sido uma das vilãs mais terríveis da série, é hoje a personagem mais adorada por todos. Os ensinamentos sobre a cultura negra que Queenie trás com clássicos cinematográficos de seis horas de duração e o desespero de LaLaurie ao descobrir o feito foram hilários. Mesmo se recusando a evoluir, é inegável a transformação que toda a amizade torta criada com Queenie trouxe para as suas concepções, e a poesia está justo aqui. Só com a cabeça, sem corpo e consequentemente sem coração, LaLaurie se abre numa pesarosa tentativa de controlar as lágrimas diante da canção que a avó de Queenie tanto amava. Quero mesmo saber, quem não se emocionou com a cena?

"Oh Freedom!" ainda embalou o ataque de Hank ao Cornrow City que deixou um banho de sangue como cliffhanger até o retorno da série no dia 08 de janeiro. Foi um verdadeiro espetáculo, construído minuciosamente pela capacidade mágica que AHS tem de abraçar o que é e não é limitação na sua narrativa. Estou feliz sim e muito orgulhoso, por não desistir dela assim tão fácil.

P.S.: Mas é claro que a gente só precisava de uma mãozinha da Suprema para ganharmos um Kyle melhorado. Fiona rules!

P.S.2: Todo mundo pedindo por mais cenas entre Delia e Misty. Foi explosão de fofura em cena.

P.S.3: Se a cena no Cornrow City entre Fiona e Marie Laveau foi mais um teaser para as futuras sequências entre as duas, só podemos esperar diálogos épicos.

P.S.4: Bonequinho de voodoo. Se só faltava isto para o caldeirão mágico de Coven, não falta mais. 

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