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[Review] Glee 4x18 - Shooting Star

Sob o prisma da inocência.


Sob o prisma da inocência.

É difícil crescer e enxergar o mundo com olhos de quem viu muita coisa cedo demais. É desumano perder aquele sentimento de unidade e segurança que nos afasta de uma realidade que na maioria das vezes é hedionda e imprevisível. Em quatro anos de série, Glee teve como santuário aquela sala de ensaios, e o McKinley mesmo se mostrando duro com os losers que compunham o coral, nunca foi menos que um lar, o ponto de aventuras de uma adolescência em seu auge. Imaginem então que tudo isso veio abaixo em aterrorizantes minutos, que só emularam da forma mais humana e coerente possível o horror enfrentado anualmente por jovens do mundo inteiro.

Aos olhos dos detratores, Shooting Star vai ser só mais um episódio para Ryan Murphy contabilizar polêmicas. Aos nossos olhos, foi o crescimento incomum, mas emocionante, de um programa que nunca teve medo de ousar ao decidir abordar assuntos que infelizmente estão a um pé do nosso dia a dia.

Casualidade foi a palavra que definiu o plot twist da semana. Em um episódio onde Brittany estava fofa, por querer aproveitar o seu tempo com Lord Tubbington (o gato mais megaevil da história), já que um asteroide/meteorito/cometa estava vindo em direção a Lima; onde Ryder teve uma chocante revelação sobre a verdadeira identidade de Katie; onde Coach Beiste declarou seu amor para Will em um jantar saído direto da banheira dos atletas do McKinley, o espírito gleek não poderia ser mais evidente, só que dois disparos ressonantes foram o suficiente para nos jogar em uma emocionada sequência, que destruiu meu coração.

Até as músicas cantadas antes do “tiroteio”, pareciam se encaixar num dia/episódio comum. More Than Words para dose de nonsense e Your Song para vibe romântica. Quando o desespero tocante dos personagens que amamos guiou uma cena silenciosa e ofegante, a não ser pelo incômodo som de um metrônomo, eu fui jogado em outro universo e isso doeu mais do que qualquer outra coisa que eu já tivesse visto o Glee Club enfrentar. Sam e Kitty me deixaram sem chão. Brittany no banheiro também. A única coisa pela qual eu torcia, era pelo fim dos longos minutos naquela escura sala.

O dom de subverter algo tão macabro em outra reviravolta emocionante me fez amar ainda mais a trama de Shooting Star. Todos já se pegaram chorosos pelo menos uma vez com a Sue Sylvester altruísta, e mesmo sem precisar de redenção ela nos surpreendeu novamente. Assumir a culpa de tudo por Becky derrubou qualquer plano diabólico elaborado contra o New Directions. O monólogo que a treinadora sempre dispara quando se sente acuada, também fez sentido pela primeira vez, com Glee pondo o dedo na ferida quando Sue expressa toda a sua descrença para o Diretor Figgins.

Não tem como conseguir de volta algo que se foi para sempre. Perder a visão brilhante do senso de segurança é a marca que todos que estavam no McKinley vão ter, mesmo que tudo tenha sido um mal entendido. Talvez o maior susto de todos, foi perceber que muito tinha sido deixado de lado por nada, e o som de Say para encerrar esse divisor, não poderia ter sido escolhido melhor.

Gleeks gonna gleeks: Kitty já tem o seu tom e minha admiração. As duas piadas com Ryder foram as melhores do episódio.

Gleeks gonna gleeks [2]: O PETA ou o IBAMA não podem ver pelo que Lady Tubbington passou.

Gleeks gonna gleeks [3]: Apostas sobre a identidade de Kate?

Músicas do Episódio:
Your Song (Elton John) – Ryder
More Than Words (Extreme) – Sam e Brittany
Say (John Mayer) – New Directions

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