[Review] Mad Men 6x03 - The Collaborators
" Encontre seus próprios pecados. "
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"Encontre seus próprios pecados."
Nesta semana tivemos mais um excelente episódio de Mad Men. Mantendo o foco em Don e no que foi apresentado na premiere, mas também dando destaque a outros personagens ainda não foram explorados na atual temporada, The Collaborators trabalhou com questões que devem ter força no sexto ano da série. Entre elas, mais embates entre Peter e Don; Peggy e seus dilemas éticos, agora como concorrente da SCDP; a lenta ruína do casamento de Don e Megan; e Peter sempre tentando ser como Draper.
Começo a review comentando sobre Peter Campbell. É incrível o azar natural de Peter na tentativa de se sentir "o cara". Assim como Don Draper, Peter também estava tendo um caso com a mulher do vizinho. Mas como todos nós sabemos, Peter não é Don e nunca será. Com o caso descoberto por Trudy, a paciência dela com o marido acabou. Afinal não foram as vezes que Trudy teve que tolerar ofensas, descasos e humilhações de Campbell. Ao perceber que dessa vez a esposa realmente o queria longe, Peter novamente a desdenhou. No trabalho, preferiu ignorar isso e passar a impressão de ser bem sucedido para Bob, o toma-notas, que está sendo um curioso detalhe nesta temporada. Como ele mesmo disse ao funcionário, tudo é uma questão de como "as coisas aparentam ser". E assim é Peter, alguém que tenta fingir ser quem não é. Insistindo em erros como não compreender as conversas entre Don e Roger, e nem dar valor a filosofia de Don para com seus clientes a imaturidade se mantem. Mesmo não sendo o mais amado dos personagens de Mad Men, Peter continua como um dos mais interessantes.
Uma das mais amadas com certeza é Peggy Olson. Mas não por seus subordinados. Em seu novo emprego, é visível sua falta de percepção em como lidar com seus redatores. Na tentativa de ser mais afável com eles, ela acaba, sem perceber, humilhando os coitados. Esse comportamento é muito característico de Don Draper, e Peggy herdou isso. Diferente de Peter, que se esforça para ser como Don, Peggy já é muito parecida com o ex-chefe e deve superá-lo, sendo uma profissional ainda melhor, mas nem por isso a pessoa mais agradável de se conviver.
Neste episódio ela teve que lidar com a questão de ser certo ou não usar uma informação passada extraoficialmente por Stan a seu favor. Se por um lado é anti-ético atrair a Ketchup para sua agência, com ajuda de uma conversa informal com o amigo, por outro é a chance de mostrar para Raymond e sua Heinz Beans que foi um grande erro ele ter desprezado suas ideias temporada passada. Peggy não resiste a isso e vai em frente, manipulada por seu novo chefe, na tentativa de ganhar uma conta que provavelmente causará efeitos colaterais nada bons para ela e sua relação com os amigos da SCDP. Se você, como eu, aguarda uma cena entre Don e Peggy nessa temporada, tenho o palpite que um dos melhores momentos desse ano será entre os dois.
Chegamos a Don. Em contraponto ao azar de Peter, vemos tudo dar certo para o diretor de criação. Bem, certo em partes, se por um lado seu affair com Sylvia conta com a ajuda do destino, como na cena do jantar, seu relacionamento com Megan está bem ruim. O fato da atriz levar dias para contar a Don sobre o aborto prova isso. A distância entre eles é enorme, mas as aparências enganam. Quanto ao seu caso, os flashbacks desse episódio tentam explicar um pouco mais a relação de Don com as mulheres. O publicitário conviveu com a infidelidade desde muito cedo, o que explica seu comportamento atual. Ter visto a prostituição de perto também não deve ter sido uma influência boa para ele. Como saber se ao dar dinheiro a Sylvia, ele não se sente comprando a presença dela? Sylvia não deve ter nem noção disso, mas também pouco se importa, pois se se importasse (não se importa em se sentir culpada em estar com Don, nem mesmo ao saber pela própria Megan sobre o aborto), talvez Don nem tivesse interesse nela. É em relacionamentos vazios que Don busca preencher seu próprio vazio. Ele não tem nem condições de lidar com a esposa pós-aborto, e a falta de vontade o convence a sentar no chão e esperar um pouco antes de entrar em casa. Como a prostituta havia lhe dito no flashback, Don acabou encontrando "seus próprios pecados".
Já na agência, Don defendeu seu ponto de vista quanto ouviu a proposta de Herb. Foi para rir, a cena em que ele apresenta a ideia de Herb como se fosse sua aos outros executivos da Jaguar. Um detalhe interessante e bem sutil nesse episódio: Don não cumprimenta Herb após de ouvir seu pedido, porém o cumprimenta quando destrói as chances da ideia dele ser aceita pelos outros membros da Montadora. No fim, como sempre, Draper valoriza mais a sua ideia, do que a vontade do cliente, quando esta parecer ser irracional ao seu ver. E Peter fica furioso com isso. Quem disse que Mad Men não consegue fazer rir com o drama?
- Joan sempre marcando presença mesmo quando o episódio não é focado nela. Corte magistral em Herb e uma das melhores cenas do episódio.
- Roger apareceu pouco, mas a questão da morte da mãe foi levemente lembrada. Quem deu o corte aqui foi Don "foi Churchill quem disse isso". As vezes esqueço que Don não gosta muito de Roger.
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