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[Review] Mad Men 6x11/12 - Favors/The Quality of Mercy

As consequências sempre chegam uma hora ou outra.


As consequências sempre chegam uma hora ou outra.

6x11 - Favors


Em sua reta final, a sexta temporada de Mad Men resolve finalmente colocar Don em uma situação em que ele sofre por seus atos. Ninguém melhor que Sally, a filha "que se parece" com o pai, para colocá-lo em xeque. No final das contas, Favors mostrou que Don Draper não pode fazer tudo o que quer sem que se pague um preço. Em sua busca por interromper esse vazio interior, ele consegue ser egoísta o suficiente para esquecer que suas ações influenciam na vida de pessoas ao seu redor. Penso que para Sally já vinha sendo construído um cenário desde a temporada passada para esse momento. A filha de Don finalmente presenciou uma das versões do pai que ainda não conhecia, e talvez só agora é que ela passe a de fato compreender quem é Don Draper. A questão é que é difícil não imaginar como ela deverá rejeitar Don após conhecê-lo melhor.

Por outro lado vimos uma "evolução" na convivência entre Don e Ted. Durante o episódio, Don buscou uma alternativa para salvar o filho de Sylvia de ir para a guerra. E nessa tentativa de ganhar a atenção da amante ele quase coloca a principal conta da agência sem risco. Aqui fica claro que a impulsividade do protagonista manda nele, tornando o publicitário uma pessoa imprevisível. Quem salvou a reunião com a Chevy foi Ted, e curiosamente foi dele que saiu a solução para ajudar o filho de Sylvia. Para isso Don teve que deixar o ego de lado entrar em acordo com o colega de trabalho. Assim, Ted consegue o respeito que tanto quer ter no trabalho. Vale lembrar que ele não é isento de problemas pessoais, como foi mostrado no episódio, isso talvez explique porque ele anseia tanto para ter um ambiente melhor na agência.

Quem também ganhou atenção novamente foi Peter. As tramas dele na temporada continuam sendo bem interessantes. É sempre bom ver ele e Peggy tendo conversas sinceras sobre tudo o que já viveram. A cena no restaurante foi muito bem escrita e mostra quão complexos são esses dois. Peter ainda teve que lidar novamente com sua mãe, e se mostrou imaturo de novo ao pensar em dispensar o enfermeiro dela. O resultado foi ouvir duras palavras da mãe que são mais um sinal de o porquê Peter é assim hoje. Outro ponto interessante foi a conversa com Bob, onde Peter logo o dispensou, mas o comportamento de Bob ainda deve ser melhor explorado, ele consegue ser um bom manipulador, e mesmo tendo que esconder sua homossexualidade, dificilmente ele terá o mesmo destino que Salvatore teve algumas temporadas atrás. Bob é esperto, vamos ver o que aguarda o final da temporada para ele. Quanto a Peggy, ela apareceu pouco, mas é triste vê-la sozinha na companhia de um gato. Não sei se o destino de Peggy é a solidão, mas de qualquer forma nenhum relacionamento dela deu certo ultimamente.

Enfim, Favors foi mais um excelente episódio. Explorou não apenas a relação de Don consigo mesmo, mas a relação dele com as pessoas que ele afeta. Como Sally vai se comportar diante disso ainda é um mistério, porém vamos ver como Don vai lidar com isso, afinal é raro ver ele ter que se responsabilizar por seus atos. Mad Men caminha para mais um grande fim de temporada, só resta aguardar pelos eventos que estão chegando.


6x12 - The Quality of Mercy



Monstro ou não, Don tem sérios problemas.

Há um episódio da season finale Mad Men lança a questão que vinha sendo trabalhada desde o começo da temporada: Quem é Don Draper, afinal? As palavras jogadas por Peggy ao fim do episódio são verdadeiras? Não é fácil dizer "sim" ou "não" aqui. Don Draper pode muitas vezes ser um monstro, mas ele não é só isso.

Antes de comentar o protagonista, vamos as outras tramas mostradas no episódio, a começar pelo excelente plot de Peter e Bob. Bob realmente cresceu durante a temporada, e foi se tornando importante. Neste episódio foi realmente provado que ele é uma espécie sim de Don Draper, só não esperava que tivessem tanto em comum. Nada mais apropriado do que aquele que descobriu por primeiro o segredo de Don, descobrisse a verdade sobre Bob. E foi muito interessante ver Peter reconhecendo que "não há o que fazer" contra as pessoas que são como Don. Peter, apesar, preferiu deixar Bob afastado, mas não tentou mais demiti-lo, ele percebeu que apenas sofreria outra derrota diante dos sócios que não iriam deixar Bob perder o emprego. Emprego conquistado de maneira muito semelhante a de Don.

Foi correto também continuar o caminho de Sally. A menina está chocada com o comportamento do pai, mas é feito um paralelo mostrando como ela consegue manipular as situações a seu favor, assim como Don Draper faz no trabalho ou na vida. Ela sabia perfeitamente que Glen agiria em sua defesa a qualquer custo, e toda sua expedição nesse colégio interno acabou sendo do jeito que ela quis. Ficou explicita a falta de fé de Sally na figura do pai, e ao que tudo indica, a menina caminha para a rebeldia, e Don tem uma grande parcela de culpa nisso.

Podemos ver que, mesmo ausente de algumas tramas, Don esteve indiretamente presente. Seja com Sally, ou com Peter. E nas duas tramas a visão que se tem dele não é nada boa, por um lado é a do Don manipulador, e por outro o do pai sem moral, má influência para a filha. Para piorar, onde ele esteve diretamente envolvido, ele também não foi bem. Megan finalmente demonstra sinais de impaciência e Don não parece se importar. O casamento dos dois já é um caso perdido, só falta sabermos quem vai abrir mão primeiro.

No trabalho, nosso protagonista faz outro movimento egoísta. Ao se sentir incomodado com a proximidade entre Peggy e Ted, Don faz o possível para desconstruir a relação deles, pegar a conta que deixa a imagem de Ted com os clientes ruim e deixar o "colega de trabalho" em situação constrangedora em plena reunião com um importante cliente. Isso só faz crescer a já grande indignação de Peggy com Don, que conseguiu fazer Ted evitá-la.

Volto então às palavras que Peggy disse a Don no fim do episódio. Não há como negar que elas têm fundamento. Don é um monstro, basta ver seus atos durante tantos anos. Basta ver seu comportamento como marido, pai e no trabalho. Basta ver como Peter evitou o conflito com alguém parecido com Donald Draper, que nem nome verdadeiro do protagonista é. Porém, ao que deve essa monstruosidade dele? A série de eventos que já presenciamos na vida do publicitário. Don sofreu e se tornou um homem infeliz e egoísta. Isso não justifica seus atos, e não o isenta de culpa, mas explica seu comportamento. Se sentir no controle de tudo faz parte da personalidade dele, e as pessoa ao seu redor pagam por isso. A indignação de Peggy é só mais uma, existe a de Peter, a de Megan, a de Sally e de tantos outros. A previsão de onde tudo isso vai dar é bem ruim, a certeza é a de que, se Don sair de cena, outro ocupará o seu lugar, alguém igual a ele.

Considerações Finais

- Fico por aqui, até a review da Season Finale. Uma curiosidade sobre este episódio: Foi o primeiro na temporada que Matthew Weiner não foi creditado entre os roteiristas, ainda sim foi mais um excelente episódio. E não, não vejo motivos para dar menos que 10 para esta série.
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