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[Crítica] Wolverine - Imortal


Wolverine - Imortal tem uma série de fatores que beneficiam seu sucesso entre o público e, talvez, um dos principais deles seja a baixa expectativa que havia em torno do filme. Em meio a produções de heróis cercadas de bons pensamentos prévios como Homem de Ferro 3 ou O Homem de Aço, esta aqui chegou com um pouco menos de alarde, ainda que com os bons resultados comerciais de todos os lançamentos do sub-gênero de heróis nos últimos anos, e cumpre a missão de ser um filme bom e ágil no universo Marvel, mas infelizmente não caminha muito além disso.

Colocando a câmera nas mãos de James Mangold (responsável pelo excelente e pouco reconhecido Os Indomáveis e também pelo ótimo e já mais reconhecido Johnny&June), para tentar apagar as más impressões deixadas por X-Men Origens: Wolverine, esta nova aventura do herói simplesmente esquece sua jornada solo anterior, e tece muito mais relações com a trilogia original dos X-Men, mas na verdade é feito para funcionar como um filme único e que pode gerar suas continuações.

Logan (Hugh Jackman) surge agora no Japão, em meio ao atentado nuclear em Nagasaki. O herói salva a vida de um membro do exército japonês, e este nota que, após Logan ferir-se com queimaduras para salvá-lo, imediatamente sua pele se recupera. Muitos anos depois, este mesmo salvador surge num Japão já modernizado e após os eventos que o afetaram em X-Men: O Confronto Final, quando é convidado por uma jovem até então desconhecida, Yuko (Rila Fukushima), que viremos a descobrir ser dotada de poderes sobrenaturais. Yuko é a responsável por levar Logan até a mansão de seu avô, Yashida (Hal Yamanouchi), que está envelhecido e doente, mas muitos anos atrás havia sido o oficial salvo por um certo herói com garras e uma inimaginável resistência, e atualmente busca utilizar sua riqueza para convencer o protagonista a ceder parte de seus poderes em função da própria cura. Mas nosso herói, vivendo diversas crises pessoais, não aceita a proposta. Quando presencia a morte de Yashida com um pedido de proteção a sua neta, Mariko (Tao Okamoto), Wolverine tomará para si a mensagem e a protegerá, envolvendo-se assim em diversos perigos, especialmente pelo fato do aparente esgotamento de sua resistência imortal, e com isso corre riscos tanto para si próprio, já que nomes poderosos estão atrás de suas habilidades, enquanto deve proteger a herdeira de Yashida.

Durante sua missão de proteção à Mariko, temos um Logan dividido entre suas duas personalidades: Na fragilidade pelos dramas que vive, com a memória de Jean sempre voltando a sua mente através de flashbacks e os riscos por sua resistência estar aparentemente esgotando-se, enquanto deve transparecer para a jovem que mantém o controle da situação, impondo-se como a figura que é, especialmente nos conflitos físicos. Em relação a isto, a interpretação de Hugh Jackman surge como o principal mérito para o personagem como vemos aqui, já que - como já comprovou em Os Miseráveis - sabe atuar bem num drama e como comprova há vários anos, funciona muito bem nos embates físicos quando toma o papel do herói, ainda que com a idade avançada, tenho uma certa impressão de que Jackman nunca esteve tão convincente nas cenas de ação como neste longa. Mas, nestas duas nuances, James Mangold não faz o melhor trabalho que poderia; como citado no segundo parágrafo, o diretor recebe a principal missão de fazer o público esquecer-se do fracasso anterior e somente lembrar-se de Wolverine - Imortal com satisfação, mas é somente para isso que ele está aí, como um típico diretor contratado de estúdio, competente nas cenas de ação e mediano nas cenas dramáticas, mas que nunca deixa sua marca. Falta também comunicação do diretor com a montagem, que em grande parte das vezes insere os flashbacks com Jean Grey na hora errada, o que é uma pena pela importância destes para o desenvolvimento do protagonista.

Dividindo-se ainda entre os acertos da criação de personificações da vilania que realmente oferecem riscos ao herói, especialmente pelo fato de ele nunca ter estado tão vulnerável, e errando feio na inserção da nova mutante asiática, Yuko, que fica esquecida durante boa parte do segundo ato da projeção, Wolverine - Imortal tem um prato cheio para todos os que apreciam uma abordagem séria do universo heroico, cheio de cenas de ação bem conduzidas que, apesar de pecarem pela falta de violência, que não transmite o lado selvagem do herói, funcionam muito bem como um todo e não deixam o filme perder o ritmo ou tornar-se arrastado, todas elas - com exceção daquelas que representam o desfecho da trama - com uma construção bastante sóbria, sem muitos excessos nos efeitos sonoros ou visuais em cena, mas somente com um confronto puramente físico entre Wolverine e seus desafiantes com uma edição de som realista - em especial naquela sequência acima do trem - e pontuais entradas da boa trilha sonora do filme. Infelizmente, toda essa sobriedade não apresenta-se nas últimas cenas da película que apostam em excessos para formar uma espécie de "batalha final" para o herói nesta aventura.

Em síntese, Wolverine - Imortal traz uma profundidade ao seu personagem-título que ainda não havia comparecido nas telonas e talvez seja o que o torna mais interessante - aliado à suas cenas de ação -, mas seus diversos problemas acabam tornando-o um ótimo divertimento facilmente esquecível, e que talvez se tornaria apático se não contasse com toda a personalidade de Hugh Jackman para voltar a viver o herói.

E antes que passe em branco: Há uma excelente cena pós-créditos.
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