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[Review] American Horror Story: Coven 3x08 - The Sacred Taking

“ Must be the season of the witch. ”


Must be the season of the witch.

Que presentão foi esse The Sacred Taking; confesso que já faziam algumas semanas que eu vinha pensando em desistir de procurar sentido e excelência em Coven. Não que a temporada estivesse ruim, mas na verdade ela permaneceu bem aquém das expectativas por um bom tempo. Os motivos? Semana após semana, estávamos vendo pequenos esquetes de horror que pouco se conectavam, ou entregavam a unidade que foi característica de American Horror Story nos seus dois primeiros anos. Estamos assim com mais da metade da temporada em andamento e nada de pingos nos “i”, trama principal, ou algo para dizer “é isto que Coven quer contar”. Claro, quando bem montada, uma história não precisa de linearidade para se sustentar, porém o enredo até aqui esteve tão frágil que batia até uma tristeza se botássemos o histórico da série na balança. Ryan Murphy é esse gênio contemporâneo capaz de criar míticos diálogos para o elenco sempre invejável que ele consegue reunir, e talvez fosse esta dose de perspicácia que tivesse fazendo falta à série. Pois bem, titia Ryan voltou para o barco de New Orleans, e uma de suas maiores musas entregou o que esperamos por sete episódios: o show chamado Jessica Lange.

Com o clã enfrentando uma verdadeira crise, coube a mudada Cordelia reunir suas garotas e por em ação o plano de extermínio contra a própria mãe. O principal acerto de The Sacred Taking foi criar a primeira hora de Coven, onde todo o seu elenco esteve voltado para uma storyline central: o mistério da nova Suprema, o fim da própria Fiona e o futuro das descendentes de Salem. Outra qualidade gritante é que o texto de Ryan Murphy conseguiu ser leve e emocionante na medida certa. Mas antes de dedicarmos um momento especial para nossa Fiona - que teve parte no emotivo espetáculo entregue por Jessica Lange - vou abrir um parênteses para falar de outra atriz/personagem especial: Frances Conroy e sua Myrtle Snow.

Fruto de mais um resgate promovido pela fofíssima Misty, o retorno de Myrtle, caiu como uma luva para os planos de Delia. O trabalho que Frances Conroy vem fazendo com a bruxa vintage é mais um presente que se esconde por detrás das aparentes aleatoriedades de AHS. Desde a primeira aparição dela - após o tratamento com a lama mágica de Misty - falando que quase foi pisoteada pelo witch hunter, até comentários épicos como “ela já ressuscitou mais gente que Jesus Cristo”, fica quase impossível não abrir um sorriso diante do empenho inspirado com que Conroy dá vida à Myrtle. A bruxa também traz à tona o ritual sagrado para promover a ascensão da nova Suprema e o fim da antiga. É aqui que, mais uma vez, Alfonso Gomez-Rejon mostra o porquê de ser um dos diretores mais promissores do atual escalão da TV. A trilha incidental, auxiliada pela estilizada visita ao passado de Salem - fazendo rima a uma cena semelhante a da première - é espetacular e de encher os olhos. Myrtle também não esconde o seu desgosto com as capas cheirando a naftalina e o divertido momento em que ela mostra toda a sua condescendência com suas antepassadas obrigadas a cruzar o país em carroças; já nasce emblemático e verdadeiramente genial.

O impasse principal quanto ao ritual é que, para ele funcionar, a antiga Suprema deve cometer um suicídio altruísta. A diversão já estava garantida só em pensarmos na possibilidade de Fiona fazer algo do gênero. Sim, foram cenas fortes e até penosas, mas carregadas de um humor velado e involuntário. Ou vão dizer que vocês não riram do temor de Misty em ser a Suprema, ou mesmo da sensacional cena em que Madison revela que está de volta para Fiona? O show proporcionado por Jessica Lange começou aqui, e Rejon esteve com suas câmeras a postos para captar tudo. Sem dúvidas todo o discurso sobre o câncer e solidão que Myrtle usou como chantagem emocional, para induzir Fiona a se matar, está entre um dos melhores momentos de Coven. A cena foi frenética, mas ao mesmo tempo trouxe um ar de sobriedade que esteve ausente durante a temporada. Ver as duas atrizes se digladiando em cena com um texto tão genuíno, me lembrou de que isto é um eco surgido lá na Murder House, quando Constance e Moira ainda eram apenas um começo.

Quando o elenco jovem funciona, é porque algo vai bem. Achei a interação entre Madison, Zoe, Nan e Misty promissora. É certo que Kyle continua lá só pra justificar o Evan Peters no elenco, mas se não me incomodou, eu fico é feliz. As tiradas de Madison continuam épicas e foram elas que levaram Nan até Luke. Esta parte da trama pareceu bem aleatória para alguns, porém vem surgindo interessantíssimas teorias sobre a possibilidade de o vizinho boa praça ser um bruxo e possivelmente a nova Suprema (ou o novo, né?). Faz algum sentido e deixaria alguns pontos da temporada bem menos exagerados. Como o fato de Luke e sua mãe não se impressionarem com os poderes das garotas da academia, ou mesmo para justificar a obsessão pela purificação que a mãe carola tem. Outra coisa que não escapou aos olhos mais atentos foi a aparente recuperação de Fiona logo após Luke levar o tiro junto da mãe. Não sei vocês, mas se isto se concretizar, a temporada vai ganhar ainda mais pontos no quesito surpresa para mim.

Fiona cai penosamente e se reergue como uma verdadeira motherfucker. Mais palmas lentas para Jessica Lange, pois eu não consigo definir que outra atriz consegue ser tão incrível desse jeito. A ajudinha de Spalding fez todo o sentido na história da série e a retomada oficial de Fiona ao posto de Suprema, não poderia ter sido menos marcante. Acho que vale uma menção para expressão de todas as garotas diante dos sarcásticos comentários sobre a ação com o ritual, porém o que marcou mesmo foi o diálogo entre ela e Cordelia na cozinha. A dobradinha de Fiona funciona com todo mundo mesmo.


Pelos cantos de New Orleans, o voodoo foi só um mero coadjuvante neste episódio. Sim, a gente não esqueceu que a missão de Hank foi patrocinada por Marie Laveau, e ele foi a ameaça silenciosa aqui. A voodoo queen também chegou aos extremos com LaLaurie, como bem adianta a cena final de The Sacred Taking, só que o que realmente bate a porta agora é a tal guerra anunciada por Queenie logo na cold open. É voodoo contra feitiçaria agora, mas, sinceramente, eu não sei que lado escolher, quero é ver New Orleans pegar fogo. 
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