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[Review] Masters of Sex 1x03 - Standard Deviation

Uma esclarecedora visita ao passado.


Uma esclarecedora visita ao passado.

De onde veio essa pretensão em estudar a sexualidade humana? Por que um respeitado obstetra, bem casado e bem sucedido estaria disposto em arriscar sua carreira por algo tão envolto em mantos de preconceito? São com estes questionamentos que Standard Deviation nos leva a uma viagem ao passado.

Antes de se tornar o Masters que conhecemos, um jovem - mas já determinado - estava prestes a iniciar sua vida profissional. Ele poderia sonhar com o dinheiro e o status que a profissão poderia lhe dar, mas ao invés disso, tomou como objetivo um único ponto em seu futuro: o estudo da fisiologia sexual humana. Mas o interessante aqui não se limita a determinação visualizada no rosto daquele jovem, mas o que o levou a ser a pessoa em que se tornou e que atende por um nome: Scully. Neste episódio pudemos entender toda a proximidade, ainda que velada, vinda da parte do reitor para com Masters. "Torne-se um obstetra de uma renomada instituição, case-se, seja respeitado e, assim, você conseguirá tudo o que quiser". Foi com a benção e o direcionamento de Scully que Masters chegou exatamente ao que nos foi apresentado desde o primeiro episódio. Surpreendente? No mínimo.

No bordel, as coisas ocorreram de maneira mais calma. Fomos basicamente familiarizados com a rotina do lugar e daquelas que fazem parte daquele universo. Em meio a shows de orgasmos fingidos e verdadeiras histórias de terror familiar, vemos Masters se desesperar por tantos desvios presentes em seu estudo. Lésbicas, prostitutas, inibição sexual e... gays. Se a época já era difícil para mulheres consideradas completamente inseridas em uma sociedade normal, o que dizer do nível de preconceito atribuído a homens que, além de garotos de programa, eram homossexuais? O tom de crítica esteve presente em todo o episódio através da própria figura de Bill que, mesmo com a cabeça aberta para muitas coisas, discriminou e condenou os rapazes pela "anomalia sexual" apresentada. E o que pensar quando um destes rapazes já teve relações com um respeitado profissional, pai de família, casado, e um exemplo para Masters? Quem diria que Scully, o defensor da moral e dos bons costumes, andou pulando a cerca? E com rapazes. A cena toda foi bem emotiva, e mesmo que tenha sido de cortar o coração para Bill, acabou havendo o outro lado da moeda, garantindo o retorno dos estudos para o hospital. Muito ainda virá depois de tantas revelações assim.

E a esposa de Bill está, finalmente, grávida. Libby se humilhou tanto e serviu ao marido como uma verdadeira escrava, que Gini deu uma de "intrometida" (podemos chamá-la assim?) e contou toda a verdade sobre a história da esterilidade. Achei um pouco precipitado da parte dela, e até desnecessário em certo ponto, mas ao ver a reação de Libby, até achei que as coisas iriam logo pegar fogo. Me enganei profundamente. De repente, como um milagre, a esposa exemplar engravida e vemos um novo retrocesso para a personagem, que volta a rastejar aos pés de Masters mesmo sabendo toda a verdade. No entanto, algo ainda me deixa com uma pulga atrás da orelha.

A gravidez de Libby veio num momento muito "oportuno", se é que me entendem. A esposa havia acabado de saber sobre toda a verdade, e ficou furiosa em um nível jamais visto antes. E se ela tiver de certa forma se vingado, indo buscar apoio nos braços de outra pessoa? O filho poderia ser de outro homem? Outro ponto que, para mim, reforça toda a estranheza da situação é... Ethan. O aprendiz ficou totalmente desajustado com o fato de Bill ter "roubado" seu caso dos quádruplos e, de acordo com o que vimos até agora, Ethan é capaz de ir ao extremo para conseguir tudo o que deseja. Quando Libby pediu para que o marido se afastasse do seu tratamento, tudo ficou nas mãos de Ethan. O capuz cervical, método utilizado em Libby, estava sendo realizado de forma a aproximar os espermatozoides - quase inexistentes - de Masters do útero da esposa. Pode ser loucura da minha parte, mas será que Ethan não alterou o material biológico de Masters? Será que ele não quis mostrar que seu orientador não é o único dotado do poder dos milagres? O que mais uma vez nos leva à pergunta: será que este filho é de Masters? Veremos.

Gini teve seu momento mais coadjuvante até agora, o que não rouba o brilho da personagem. Apesar de poucos holofotes, a assistente de Masters teve momentos precisos neste episódio, e que fizeram toda a diferença. Além de ter sido ela a contar a Libby sobre a mentira de seu chefe, Virginia esteve no centro da chegada da nova médica ao Hospital. Mais um momento em que Masters of Sex sabe bem como aproveitar e retratar os preconceitos da época. Não sei bem a que veio a dra. DePaul, mas se seu propósito em Standard Deviation foi o de escrachar a crítica a situação, eu já gostei. Como não se enojar com as próprias mulheres escanteando a obstetra pelo fato de ela também ser mulher? Betty foi outra que esteve mais quieta, mas não perdeu a chance de espetar cada um que pudesse. Espetou Masters para que ele pudesse fazer sua cirurgia, e ainda espetou Virginia jogando na cara dela o quanto a "admiração" por Masters já passou disso há muito tempo. Seu maior trunfo é falar a verdade sem medidas, e alguém como ela já se mostrou extremamente essencial para a trama.

Num episódio mais brando e ainda assim cheio de grandes revelações, Masters of Sex mantém com maestria sua proposta. Os estudos estão indo cada vez mais a fundo nos problemas da sociedade da época que, coincidentemente - e infelizmente - ainda refletem na nossa atualidade.

P.S. 1: Uma pena que Betty não tenha conseguido sucesso na cirurgia...

P.S. 2: Teremos que aguentar Libby chamando Masters de "Papaizinho" pra o resto de nossas vidas? Por favor, não. Eu imploro.

P.S. 3: A série ganhou abertura! *-*

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