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[Resenha] O Hobbit

Numa toca no chão vivia um hobbit.


Numa toca no chão vivia um hobbit.

Assim começa o que seria a primeira aventura de uma das maiores lendas já criadas. Baseado em histórias de ninar que contava para seus filhos, Tolkien criou uma das narrativas de fantasia mais empolgantes e encantadoras de todos os tempos, que influenciou e continua a influenciar a literatura fantástica. 

O Hobbit parte de uma premissa básica e bastante simples: um grupo de anões pretende roubar o ouro e o trono de um dragão, e para isso recrutam um hobbit - pequenas criaturas do calmo e plácido Condado - para realizar a tarefa. Ao contrário do denso e sombrio O Senhor dos Anéis, O Hobbit segue uma narrativa bastante leve e despretensiosa, cheia de humor e momentos de deslumbramento infantil que também agradam aos adultos. O grupo enfrenta no caminho várias criaturas, muitas delas pouco ameaçadoras e/ou atrapalhadas, que adicionam ao clima bobinho e inocente da aventura e praticamente dão a luz à fórmula de fantasia que reverberaria nos próximos anos em muitas outras obras, como As Crônicas de Nárnia, Harry Potter, entre outras.

Também diferente de Senhor dos Anéis é a pretensão da história: com um estilo muito mais leve, despojado e convencional, O Hobbit traz uma leitura fácil e divertida, usando sua mitologia sem se aprofundar e sem oferecer explicações longas. É uma alegria a mais para as histórias de Tolkien, que costumam ser pesadas e detalhistas, mas aqui rendem uma aventura descompromissada tanto para quem já é fã quanto para quem está chegando à Terra-média agora. É Terra-média para quem não gosta de Terra-média: um livro fácil e rítmico, e uma introdução genial para a densa mitologia que viria vinte anos depois.

Com o segundo filme da saga estreando nos cinemas, não podemos deixar de comentar: será que o material vale para uma trilogia? Não tenho certeza - apesar de ter adorado Uma Viagem Inesperada, há motivos para ceticismo. Ainda não pude ver A Desolação de Smaug, mas, seja como for, o primeiro filme, mesmo enrolado e com um ritmo inconstante, conseguiu capturar pelo menos uma centelha do deslumbramento e das mil maravilhas bombardeadas pelo livro. E, mesmo que a qualidade do filme ainda seja tópico de debate, não se pode negar que saímos de nossas sessões com o coração um pouquinho mais quente que seja.

Com muito mais magia, mais cores, mais surpresas e mais luzes, Tolkien cria em O Hobbit a obra perfeita para encantar crianças e adultos por gerações. Apresentando inúmeras criaturas que hoje parecem vívidas de tão intrinsecamente emaranhadas na cultura popular - elfos, orcs, aranhas e lobos gigantes, trolls, goblins, dragões -, o livro é um festival cheio de encantamento, que nunca se esquece da densidade de seus personagens. Criando situações engraçadas, aterrorizantes e emocionantes, O Hobbit é um dos melhores e mais encantadores livros de fantasia já feitos. Como já disse o jornal britânico The Sunday Times, "o mundo está dividido entre aqueles que já leram O Hobbit e Senhor dos Anéis e aqueles que não leram". Pegue seu melhor lenço e use sua imaginação: esta aventura vai arrebatar mesmo os mais céticos.

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