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[Crítica] Além da Escuridão - Star Trek


Além da Escuridão - Star Trek é um projeto que se diferencia de toda uma geração que por vezes utiliza a ficção-científica como uma criação fabulosa, que buscava ser um escape completo da realidade, já que honra a franquia a que pertence ao, além do universo ficcional, inserir debates certeiros sobre temas complexos e essenciais a nossa sociedade, cumprindo o objetivo artístico que tantos outros almejam ao criar uma história completamente ficcional, mas com uma visão clara e inteligente da sociedade a qual pertence. É definitivamente uma grande obra.

Confesso que ainda não havia tido a experiência de ir a uma pré-estreia, escolhi o longa do qual aqui tratamos por estar entre as grandes estreias que mais me chamava atenção, e fiquei feliz com a escolha. O longa de J.J. Abrams começa com uma batalha num planeta primitivo, de uma fotografia que impressiona ao concentrar uma exuberante quantidade de cores no mesmo campo de filmagem, mas esta tem a funcionalidade narrativa de colocar Spock (Zachary Quinto) correndo riscos de morte e o capitão Kirk (Chris Pine) entre a decisão de quebrar os protocolos para salvá-lo ou segui-los e consequentemente deixá-lo morrer, como o próprio, sempre muito regrado, aconselha. A decisão de Kirk é a mais humana e mais emocional, ficando com a opção de salvar Spock para a decepção do próprio, e embora estes ocorridos não tenham influência direta para o decorrer da trama principal, serão de influência fundamental para a evolução dramática e decisões de suas personagens durante seu desenvolvimento.

Por conta do relatório de Spock, Kirk perde o comando da Enterprise, que agora ficaria com o experiente Christopher Pike (Bruce Greenwood), mas após um ataque do misterioso John Harrison (Benedict Cumberbatch) que leva Pike a morte, a imponência de Kirk e Spock voltam ao controle da Enterprise para a busca de Harrison, que não vou conseguir evitar revelar que na verdade é Khan, e assim o tratarei a partir de agora. O que atribui ainda mais força a história deste Star Trek não é apenas o embate mais eficiente gerado pela imponência impressionante de seu vilão, que se já era um vilão cruel na interpretação de Ricardo Montalban há 31 anos atrás no excelente Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan, aqui só teve a ganhar com a frieza cruel do hipnotizante Benedict Cumberbatch, que torna os conflitos mais reais e arriscados para seus protagonistas.

E o mesmo Khan é também o vilão responsável por parte deste levantamento das questões sociais abordadas, pois entre seus objetivos de destruição está a manutenção da espécie superior, que humanamente moveu tantos movimentos que geraram guerras e conflitos na realidade, uma crítica pertinente em qualquer momento de nossa existência. Khan está disposto a liderar um genocídio. Bem como são interessantes as questões em relação a humanidade e as decisões em que o emocional supera o racional que partem desta, e isto é o diferencial entre Kirk e Spock, um humano e o outro não, e o que ainda torna Khan algo mais inesperado entre eles, visto que ele é um humano, mas sua frieza em busca de seus interesses superam qualquer tipo de sentimento, o que o torna uma ameaça ainda maior.

Mas é claro que não bastaria se não contasse com uma base fantasiosa forte por trás, e Além da Escuridão - Star Trek pode confiar em sua base, sob a supervisão atenta de J.J. Abrams, que claramente é um fã de toda a franquia Star Trek e utiliza-se bem de referências ao já citado Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan com, por exemplo, a cena em que Kirk está próximo de sua morte com um Spock finalmente sentimental a sua frente, somente com a troca de papéis entre o capitão e seu primeiro oficial em relação ao longa de 1982. Abrams é um dos responsáveis pela volta da força atual da ficção científica, com suas criações em Lost e Fringe, entre outras, que o levaram ao Cinema, onde além de resgatar a franquia estelar, ainda resgatou a ficção científica clássica com seu Super 8, e agora cineasta está vindo por aí com um novo Star Wars. Nas cenas de ação a direção de Abrams também satisfaz, com um dinamismo que não se torna confuso, e em especial num embate nas alturas entre as forças de Khan e Spock, além de em especial a utilização excelente do IMAX e da terceira dimensão, que proporcionam uma imersão ainda maior a sua fantasia.

Quando podemos nos considerar no clímax do longa, surgem os pontos em que os aspectos técnicos do mesmo atingem a maior classe, com os belíssimos planos abertos de claríssima fotografia de Daniel Mindel nos conflitos dentro da Enterprise sofrendo os ataques de Khan, em que deixam espaço para a edição de som trabalhar bem na barulheira da nave, e logo após abrem espaço para a igualmente excelente trilha sonora de Michael Giacchino surgir nas cenas silenciosas do espaço, com uma fotografia que vai se escurecendo para atingir os tons sombrios da nave tomada por Khan, eficientes no estabelecimento claro entre os heróis e o vilão que não deixam de estar presentes no filme. 

Agora sim, chegando ao seu desfecho, redondo e conclusivo com simplicidade e eficiência, há sentimento presente com o final desta película, que é, acima de tudo, humana. E um baita filme.


Vida longa e próspera a você, leitor!

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