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[Crítica] Universidade Monstros


Embora lançado cerca de doze anos após o excelente Monstros S.A., Universidade Monstros passa-se anos antes de seu original, quando os já conhecidos e adorados do público, James P. Sullivan (John Goodman) e Mike Wasowski (Billy Crystal) ainda estão na universidade, preparando-se para o crescimento que os levará à empresa que dá nome ao primeiro filme. O fato do projeto lançado neste 21 de Junho nos cinemas brasileiros ter a função de um prelúdio, também representa a tentativa da Pixar em humanizar ainda mais seus protagonistas, quando após retratá-los na rotina do trabalho, agora os insere na rotina de estudos da faculdade e todos os principais desencadeamentos vividos nesta fase da vida, provocando uma nova identificação do público com estes personagens.

Observando também o maior funcionamento cômico de Mike Wasowski no longa de 2001, justifica-se a aposta de cedê-lo mais importância na trama do prelúdio, tornando-o caracterizado como um protagonista maior do que seu colega Sullivan, ainda que o grandalhão siga em importância como metade da dupla, é nítido o maior foco em Wasowski na estória, que narra sua jornada do sonho de poder trabalhar na Monstros S.A. como um assustador - conceito apresentado no primeiro filme - e para isso ele se matricula na principal universidade do mundo monstruoso, a Universidade Monstros, e decide cursar o programa de sustos e demonstrando grande paixão no aprendizado de toda a teoria e filosofia de assustar - como considerado pelo próprio -, mas enfrentando as dificuldades de simplesmente não ser uma figura assustadora - e talvez por isso compense com tantos estudos.

Enquanto isso, James P. Sullivan também passa a frequentar o mesmo curso, mas diferentemente do esforçado Mike, Sullivan não leva os estudos muito a sério justamente por já ser naturalmente uma figura imponente, e ainda descobrimos que Sullivan é filho de um glorioso assustador, o que o torna ainda mais popular e cria uma certa inveja por parte do monstrinho verde. Mas o grande conflito partirá do momento em que a dupla acaba sendo expulsa do curso pela diretora por terem causado uma confusão ao ficar fazendo - sim - um duelo de rugidos enquanto a classe estava em prova, e para isso terão que se unir, apesar das diferenças, para conseguir ganhar uma competição e voltar ao curso, seja pelo fato de ser com o que sonham ou para honrar seu orgulho. Partindo destas motivações, fica a difícil missão a Dan Scanlon, Daniel Gerson e Robert L. Baird de produzir um roteiro realmente original, mas esta não parece ser a maior de suas preocupações.

Com isso, Wasowski e Sullivan acabam tendo de se juntar ao tradicional grupo dos por vezes considerados "underdogs", ou os alunos menos populares, para adentrar na competição, tendo que se unir e - mais uma vez - esquecer as diferenças e dificuldades para vencer as equipes que são claramente mais fortes e populares. A trama está cheia de lições de moral, como claramente se percebe somente observando sua breve premissa, mas isso é algo comum em longas mais voltados ao público infantil, e que funcionam se bem dosadas, de modo que funcionem também para o público mais maduro, como a Pixar sempre fez com maestria, porém eu não tentarei aqui traçar uma linha comparativa de Universidade Monstros com a trajetória da Pixar, afinal, seria uma tremenda injustiça comparar a mesma desde a continuação de Carros com a saudosa empresa que rendeu obras como a trilogia Toy Story, Ratatouille e Up - Altas Aventuras, entre outros, mas se Universidade Monstros funcionasse dentro de seus moldes, certamente seria eficiente.

O problema é que o longa dirigido por Scanlon sequer preocupa-se em criar dificuldades para a descoberta de qual equipe se sagrará vitoriosa, por exemplo, ou em lembrar-se de não inserir o homem das neves do primeiro filme em determinada cena sem perceber que isso seria um tremendo erro de continuidade em relação aos eventos do mesmo. Ainda contando com uma abordagem bastante típica de filmes "de universidade" - frequentemente comédias adolescentes - com a divisão de grupos por popularidade, as competições, a figura da autoridade educacional como ameaça, entre outros elementos, porém com uma maior inocência para abordá-los, justamente por não ser uma comédia adolescente, mas sim infantil.

Com o apreço técnico já conhecido das produções Pixar, que se torna ainda mais admirável devido à adição de ainda mais monstros para serem detalhadamente construídos, mas com o mal uso da terceira dimensão que não tem muita influência em relação à profundidade e escurece muito a fotografia do longa, Universidade Monstros consegue apresentar alguns novos personagens divertidos e manter a personalidade dos já conhecidos, mas enfrentando dificuldades para atribui-los uma jornada de evolução para suas personalidades nos eventos posteriores e já presenciados pelo público - como mais percebido em Randall, que aqui é uma figura simpática e adquire caráter de vilania próximo ao final sem motivos concretos -, Universidade Monstros vale-se mais da vivência de uma simpática e divertida - ainda que mais para o público infantil - nova aventura ao lado de personagens que aprendemos a apreciar do que de suas qualidades como um longa individual.
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